Após bater R$ 5, dólar modera alta antes do fechamento do semestre

Com o encerramento da primeira metade do ano, investidores calibram seus cenários olhando os próximos seis meses

Por Marcelo Osakabe e Felipe Saturnino, Valor — São Paulo


Passada a primeira metade do pregão, onde é mais visível a disputa pela formação da Ptax de fim de mês, o dólar comercial passou a devolver parte dos ganhos registrados mais cedo. Pouco depois de 16h10, a moeda americana subia 0,78%, a R$ 4,9808, após máxima em R$ 5,0222.

Divulgada mais cedo, a Ptax para a venda ficou em R$ 5,0022. O valor é usado para regrar contratos de derivativos.

Com o encerramento da primeira metade do ano, investidores calibram seus cenários olhando os próximos seis meses. No mercado de câmbio, uma questão chave será a direção da política monetária nos Estados Unidos.

Nesta tarde, o presidente da regional do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de Dallas, Robert Kaplan, reiterou sua visão de que está próxima a hora de começar a reduzir as compras de títulos (QE, na sigla em inglês). Este é considerado o primeiro passo antes da alta de juros.

Para estrategistas do Commerzbank, a lição do “taper tantrum” de 2013, episódio em que o receio de um aperto monetário nos EUA gerou debandada de ativos de risco global, é que o “perigo real” para as moedas emergentes é a alta de juros em si, não a diminuição do ritmo do QE.

“Desde a última reunião do Fed, em que dirigentes anteciparam a expectativa de altas de juros, os riscos de uma normalização antecipada cresceram consideravelmente”, dizem os profissionais o banco alemão. Eles ponderam que, até o momento, as divisas emergentes têm enfrentado bem a situação, particularmente aquelas cujos bancos centrais já elevaram juros, como é o caso do real, mas também do peso mexicano, por exemplo.

“Apesar disso, a situação está longe de controlada”, alertam. “A maioria desses ativos está protegida por contas externas melhores que em 2013, mas nós pedimos cautela, uma vez que isso provavelmente é algo causado mais pela pandemia - que deprime a demanda doméstica - do que uma dependência estruturalmente menor de capitais”, afirmam.

“Certamente, isso não significa que a situação será como a de 2013 a 2015, onde houve muitos colapsos de divisas. No entanto, vale notar que a reação dependerá não apenas dos juros nesses emergentes, mas também da velocidade com que o Fed eleva suas taxas. E, sobre isso, ainda há bastante incerteza”, acrescentam.

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