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sábado, 7 de janeiro de 2012

Lápis - O Rei Negro que Revolucionou o Samba Paranaense



Nasceu como Palminor Rodrigues Ferreira, mas ficou conhecido por seu apelido: Lápis. Negro, alto e magro, é sem dúvida um dos maiores compositores que o Paraná já teve.

Nascido em 1942, o compositor, violonista e percussionista é um dos mais representativos compositores paranaenses. Fez muito sucesso nas décadas de 1960 e 1970. Deixou sua marca na música curitibana com seu ritmo cheio de ginga. Fez Samba como ninguém fez no Estado.

Possuía uma sensibilidade fora do comum. Iniciou na composição muito cedo, aos 11 anos já escrevia suas primeiras músicas. Aos 15, compôs a música Vestido Branco, seu maior sucesso.

Palminor nasceu em uma família de músicos, seu pai fazia questão de reunir a família para a cantoria, o que influenciou no seu amor pela arte. “Quando papai reunia a família, o Palmi sempre ficava batucando alguma coisa. Ele adorava o que fazia, por isso escreveu músicas lindíssimas e que as pessoas lembram até hoje”, recorda Dona Mide, irmã de Lápis.

De acordo com o músico Jazomar Rocha, um dos grandes divulgadores da obra de Lápis: “ele sem dúvida é uma referência como músico e compositor. Executava o violão e o cavaquinho com muito swing. Era também um ótimo percussionista. Isso fazia com que a sua mão direita, na condução do Samba, fosse ‘invejada’ por qualquer outro músico. Lápis inovou a levada do Samba. Como compositor, os seus parceiros são um forte alicerce da sua obra. Na minha visão, o Lápis é o maior compositor paranaense pela extensão rítmica onde transita sua música – vai do Samba ao Samba-Canção, passa pela Bossanova e Toada, pelo Fandango e tem nas Marchas-Ranchos e Frevo, o tempero carnavalesco”, comenta o músico que lançou, em 2006, o CD À Lápis.

Em 1967, Lápis formou a banda Bitten IV com Anadir Salles, Dalton Contin e Fernando Loco. O grupo fez tanto sucesso em Curitiba, que foi tentar a sorte no Rio de Janeiro. O Bitten chegou a gravar um compacto com as músicas Vestido Branco e Paticumbá. Nestas gravações, contaram com a participação de Erlon Chaves, Wilson das Neves, Copinha e Ed Maciel. Foi durante esta época que a música Dia de Arlequim, de autoria de Lápis e Paulo Vítola, ficou em oitavo lugar, das 3.600 musicas que concorriam no Festival de Música de Carnaval do Rio de Janeiro. Foi neste período que Lápis se consagrou ainda mais – Eliana Pittman, a Rainha do Carimbó, gravou Meu Novo Amor, e os Originais do Samba, grupo de Samba o qual Mussum fazia parte, gravou Paticumbá.

Lápis faleceu em Curitiba, em 1978, aos 36 anos de idade, por problemas cardíacos, sua morte prematura não impediu que ele deixasse tantas contribuições à música brasileira.
Sua importância é tanta que, com o passar dos anos, ele jamais é esquecido, e as novas gerações que descobrem suas músicas se apaixonam pelo trabalho que Lápis deixou.

“Lápis me fez cantora. A sua obra e seus parceiros musicais foram a minha escola de canto. Eu tenho um grande carinho pelas obras musicais, pela poesia e pela história do compositor. Eu já realizei três espetáculos solos e, em todos eles, sempre existiu um momento dedicado ao Lápis, desde Silêncio, que deu nome ao primeiro espetáculo, depois, Triste Carnaval, uma linda Marcha-Rancho que esteve no meu segundo show, chamado Lírico na Canção Popular, e Onde Ela Mora e Estranha Saudade, que estiveram no último show, intitulado Um Mundo para Dulce. A minha história com o repertório do Lápis, começou numa pesquisa acadêmica, seguiu para os palcos e se transformou no projeto do meu primeiro CD solo, Lençol de Flores, do qual disponho a obra do Lápis em suítes, arranjadas pelo Roberto Gnattali e Luis Otávio Almeida”, disse Juliana Cortes, 27 anos, cantora e produtora cultural curitibana.

Finalizamos esta matéria com as palavras de Aramis Millarch, jornalista e crítico musical, que escreveu, em 19 de Maio de 1978, um dia depois da morte do grande compositor: “Lápis nasceu nas Mercês, à mercê de toda sorte da vida. Porém, a sorte nem sempre foi sua companheira: um atropelamento em plena calçada de Copacabana, um acidente automobilístico no qual desencarnou a sua musa, duas operações cardíacas. Mas a música de Lápis não morreu”.

Com mais de 33 anos de sua morte, comprovamos que a música de Lápis não morreu. A borracha não vai, e não pode apagar esse Lápis.

Saiba mais sobre Lápis em: http://lapispalminor.blogspot.com

Confira agora o vídeo da música Lençol de Flores, de Lápis e Paulo Vítola, com interpretação de Juliana Cortes e Evanira, a maior intérprete das músicas do compositor:



Todo mês, na edição impressa do Jornal O Pestana, você confere a Editoria ESPECIAL/ENTREVISTA – sempre com alguma personalidade.
Na edição nº 06, (Janeiro/2012) você conferiu: Lápis.

Fonte: Jornal O Pestana

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