Como nasceram “Os Pingos” de Mary e Eliardo França

DCF 1.0
Mary França: “Só começamos a montar o livro, efetivamente, quando ele está maduro e tudo é resultado de uma pesquisa que aborda e trata o desenvolvimento da cognição das crianças, ou seja, tem todo um lado pedagógico”

A dupla Mary e Eliardo França é sinônimo de uma parceria que dá certo. Juntos eles formam um dos pares mais conhecidos da literatura infantil e já desenvolveram muitas coleções para crianças, principalmente para as que estão em fase de alfabetização.

O ingresso da dupla na carreira literária começou na época em que Mary estava se formando como professora de matemática. “A editora que o Eliardo trabalhava fazia livros especificamente pera crianças, mas eles não tinham muitos textos para ilustrar. Então ele sugeriu que eu apresentasse um texto e esse texto foi aprovado. A partir daí não parei mais”, conta.

O fato de ser pedagoga ajudou bastante para o aperfeiçoamento da autora. “A partir do momento em que li um livro de Piaget, me aproximei do público infantil e encontrei minha ‘praia’. Comecei a usar como gancho alguns conceitos que Piaget trazia e comecei a incorporar esses conceitos nas histórias que eu criava e o resultado disso é a grande receptividade do público-leitor”, relata.

Com relação às características principais quando se escreve para crianças, a autora explica que embora o autor se alimente do infantil para escrever, como a relação afetiva, brincadeira, criatividade e imaginação, ele não pode pensar que está escrevendo para crianças ao redigir um texto. “Como meu mundo está voltado para a criança o resultado é de uma boa relação porque estamos falando a mesma linguagem, contudo, não existe aquela coisa de sentar e fazer um texto para adultos ou crianças”, analisa.

A autora explica que a partir do momento em que se propõe a fazer um texto, ela já começa com um objetivo. “Começo da folha em branco sabendo o lugar que quero chegar e faço minhas tentativas até chegar lá”, aponta. “Acho legal quando o conteúdo do livro traz uma reflexão de conceito, isso significa que o livro passou por várias etapas e teve uma elaboração muito bem pensada para chegar ao resultado que chegou.”

Com relação ao processo de criação da autora, Mary conta que só começa a escrever, efetivamente, quando já tem o enredo pronto. “Só escrevo a história quando o livro já está pronto dentro de mim e, onde eu estiver estou escrevendo. Quando vou escrever, apenas procuro as melhores palavras para traduzir aquilo que já está pronto”, comenta. “Já teve casos em que um livro nasceu comigo contando uma história dentro da escola. Tudo é material – o que você vê, escuta e lê.”

A historia dos pingos
Cada Pingo tem sua peculiaridade. Para isso, foi realizada uma pesquisa com relação à emoção das pessoas com as cores

E o processo é o mesmo quando se trata, por exemplo, de livros visuais. “Só começamos a montar o livro, efetivamente, quando ele está maduro e tudo é resultado de uma pesquisa que aborda e trata o desenvolvimento da cognição das crianças, ou seja, tem todo um lado pedagógico”, conta.

A coleção “Os Pingos” de autoria do casal surgiu exatamente da junção dos conceitos pedagógicos e da vontade de fazer uma história diferente com personagens fixos. “A história dos Pingos veio quando ela fazia palestras com base nos conceitos pedagógicos que tinha como objetivo chamar a atenção para o desenvolvimento cognitivo e a importância da leitura. Então, tivemos a ideia de transformar gotas em personagens”, conta Mary. O número de personagens – sete – também foi cuidadosamente pensado pelo casal. “A partir daí, começamos a definir as peculiaridades de cada personagem e, para isso, fizemos uma pesquisa com relação à emoção das pessoas com as cores.”

Mary explica que uma pessoa que se identifica mais com a cor vermelha, por exemplo, é mais atraída pela emoção. “Representamos essas características nos pingos. O verde tem a característica de ser pesquisador; o amarelo é alegre/otimista; o laranja tem o espírito aventureiro; o azul-claro tem o perfil de artista; o azul-escuro é o dorminhoco; e o lilás tem a característica de ser comilão”, relata. “A partir da escolha da personalidade dos Pingos, criamos os nomes, especificamos onde seria a casa deles e tudo tomando como base os conceitos pedagógico.”

Sobre o sucesso da coleção, Mary conta que recebe fotos de crianças do Brasil inteiro que fazem teatro e representam tendo Os Pingos como inspiração. “O feedback do público tem sido fantástico, o que nos incentiva e nos deixa sempre muito feliz”, finaliza.

colecao os pingos
Conheça os livros que fazem parte da coleção