Dólar fecha em alta com aversão a risco global

Nesta quinta-feira, moeda norte-americana avançou 0,58%, cotada a R$ 5,1157.

Por G1


Notas de dólar — Foto: Gary Cameron/Reuters

O dólar fechou em alta nesta quinta-feira (15), acompanhando um movimento global de aversão a risco em meio a dúvidas sobre a inflação e o crescimento nas principais economias.

A moeda norte-americana subiu 0,58%, vendida a R$ 5,1157. Veja mais cotações.

Na quarta-feira, o dólar fechou em queda de 1,81%, a R$ 5,0861. Na parcial da semana, acumula queda de 2,26% contra o real. No mês, tem avanço de 2,87%. No ano, o recuo é de 1,38%.

O Banco Central realizou leilão de swap tradicional (equivalente à venda futura de dólares) para rolagem de até 15 mil contratos com vencimento em janeiro e maio de 2022.

Cenário

Segundo Alexandre Netto, head de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, esse comportamento refletiu um movimento generalizado de valorização da moeda norte-americana, em meio a uma maior aversão a risco dos investidores.

No exterior, segundo a agência Reuters, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes registrava ganhos, enquanto divisas emergentes pares do real registraram perdas.

Roberto Motta, responsável pela mesa de futuros da Genial Investimentos, explicou à Reuters que os participantes do mercado têm se questionado sobre qual será a trajetória de inflação nos Estados Unidos e quando que o mundo vai reduzir as medidas de estímulo extraordinárias adotadas em meio à pandemia.

Tendo essas dúvidas como pano de fundo, os operadores ficam numa "gangorra" entre bom e mau humor, e "hoje foi um típico dia de aversão a risco", disse Motta.

Embora o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, tenha prometido "apoio poderoso" para ajudar na recuperação econômica dos EUA repetidas vezes, definindo as pressões inflacionárias como transitórias, dados recentes apontam para preços cada vez mais altos na maior economia do mundo.

Ao mesmo tempo em que os temores de superaquecimento ganham força nos Estados Unidos, dados da China - maior parceira comercial do Brasil- apontam para possível tropeço na recuperação econômica.

Números desta quinta-feira mostraram que a segunda maior economia do mundo cresceu um pouco menos do que o esperado no segundo trimestre, pressionada pelos custos mais altos das matérias-primas e por novos surtos de Covid-19.

"Fica um sentimento de que, talvez, o melhor da recuperação econômica já tenha passado", disse Motta, apontando para a decisão recente da China de cortar a taxa de compulsório para os bancos como evidência de que a retomada pode estar comprometida.

Apesar da alta do dólar nesta quinta-feira, a moeda brasileira tem mostrado alguma resistência nos últimos dias, opinou Motta.

Após ajustes nas novas propostas de tributação do governo, "o Brasil voltou a ficar bem nos olhos dos investidores, mas hoje não conseguimos manter o mesmo nível de resiliência que vimos nos ultimos dias" com a contaminação da aversão a risco internacional, explicou.

Ele acrescentou que ainda enxerga fatores de impulso para a moeda local, como a perspectiva de aumento de juros pelo Banco Central, sinais de recuperação do crescimento da economia doméstica e a alta recente nos preços das commodities, que podem levar o dólar de volta abaixo dos R$ 5 no médio prazo.

Relator da reforma do Imposto de Renda conclui texto da proposta

Variação do dólar em 2021 — Foto: Economia G1