Nesta obra o leitor pode vislumbrar muito do caráter do grande caetiteense, um dos maiores tribunos da História do Brasil. Foi escrito em Salvador, no ano de 1893, editado pela Imprensa Nacional, e hoje a mais recente edição, com atualização ortográfica do jornalista Alberto de Azevedo, é a 4.ª edição de 1987 da Biblioteca do Exército Editora, do Rio de Janeiro.
Logo nas primeiras linhas, do prefácio dirigido "Ao Leitor", ele diz: "Não tenho a pretensão de oferecer ao público um trabalho novo e original. A história não improvisa: narra."
Mas Zama faz mais que simplesmente narrar: é o pioneiro num nicho de literatura histórica que mais tarde faria sucesso, o das biografias de grandes personagens. De fato, até esta sua obra, nada havia específico em língua portuguesa sobre estes homens. Aqueles que quisessem conhecê-los mais profundamente teriam de saber o latim - idioma que Zama dominava como poucos - além de possuir diversos volumes dos antigos escritores - sobre os quais o nosso escritor se serviu, como Quinto Cúrcio e Arriano, ou mesmo o Diário de Alexandre, ou traduções em idiomas diversos, como a de Diodoro da Sicília, de M. Q. Quincy, que confrontava com escritos de diversos comentadores, desde Napoleão Bonaparte até M. de Saint Croix.
E, fazendo jus ao quanto dele disse Pedro Celestino da Silva, tinha verdadeiramente "intuição do passado", e seus juízos são moralizantes, sempre contemplando os feitos do grande conquistador, segundo ele portador de monomania (a obsessão em fazer-se um deus), que o levaram a adotar medidas que não o assegurassem em suas conquistas infindáveis: Alexandre não se preparara para a morte inevitável, não garantira a subsistência do gigantesco império, que efetivamente desfacelou-se com seu fim, aos 33 anos. E Zama pondera: "O despertar de Alexandre nas esferas, onde a verdade não tem eclipses, deveria ser um desencantamento assombroso. Livre das prisões da matéria, contemplando num relance toda a história de sua vida terrena, o seu espírito, a reconhecer a inanidade da obra que realizara, havia de sentir todo o peso da falta que cometera, falseando a missão que lhe fora confiada"  (esta missão, segundo antes informara, e que muitos escritores apontam como um dos feitos do chefe macedônio, seria a de levar a cultura grega aos ermos bárbaros da Terra.).
Zama condena as torturas, que por muitas vezes compunham a prática do conquistador. Suas traições, erros morais, sempre permeando o texto de judiciosas ponderações moralizantes. Ao comentar o suicídio de um dos generais, o escritor revela o crime hediondo que se pratica com tal ato, demonstrando percuciência e elevado tino moral.
A obra encerra com mais uma dessas lições, revelando um Zama maduro, experimentado pelas lutas da vida, ele próprio muitas vezes protagonista de pelejas sempre que via o Direito ameaçado:
"Contemplando neste momento o livro 'Luz', que vejo ao meu lado, a Bíblia, e descendo à minha consciência, que não estremece quando penso na morte, sinto que meu espírito, apesar das desilusões por que tem passado, e das dores morais que o afligem, se robustece com os ensinamentos do Divino Nazareno que nos prometeu que 'a obra da iniqüidade não prevalecerá'. O reinado dos maus nem sempre perdurará. A expiação para os brasileiros poderá ser longa; mas há de cessar um dia."
Dentre os livros publicados por Cezar Zama, a biografia de Alexandre Magno, constante da obra "Os três grandes capitães da antiguidade", é o primeiro volume,  e único ainda disponível no mercado editorial.
Release
CEZAR ZAMA:
OS TRÊS GRANDES CAPITÃES DA ANTIGUIDADE  1 - ALEXANDRE
Academia Caetiteense de Letras - Caetité - Bahia - 2003
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