Caricaturistas famosos

Existem vários caricaturistas famosos como por exemplo:Antônio Gabriel Nassara, Kalixta,Lan, Paulo Caruso,etc...Praticamente a caricatura no Brasil  é uma arte muito valiosa, legal e engraçada.

 

  Paulo Caruso é um caricaturista famoso.

Paulo Caruso...

GRAÇAS AO HUMOR

 

Com desenho detalhista e cáustico, o humorista Chico Caruso ataca os poderosos, critica as mazelas, faz rir e pensar e garante que a esquerda tem preconceitos contra a charge.
Chico Caruso, um paulistano de 48 anos,
como ironicamente gosta de contar, nasceu no "1º Comando da Capital", no bairro do Carandirú, em São Paulo.
    Formado em arquitetura, casado, dois filhos, tranqüilo súdito e habitante do reino boêmio do Leblon, Chico Caruso, desde que ganhou a primeira página do jornal "O Globo", tem feito da charge política aquilo que, depois e às vezes até antes das manchetes, o leitor "lê" imediatamente. No seu traço caricatural, mas detalhista, na época do presidente Collor, quando sua mulher se meteu em algumas maracutaias na Legião Brasileira de Assistência, a LBA, Chico Caruso graficamente botou a senhora no xadrez traçando listras de prisioneiro no modelo da madame.

Chico Caruso é assim. Faz rir, pensando, e pensando nos faz rir. Às vezes, irrita os donos do poder. Um deles foi Itamar Franco que, num dia de bom-humor, saiu nos jornais abraçando um palhaço e no outro, de péssimo humor, se viu no desenho de Chico, o mesmo abraço, o topete ao ar e a expressão "ôi, colega!".  Depois, saiu uma charge com o Lula com o mesmo traje sumário. O resultado foi uma carta de Henfil, militante do PT, na qual sentenciou: "Você conseguiu fazer o que nem a Polícia Federal, nem o SNI conseguiram: manchar a imagem do Lula". Algum tempo depois, Chico encontrou-se com o líder do Partido dos Trabalhadores e perguntou o que tinha havido. "Nós fizemos uma reunião para saber como reagir e então foi escolhido o Henfil para escrever o bilhete", respondeu Lula. A esquerda, como tem menos prática do poder, considera caricatura quase como uma ofensa pessoal. Ela age como um primitivo do século passado - explica o artista.
É evidente que Chico está mais associado à esquerda, mas se diz um político muito impressionista, sem metodologia, "sem essa de muito pensar".

Quando Chico foi trabalhar no "O Globo", o jornal mantinha nas segundas-feiras a primeira página em cor e o desenhista ofereceu ao Dr. Roberto Marinho a idéia de apresentar um desenho naquelas edições.

- Ele topou na hora, - diz Chico - talvez porque ele foi do tempo em que o desenho saía na primeira página. "O Globo" trabalhou com Raul Pederneiras e com Calixto, por exemplo.

Isso durou até o governo Collor, que lhe forneceu um rico manancial de temas. Editores de outros jornais despertaram para a potencialidade jornalística da charge política e resolveram ter o melhor em suas páginas. "O Globo" não quis dividir o seu principal chargista, imaginaram até entregar a ele um suplemento de humor. Seus desenhos, quando primeira página já era, em todas edições, colorida, começaram a ser estampados às segundas e quintas-feiras; e hoje são reproduzidos na revista semanal "Veja". Seu primeiro desenho na primeira página só podia ser uma alfinetada na República de Alagoas: Collor chutando seu ministro do Trabalho, Rogério Magri.
A maior ousadia foi quando um dos seus desenhos saiu no alto da primeira página, em tamanho grande, mostrando o então técnico da seleção, Lazaroni, e Collor, vestindo camisetas, onde se liam "Pepsi", que patrocinava o time brasileiro, e "Drogas", uma campanha do presidente, quando se divertia no Planalto, praticando jogging, cismado que poderia influenciar a juventude. Tal charge rendeu ao artista duas páginas elogiosas da revista "Veja".

- Foi a editora de Economia, Sônia Rezende, que estava "fechando" o jornal da segunda-feira que publicou. Talvez porque fosse de Economia e mulher, que pode esnobar a tradicional foto de esporte que sempre sai nesse dia - explica.

Na verdade, não há nos jornais altas decisões políticas para que um desenho receba um tratamento de manchete. Com o novo projeto gráfico de "O Globo", que reza que uma única imagem seja dominante, a charge de Chico, mesmo sem perder seu valor explosivo, tem normalmente saído no canto da página.

- Eu descobri que a charge tem que ser usada como uma carga de canhão para criar um impacto equivalente à sua potencialidade - avalia. Senão, ela pode acabar se transformando numa simples vinheta.

"E o domingo, heim". Esta frase tem um peso enorme, às quintas-feiras, nas redações dos jornais. É o dia no qual se "fecha" as edições dominicais. Num desses dias, os editores imaginaram fotografar o jogador de futebol, Ronaldinho, e o tenista Guga, o primeiro segurando uma raquete e o outro, uma bola. Chico deu a solução sem que os fotógrafos precisassem sacar seus passaportes.

- A fotografia é o antiprocesso da charge - ensina Chico.
- A charge é visual e pode criar, com mais naturalidade, uma fusão. Se você tem uma imagem que sintetiza tudo, ela terá uma lógica mais interna, algo que o leitor percebe que não foi tramado, não foi posada.

Chico diz que começou a desenhar vendo o avô, um espanhol, pintor de domingo, autor de caricaturas de amigos e de pinturas bucólicas, que copiava de estampas. Ele e o irmão gêmeo, Paulo, atores e cantores de shows de esquetes cheios de humor, eram vidrados no avô. Os dois hoje são caricaturistas famosos, Paulo Caruso trabalhando no "Jornal do Brasil" e na revista "Isto É".
Há diferença entre os gêmeos???

- Meu irmão, quando pequeno, desenhava grandes batalhas, com muita gente. Até hoje, ele faz cenários de histórias em quadrinhos. No sentido físico de desenhar, ele desenha muito mais do que eu. Ele é mais prolixo, inclusive falando. O meu desenho de garoto era bandido e mocinho, sem muito entono.

Seu método do trabalho é chamado de "sopão": um cozido de leitura de mais de quatro jornais e a audição, quando se dirige para "O Globo", de programas jornalísticos. Jornada que começa pela manhã e termina às seis da tarde. Uma hora e meia depois, a charge deve estar, pronta. Salvo uma eventualidade, a página "fecha" as oito.
Ferino em suas críticas, ele costuma devastar seus personagens, baseado em pequenos detalhes. O rosto dos políticos é uma cenografia: Sarney e seus bigodes, Itamar e o topete; Collor, o cabelo de gel, o narigão e os olhos esbugalhados.

- O FHC é uma cara com poucos detalhes e fica um pouco difícil desenhá-lo. Você acaba pegando "a alma" daquele que não tem elementos icnográficos.

Há rostos de "cenários" áridos, embora muitos caricaturistas achassem que era fácil fazê-los. Na lista dos difíceis estão: Magalhães Pinto e Cesar Cals.

- Eles são já caricaturas puras - diz o artista.

Chico também sabe elogiar. Quando seu patrão entrou para a Academia Brasileira de Letras, Chico desenhou-o com um fardão e um chapéu feito com papel do jornal. Indecisão na redação. Será que o Dr. Roberto iria gostar! Gostou. Ao levar a decisão a ele, Dr. Roberto apenas disse: "Só posso considerar isso um elogio".
Chico acha que todas as crianças desenham. A maioria pára. Gente como ele continua prolongando a vida infantil, com seus traços e humor. "A gente não se encaixa na vida adulta", alegra-se.

 

"Cruzando a Chegada", de Paulo Caruso
(publicado originalmente na Folha de S. Paulo)
"Obstáculo instransponível: a dinheirama da Lunus", de Paulo Caruso
(publicado originalmente na Folha de S. Paulo)
"Reta Final, Afinal!", de Paulo Caruso 
(publicado originalmente na Folha de S. Paulo)

 

 

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