História



"Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado."
(Emilia Viotti da Costa, historiadora brasileira)


A História do DAPS



A Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) foi fundada em 1952 por um visionário grupo de médicos da Bahia. A primeira turma iniciou suas atividades em 1953, mas a história do movimento estudantil na EBMSP se iniciou antes disso.

Em seu primeiro vestibular havia poucas vagas, apenas 30, tendo sido uma prova concorrida para a época. No entanto, quando o resultado foi divulgado, 43 candidatos haviam sido aprovados. Dessa forma, 13 candidatos não puderam ingressar no curso, apesar de terem alcançado a nota para qualifica-los.
Assim, os alunos iniciaram um movimento para que os outros 13 também fossem admitidos no grupo. Buscaram o apoio de professores para isso, e então conseguiram que todos os 43 formassem a primeira turma da EBMSP.

Como primeira turma de alunos do curso, eles logo se organizaram em um Diretório Acadêmico, o qual foi nomeado em homenagem a um famoso médico baiano, Manuel Augusto Pirajá da Silva. E assim, em 1953, foi criado o Diretório Acadêmico Pirajá da Silva (DAPS), tendo como primeiro presidente Carlos Ruy Tourinho. Esse grupo lançou também o primeiro Jornal Estudantil, A Lupa.


Manuel Augusto Pirajá da Silva (1873-1961) foi um naturalista, médico e pesquisador brasileiro, responsável pela identificação do agente patogênico e do ciclo fisiopatológico da esquistossomose. (Wikipédia)


Desde então o DAPS esteve sempre atuante nas questões estudantis, seja para litar pelos seus direitos, cobrar melhorias do curso e de infraestrutura, organizar seções de discussão sobre variados assuntos ou promovendo atividades diversas.

A sala do DAPS era na entrada do campus de Nazaré (único campus da Bahiana na época), logo após a portaria, subindo uma escadinha. Contava com a constante presença de Manoel Maurício Santos Hora, mais conhecido entre os alunos como Pai Véio, funcionário mais antigo da Bahiana, que é homenageado com a Copai Véio de Futsal. Evento que acontece anualmente com a participação de times dos alunos de todas as turmas, de todos os cursos e dos funcionários da faculdade.



A sala do DAPS era na entrada do campus de Nazaré (único campus da Bahiana na época de sua fundação), logo após a portaria, subindo uma escadinha. Contava com a constante presença de Manoel Maurício Santos Hora, anos mais tarde conhecido entre os alunos como Pai Véio, funcionário mais antigo da Bahiana, que é homenageado com a Copai Véio de Futsal. Evento que acontece anualmente com a participação de times dos alunos de todas as turmas, de todos os cursos e dos funcionários da faculdade.

Em 1968 o diretório foi fechado por força do AI-5 durante a ditadura militar, sendo desencadeada uma ocupação da faculdade como protesto após o fechamento. Em 1975 o DAPS foi retomado, no contexto das reorganizações do movimento estudantil por todo o país, sendo eleita Julieta Maria Cardoso Palmeira, hoje médica, para a presidência do diretório com a chapa “Retomada”.

No ano de 1977, ainda sob a presidência de Julieta Maria Cardoso Palmeira, a faculdade viveu o que talvez tenha sido a maior greve do curso de medicina. Esta se deu pela ameaçada do Hospital Santa Izabel em deixar de ser o hospital escola da EBMSP, com atendimento cem por centro gratuito, sendo um hospital-escola por excelência, para ser como é nos dias de hoje. Diante desta ameaça, o DAPS organizou uma greve que envolveu desde os acadêmicos do primeiro semestre até os residentes do HSI. Também recebendo apoio dos estudantes da Universidade Federal da Bahia e mensagens de solidariedade de todo o Brasil! O desfecho da greve foi a renovação do convênio do HSI com a EBMSP naquele ano.

O DAPS continuou sua atividade nos anos que se seguiram, vivendo altos e baixos na sua atuação. Após um momento de baixa quando o diretório ficou desativado, nos anos de 2002 e 2003, surgiu um novo grupo que reorganizou o diretório. Este grupo surgiu num contexto de sucateamento da instituição como um todo, no aumento injustificado da mensalidade e na eleição para diretoria da instituição nos moldes criados para as Instituições de Ensino Superior na época da ditadura militar. Nesse contexto o DAPS, juntamente com o Diretório Acadêmico Cláudia Bahia (DACB) de fisioterapia, o Diretório Acadêmico Ana Joaquina (DAAJ) de terapia ocupacional, o Diretório Acadêmico Urbino Tunes (DAUT) de odontologia, o Diretório Acadêmico de Biomedicina e o Centro Acadêmico de Psicologia (CAPSI) convocaram uma assembleia geral dos estudantes, sendo deliberada a primeira greve geral dos estudantes da Bahiana. A greve contou com grandes passeatas entre os campus de Nazaré e Brotas, onde ocorreu um memorável episódio: os estudantes de medicina marcharam em peso de Nazaré para Brotas e, ao chegar ao seu destino, deram de cara com os estudantes de fisioterapia, terapia ocupacional e psicologia, também reunidos. Os grupos então se juntaram num abraço e foram até a coordenadoria (o famoso castelinho) exigindo mudanças!

Durante a greve foram produzidos impressionantes documentos com centenas de páginas que faziam parte de uma verdadeira pesquisa de qualidade da faculdade em todos os cursos. Avaliações das disciplinas pelos discentes, fotos da precária estrutura da época e vários outros pontos fizeram parte deste impressionante documento que hoje repousa com os representantes de seus respectivos cursos. Ao final da greve, com a produção deste documento, a faculdade se viu obrigada a investir em melhorias e realizou uma grande reestruturação, respondendo a parte dos anseios acadêmicos.

O DAPS também construiu sua história fora dos muros da faculdade, tendo participado ativamente das VI, VII e VIII Conferência Municipais de Saúde. Nestas conferências, a articulação de nosso diretório com outros diretórios de saúde da cidade, permitiu a conquista de uma cadeira para o movimento estudantil no conselho municipal de saúde, cadeira essa que foi ocupada inicialmente pelo Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina da Bahia (DAMED) e posteriormente pelo próprio DAPS.

Após esse período o diretório passou por outros altos e baixos, tendo sido protagonista numa nova greve, desta vez restrita aos estudantes de medicina, no ano de 2009 que mais uma vez combatia o aumento injustificado da mensalidade. A greve foi grande e foi mais uma vez combatida de forma hostil pela faculdade. No fim não foi possível abaixar o aumento já realizado, mas o medo de novas paralisações levou a faculdade a segurar as rédeas de seus aumentos abusivos por algum tempo.

Depois de 2009 o DAPS foi perdendo gente e perdendo forças, ficando oficialmente desativado até o ano de 2013. Neste ano a faculdade apareceu com um novo aumento abusivo, desta vez de quase 20% para o curso de medicina e 12% para o curso de odontologia. Em resposta a isso, a antiga parceria entre os dois cursos foi retomada, mesmo sem a intermediação de diretórios. A parceria se firmou e os estudantes dos dois cursos realizaram diversos atos de protesto e reuniões com a diretoria em busca de uma saída. A faculdade mais uma vez se mostrou irredutível.

No entanto, a organização dos estudantes fez história. Pela primeira vez no estado da Bahia, se conseguiu reduzir a mensalidade de uma instituição privada através de ação judicial. Tal episódio foi a maior vitória contra a irresponsabilidade financeira de uma instituição privada no nosso estado, sendo agora precedente para quaisquer ações que venham a ser perpetradas contra qualquer aumento abusivo de qualquer instituição. Mas esse não foi o único fruto da organização estudantil. Dessa organização surgiu um grupo coeso que se comprometeu em reerguer o diretório e resgatar sua história de lutas e parcerias. Dessa forma surgiu a chapa “Vivificar” que concorreu e venceu como chapa única nas eleições de 2013 e com pouco tempo de trabalho já mostrou a que veio.


Ao final do ano de 2013 o reestruturado DAPS retomou sua parceria com os outros cursos da faculdade para realizar uma semana do calouro conjunta de maneira a incentivar de fato uma formação interprofissional que valorize a equipe multiprofissional e mostre como deve ser o trabalho desta equipe. O diretório procurou também firmar parcerias fora da faculdade e através dessas parcerias formou um grupo ainda maior, mas igualmente coeso que se preparou e encarou o desafio de participar ativamente da XII Conferência Municipal de Saúde de Salvador. Nesta conferência o movimento estudantil foi mais que participativo, foi essencial para o necessário embate com a gestão, viabilizando a formulação de pautas importantes para a saúde pública de Salvador. Fosse através dos debates dos grupos de discussão, da formulação de propostas para a carta final ou da realização de intervenções na plenária final, o movimento estudantil se fez ouvir em alto e bom som, sendo considerado o grande destaque da conferência.

O DAPS está mais uma vez vivo, ciente de sua história, importância e papel dentro e fora dos muros da Bahiana. E é com esse espírito que queremos mostrar a você o que te pertence e te cabe como estudante de medicina e, portanto membro do diretório!
O DAPS está e sempre estará de portas abertas para você!




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