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ICOM - Instituto Couto Maia

ICOM se consolida como melhor hospital de doenças infectocontagiosas do país

24 de julho de 2019

Com um ano de funcionamento, instituição demonstra ter infraestrutura e equipes aptas para atender ao perfil atual de pacientes com doenças infectocontagiosas.

No mês de julho, o ICOM, Instituto Couto Maia, especializado em doenças infectocontagiosas, completou um ano nas novas instalações. Neste período, foram realizados 1.834 internações, 166.576 exames laboratoriais, 7.587 exames de bioimagem, 876 atendimentos emergenciais e 13.499 consultas médicas. Já no quinto mês de funcionamento, o hospital atingiu as metas de atendimento.

Projetado para atender padrões de excelência técnica e de segurança em um espaço humanizado e acolhedor, o ICOM é o melhor hospital de doenças infectocontagiosas de todo o país. Hoje, a instituição enfrenta desafios que diferem bastante da época em foi fundado para atender aos doentes atingidos pela febre amarela que vinham nos navios mercantes nacionais e estrangeiros até o Porto de Salvador. O hospital tem agora sua maior clientela formada por portadores do vírus HIV e pacientes com hanseníase.

A diretora geral do ICOM, Ceuci Nunes, destaca o quanto o perfil e as demandas dos pacientes mudaram ao longo do tempo e exigem hoje um hospital com infraestrutura e equipes preparadas para atender pessoas em condições bem mais graves que anteriormente, em parte pela boa notícia de que o sistema de vacinação eliminou ou controlou diversas doenças que antes levavam pessoas ao antigo Hospital Couto Maia.

Quais a principais mudanças das novas instalações do ICOM em relação ao local onde antes funcionava o Hospital Couto Maia?

Ceuci Nunes: Foram várias e grandes mudanças. A primeira coisa é a estrutura física. A gente tinha uma unidade que não comportava mais um serviço hospitalar. Hoje, temos uma unidade que garante assistência adequada, com conforto para os servidores e pacientes, além de infraestrutura completa equipamentos. O ICOM é, atualmente, o melhor hospital e talvez o maior de doenças infecciosas do país. Nós temos a estrutura mais moderna, temos o CRIE, o Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais, com mais de 20 mil pacientes cadastrados, que é uma referência para o Brasil inteiro. Temos uma estrutura excelente e nosso dever é dar um atendimento de excelência aos pacientes.

Ao longo do tempo, qual foi a mudança de perfil do paciente do Hospital Couto Maia e agora ICOM?

O perfil do paciente do ICOM mudou bastante. Felizmente, por conta das melhorias das condições de saúde, da aplicação das vacinas, algumas doenças infectocontagiosas reduziram muito, por exemplo, as meningites, que eram as principais doenças que internavam no hospital, não são mais. De 2013 para cá, a principal doença que demanda internação hospitalar conosco é a AIDS. Então isso é uma mudança grande, porque o perfil do paciente é muito diferente, é um paciente já adoecido, que entra com várias doenças ao mesmo tempo, que passa mais tempo na unidade, que demanda mais infraestrutura, como UTI e Pronto Atendimento.

A faixa etária dos pacientes do ICOM também mudou?

Sim. Quando eu assumi a diretoria do hospital, em 2007, tínhamos 50 leitos de pediatria, hoje temos 20. O que tem se mostrado suficiente, porque não temos mais demanda de pediatria tão grande quanto antes, principalmente pela redução das meningites.

Como acha que o espaço mais lúdico e humanizado afeta os pacientes e servidores?

Os pacientes estão muito mais satisfeitos e os servidores também. Ser atendido e trabalhar num local com qualidade e conforto faz grande diferença. Em todos os setores do hospital a melhoria em relação ao espaço anterior é imensa. Recebemos visitas de pessoas do Brasil e do exterior que ficam impressionadas com um hospital desta qualidade ser 100% SUS.

O ICOM é uma unidade de referência, ou seja, para que os pacientes possam acessá-lo é preciso ter a indicação correta. Com isso, podemos dizer que não é uma unidade aberta a atender todas as demandas de saúde da comunidade do entorno. Como tem sido, então, a relação com os moradores da região nesse primeiro ano de funcionamento?

Já estabelecemos uma relação com o pessoal da associação de moradores, fizemos reuniões, apresentamos o que é o ICOM e que benefício pode trazer para os moradores. Temos o CRIE que são as vacinas para pacientes que têm alguma demanda especial, mas que eles também podem utilizar se estiverem encaixados nos protocolos. Participamos de atividades com a associação de moradores fazendo exames, teste de HIV e testes de outras doenças infecciosas.  Então já tivemos um ótimo começo, o que precisamos agora é aprofundar esse relacionamento.

No passado, era comum as pessoas terem receio de ir ao Hospital Couto Maia, e até mesmo passar em frente ao prédio com medo de pegar alguma doença. Você acredita que ainda exista esta desinformação ou as pessoas já compreendem melhor quais são os riscos?

Eu acho que ainda existe um tipo de preconceito com as doenças infecciosas, porque as pessoas acham que respirando no mesmo lugar vão pegar as doenças e não é bem assim. Desde o antigo prédio, a gente já tinha toda estrutura para controlar os riscos relacionados aos pacientes que estavam realmente transmitindo doenças, eles ficavam em locais separados. É claro que agora, no prédio novo, a nossa estrutura para isso é muito melhor. Mas os servidores que iam entrar em contato com aqueles doentes sempre usavam os equipamentos de proteção individual, tanto que a gente nunca teve um servidor da unidade que tenha tido meningite ou qualquer outra doença por contato com paciente no hospital. Mas ainda há muita informação errada sobre os riscos.

Você disse que hoje o ICOM recebe mais pacientes portadores de HIV, o perfil desse paciente também mudou?

Sim. Hoje, no geral, temos um perfil também de paciente mais grave, inclusive o portador do HIV.  Eu acredito que havia uma demanda reprimida, que não conseguíamos dar conta no antigo Hospital Couto Maia. Agora, nossas enfermarias de adulto estão sempre cheias e estamos com, praticamente, 100% de ocupação na UTI adulto e nas unidades de internação de adulto.

Esse perfil de paciente portador de HIV fica mais tempo na unidade?

Sim, a complexidade dos pacientes leva a um tempo de permanência maior e isso preocupa pois a rotatividade é menor. Recentemente criamos uma comissão local de desospitalização e estamos reduzindo o tempo de permanência. Tínhamos 23 dias, já reduzimos para 18 e vamos chegar a meta de 15 dias.

O Ministério da Saúde realizou algumas alterações na estrutura de atenção à AIDS, alterou o nome do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais para Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, e transformou a área de HIV/Aids em uma coordenação. Colocou ainda sob responsabilidade do departamento outras duas doenças não relacionadas ao contágio sexual: tuberculose e hanseníase. Antes, essas patologias ficavam sob o guarda-chuva do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Como você viu estas mudanças?

O Brasil tem um programa de AIDS que é considerado um dos melhores do mundo, com distribuição de medicamento gratuito que muitos países desenvolvidos não fazem, então este é um programa importante e de grande impacto. A alteração na estrutura juntou doenças infecciosas que antes eram separadas, como AIDS e hepatites virais, que agora também estão juntas com doenças crônicas. Pode ser que isso venha a trazer algum prejuízo, ainda não estamos vendo isso. As pessoas responsáveis continuam as mesmas, mas foi retirado o foco de um serviço muito importante, diluiu os esforços.

Quais são os planos do ICOM na área acadêmica?

Nosso principal projeto é fazer o mestrado em pesquisa clínica na área de doenças infecciosas com a Fiocruz do Rio de Janeiro com apoio da Fiocruz Bahia, com quem temos uma parceria já consolidada. Nossas conversações estão bem adiantadas para começar o mestrado em janeiro de 2020. Com ele, vamos capacitar nossa equipe para trabalhar a demanda das doenças infecciosas que temos aqui, para conhecê-las melhor e interferir positivamente na saúde da comunidade. Somos, tradicionalmente, um hospital de ensino, estudantes de diversas áreas passam por aqui (medicina, enfermagem, nutrição, até de administração), mas temos oportunidade para intensificar e qualificar melhor esta ação.

Como hospital de referência, o ICOM recebe pacientes de todo o Estado. Como é a relação com as unidades básicas de saúde, principalmente as que estão fora de Salvador?

Temos o tema da hanseníase que é bastante complicado. Somos o hospital referência para tratar a doença, mas os pacientes que são encaminhados para cá são pacientes que têm uma doença básica, que poderiam ser atendidos nas suas unidades de origem. O ICOM deve se dedicar às formas mais graves da hanseníase. Nós, inclusive, capacitamos os profissionais de saúde do interior e de Salvador, mas ainda não temos uma resposta adequada disso. A unidade em que o paciente foi atendido e teve seu diagnóstico, deve tratá-lo até a alta, para o ICOM só deveriam ser encaminhados os casos mais graves.

O ICOM trata paciente com zika vírus?

O paciente adulto com zika é um quadro muito benigno, então geralmente não vem para o ICOM. Pode vir para o nosso ambulatório, quando é Chikungunya, que é uma doença mais complicada, aí nós tratamos aqui. A grande complicação da zika é a microcefalia, que não é atendida pelo ICOM, porque não está em nosso perfil. Por outro lado, somos a referência para tratar os pacientes com Guillain – Barré que está muito associado à zika.

Qual a expectativa de melhora do surto de zika?

Como zika é um vírus que você tem uma vez e não tem mais na vida, acreditamos que uma grande parte da população já teve contato, então a tendência é reduzir. Mas sempre vão ter pessoas que estão chegando, por exemplo, crianças que estão crescendo, que vão ter contato com esses vírus. Agora o pico que tivemos em 2015/2016 realmente reduziu muito, mas ainda temos casos de Guillain – Barré, associados a essas arboviroses, principalmente, associados ao zika.

O acidente biológico ocorre quando uma pessoa tem contato com material biológico de outra, como sangue ou secreções por meio da pele, das mucosas (olhos, boca e nariz) ou de lesão com perfurocortante como agulhas, instrumental cirúrgico e vidros contendo secreções. Até pouco tempo, o protocolo era encaminhar a vítima do acidente para o Hospital Couto Maia.  Por que que houve a mudança no fluxo de acidente biológico que antes vinha para cá e agora é atendido em outras unidades?

Em caso de acidente biológico, se a vítima for um profissional de saúde, o ideal é que seja tratado na própria unidade em que o acidente ocorreu. Se a pessoa foi exposta ao vírus HIV, por exemplo, o ideal é que o tratamento seja iniciado em até 2h. Em toda a cidade, há várias UPAS que estão capacitadas para fazer esse atendimento, então não há necessidade de deslocamento para o ICOM, uma vez que as UPAS estão melhor distribuídas e podem atender de forma mais rápida.

Então hoje se o profissional na área de saúde ou outro profissional é vítima de acidente biológico deve procurar uma UPA mais próxima?

Se a unidade em que o profissional trabalha não fizer o atendimento, ele deve se encaminhar para uma UPA. O ICOM só atende vítimas que se contaminaram com fluidos de portadores de HIV que já tenham resistência às drogas, porque, neste caso, o protocolo muda, e a referência somos nós.


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