terça-feira, 3 de agosto de 2010

JOSÉ DE CASTRO (Parte I)



Com o nome completo de José Augusto Soares Ribeiro de Castro, nasceu em Valhelhas, concelho da Guarda, a 7 de Abril de 1848, um dos homens fundamentais da História da 1ª República em Portugal.
Filho de José Luís Soares Ribeiro de Castro e de Maria do Patrocínio Ribeiro Leitão de Castro, teve no seu filho Álvaro de Castro, outra das personalidades mais marcantes da História da República.

José de Castro estudou na Guarda, mais tarde no Fundão, depois Lisboa e Coimbra, onde concluiu o seu bacharelato em Direito em 1867. Seguindo a carreira de advogado tornou-se bastante reputado nas “barras dos tribunais da Guarda, Funchal e Lisboa” [Fernando Moreira, “CASTRO, José Augusto Soares Ribeiro de (1848-1929), Dicionário Biográfico Parlamentar. 1834-1919 (A-C), vol. I, Coord. Maria Filomena Mónica, Imprensa de Ciências Sociais/Assembleia da República, Lisboa, 2004, p. 749].

Integrou diferentes organizações como a Associação dos Advogados de Lisboa e a Associação Internacional Económica dos Amigos da Paz para o Estabelecimento de uma União Mediterrânica.

A sua actividade política iniciou-se em 1878, afecto ao Partido Progressista, onde se manteve até 1881, integrando mesmo a comissão executiva do centro a que pertencia. A sua residência foi inicialmente na cidade da Guarda, entre 1877 e 1885, depois reside no Fundão, entre 1885 e 1890 e, finalmente, Lisboa, a partir de 1890.

Quando aderiu ao Partido Republicano em 1881, funda um Centro Republicano na cidade e cria um jornal, O Povo Português, em 1882, de que já falámos Aqui.

Conquista grande visibilidade como causídico ao defender os republicanos da Madeira. Nas eleições de 1884, Manuel de Arriaga foi candidato a deputado pela região e surgiram graves tumultos, que provocaram pelo menos sete mortos e conduziram à prisão sete dezenas de cidadãos republicanos [Vide a descrição dos acontecimentos no recentemente publicado Rui Carita, Madeira. Roteiros Republicanos, Quidnovi, Matosinhos, 2010, p. 20-25]. Foi na sequência do seu envolvimento nestes acontecimentos que José de Castro passou a ser conhecido como “o advogado do povo”, como lhe chamavam os jornais republicanos da época. Ao longo de 1884 e 1885 participou activamente na defesa dos republicanos envolvidos, entre eles destacavam-se Alexandre José Alves (de que nos ocuparemos numa próxima ocasião) e Joaquim Augusto de Barros.

Os tumultos ocorridos em 29 de Junho de 1884, tiveram impacto na opinião pública do continente, porque os acontecimentos foram acompanhados de perto e comentados abundantemente pelos jornais O Século, Era Nova, entre outros.
O julgamento teve lugar entre 22 e 28 de Abril de 1885, conseguindo José de Castro que somente três dos acusados fossem condenados a penas de prisão, enquanto outros foram multados e o próprio advogado de defesa acabou por ser processado por ter publicado um livro sobre os acontecimentos a que deu o sugestivo título As Vítimas d'El Rei [vide o artigo publicado sobre os acontecimentos que pode ser lido AQUI, da autoria de Luís Calisto].

[Em continuação]
A.A.B.M.

1 comentário:

Revista Universo Maçônico disse...

Gostaria de dar parabéns pelo site.

Atenciosamente!