A Resistível Ascensão de Arturo Ui
Figura nuclear do universo da criação teatral, Bertolt Brecht propõe
inquestionavelmente um território dramatúrgico e de encenação de permanente
referencia, renovação e contemporaneidade. A Resistível Ascensão de Arturo Ui,
peça que escreveu no contexto da vertebração do nazismo na Alemanha,
estrutura-se como uma parábola onde se estabelece um paralelo entre a
consolidação da carreira do protagonista no mundo dos gangsters americanos e o
percurso do Fuhrer alemão a caminho do poder absoluto, a coberto da retórica e
do exercício do discurso enquanto estratégia politica. Arturo Ui expõe a
violência, a xenofobia e a intolerância como portas para o mais descarado
triunfo da alienação colectiva e dos valores de ordem capitalista. O
economicismo reinante e a crescente disponibilidade da comunicação social para
a valorização do espírito individualista egocêntrico, tornam este texto
inquietantemente contemporâneo.
texto: Bertolt Brecht
tradução: Paula Alexandra Carvalho
encenação: Kuniaki Ida
cenografia: Paulo Oliveira
figurinos: Teresa Castelo
música: José Prata
desenho de luz: José Carlos Gomes
coreografia: Joana Providência
interpretação: António Capelo, João Paulo Costa, José Pinto, António Júlio, Andrea Moisés, Patrícia Lima, Daniel Pinto, Nelson Freitas, Manuela Paulo, José Miguel Rosas, Flávio Hamilton, João Paulo Brito, Bruno Martelo, Paulo Monteiro
co-produção: Ace/Teatro do Bolhão, TNSJ