Luiz Paiva de Castro

 IMPERATRIZ LEOPOLDINA


Princesa Leopoldina, arquiduquesa da Áustria e Imperatriz do Brasil.




Desembarque da Princesa Leopoldina, no Brasil, em novembro de 1817, no Rio de Janeiro. A Família Real, escapando das tropas de Napoleão Bonaparte, em 1808, tinha seu Paço Real na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. Casada, por procuração, com o Príncipe D. Pedro, ali passou sua primeira noite, no Brasil, sempre, e durante bom tempo, com referências elogiosas ao marido e ao país. O país, nunca a desagradou, por sua natureza, - importante, sempre, por suas vivências, na Áustria, no Palácio de Schönbrunn.




Palácio de Schönbrunn, nas cercanias de Viena.




D, Pedro I, Imperador do Brasil.




O FICO, de D . Pedro I, em resposta à ordem, das Cortes de Lisboa, para que retornasse a Portugal, onde já estava D. João VI, preservando a Coroa para a Dinastia dos Bragança. A Imperatriz Leopoldina foi firme e fundamental, na atitude, - início de um novo Reino, nos trópicos.




A Imperatriz Leopoldina e seus filhos, com D . Pedro I, melhor dizendo, na legenda.




D. Pedro II.




Arquiduquesa Maria Luiza, irmã mais velha de Leopoldina, e para quem mantinha, do Brasil, constante correspondência, por cartas.




Retrato da Imperatriz Leopoldina.




Maria II, de Portugal, filha de Maria Leopoldina, da Áustria, e D. Pedro I, do Brasil (D. Pedro IV, de Portugal). Para assumir o trono, houve guerra, no Porto e Lisboa, em Portugal, entre as tropas leais a Miguel, irmão de D . Pedro e a Carlota Joaquina, e as fiéis a D . Pedro, D. Pedro IV, em Portugal, - já em segundo casamento.




Metternich. Ministro de Assuntos Estrangeiros, da Áustria, aos tempos do casamento por procuração, da Arquiduquesa Leopoldina.




Maria II, de Portugal, filha de Leopoldina e de D. Pedro I.




D. Pedro II, aos dez meses de idade.




D. Pedro II, aos 12 anos.




D. Pedro II, aos 20 anos.




D . Pedro II, pequeno.




Família Real do Brasil, em São Cristóvão, Quinta da Boa Vista, no dia da extinção do Império, no Brasil, Fotografia de Otto Hees.




Imperatriz Leopoldina.




Rua Imperatriz Leopoldina, na Praça Tiradentes, Centro, Rio de Janeiro, 2016, julho. Rua de paralelepípedos, nela está, hoje, o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, da UFRJ, lembrando bem a arquiduquesa da Áustria, estudiosa, em profundidade, desses assuntos. O lugar, passou a ser conhecido, pelos frequentadores, atuais, também, por Baixo Tiradentes, - e ficou povoado, à noite, de músicos, conforme reportagem, em jornal do Rio, de 12 de junho de 2016.




Símbolos imperiais, e o brasão de Dona Leopoldina.




Brasão da Princesa Leopoldina.




Capa do livro A Biografia Íntima de Leopoldina - Marsilio Cassotti - Tradução de Sandra Martha Dolinsky - Editora Planeta - São Paulo 2015.




Catarina II, a Grande. Nascida em 1729, e falecida, em 1796, próximo, também ao nascimento de Leopoldina.




Philippa de Lancastre, de descendência inglesa, esposa de João I, presente, em Mensagem, de Fernando Pessoa. Foi a mãe dos navegadores portugueses, cantados, em Os Lusíadas, de Camões. Séria, cuidadosa, culta, e mais, Leopoldina se aproxima deste arquétipo, Artemis.




A Imperatriz Amélia de Leuchtemberg, segunda esposa de D. Pedro I, que pouco viveu, no Brasil, pela guerra, em Portugal, pelo trono, a ser conquistado, por ele, para Maria da Glória, sua filha com Leopoldina, e por sua morte precoce, um pouco adiante, da morte da Imperatriz Leopoldina.




Domitila do Amaral, Marquesa de Santos.




Sala do Trono, no Palácio da Quinta da Boa Vista.




Templo de Apolo, idos tempos, no lago da Quinta da Boa Vista.




Infante D. Henrique, filho da rainha Philippa de Lancastre, de origem inglesa, e mãe dos primeiros navegantes, no chamado mar tenebroso.




Princesa Leopoldina, filha do Imperador D. Pedro II.




José Correia Picanço. Médico. Fez o primeiro parto, da Imperatriz Leopoldina.




D. Pedro I, a Imperatriz Leopoldina e seus filhos.




Lago e pés de tamarindo, na Quinta da Boa Vista, residência de Leopoldina, desde 1817.




D. Pedro II, Imperador do Brasil, e filho da Imperatriz Leopoldina.

(No  Paço,  as tranças  dos  salgueiros, à  ventura,  e  cor,  -  os  passos  das maçãs  do  rosto,  e  o cheiro  das  laranjeiras  em  flor,  no  que  vier, -  pois as  valsas  dançam  no  fogo  da  mulher,  ainda  pura).


        
FÉ,  CARÁTER, TERRA,  SABER,  NAS  LIGAÇÕES  DA  ARQUIDUQUESA  DA  ÁUSTRIA, COM  O  BRASIL.


Não  só  Villegaignon  tentou,  em  Seregipe, e  Nassau,  de  fato,  chegou,  nos   idos   do  século  XVII,  ao  Cão  sem  Plumas,  entre  os engenhos,  no nordeste,  brasileiro,  iniciante,   ainda,  e   olhando  para  o  chão  de  pau  brasil,  -  as  florestas,  bichos  antigos  no  antiquário  de  Lund,  como  de,  longe,  longe,  essas  notícias  eram  noticiadas  pelo  jesuíta,  preceptor  da  menina  arquiduquesa  Leopoldina.


Ela,  a  loura,  Leopoldina,  desde  cedo.  imaginou  como   seriam  essas  terras  encantados,  atribuindo  as  belezas  da  terra  e  sua  arca  ao  príncipe,  e  desejando  conhecê-lo  e  com  ele  fazer  filhos (retrato  na  cabeceira),  à  sua  fé  católica,  por  achar  que  ali  estava  o  bom  para  ela  viver  a  vida,  em  comum  com  o  outro,   príncipe.


Já  falando  várias  línguas,  olhando  estrelas,  e,  depois,  caçando  como  Diana,  de  São  Cristovão  a  Santa  Cruz,  sertão  ainda  não  devastado,  para  além  de  Mata  Cavalos,  e  da  Baía  de  Guanabara,  gostou  da  terra  e  ficou,  no  Paço  e  na  História. 


Por  este  mares,  nada  calmos,  e  navegados,  -  com  várias  camareiras,  austríacas,  e  gente  de  ciência  (como  Nassau),  aportou,  no  D.  João  VI,  em  1817,  desceu,  entre  diamantes,  oferecidos  mais  à  alteza  de  Francisco  José  e  seu  Ministro,  e  que  não  tinham  ainda  se  livrado  de  Napoleão,  o  corso,  com  a  lista negra  e  vermelha,  nas  mãos.


Nem  se  livrara  a  que  foi,  em  carroça  para  a  guilhotina,  Maria  Antonieta,  do  mesmo  sangue  das  mulheres,  capazes  nas  artes  e  na  cama,  de  falarem  várias  línguas  como  ela,  de  serem  princesas  e  boas   mães,  fiéis,   de  sangue  azul  e  alma  imaginária,  se  não  pudessem   crescer  como  o  príncipe  Paulo,  escolhido  por  Elizabeth,  da  Rússia,   para  ter  Catarina,  para  que  ela  e  não   ele,  refizesse   o  império  de  Pedro,  o  Grande.   


O  erro  da  História,  às   vezes,  é  não  vir  antes,  o  que  chegou  depois,  e,  da  mesma  forma,  que  ela  seguiu  os  passos  da  madrasta,  aos  treze  anos,  e  além,   nos  castelos  de  Francisco  I,  em  saber,  política  e  artes,  seu  filho,  o  segundo  Pedro,  dos  imperadores   brasileiros,   de  caminhadas  longas  como  Marco  Pólo  e  São Francisco   Xavier,   veio  de  sua  perseverança  de  ficar  como  ela  ficou,  seriamente  com  a  bússola  do  país,  nas  mãos.


Foi  grande,  souberam  os  seus  filhos,  e  as  camareiras  que  voltaram  para  a  Áustria,  e  foi  a  unidade  de  ficar,  e  de  que  o  país  precisava,  nos  trilhos  do  café,  que  sustentou  o  Império,  e  morreu  muito  antes  de  outras  belas  e  fortes  princesas,  rainhas  e  imperatrizes,  numa  época em  que  se  paria,  em  cada  Casa,  seis,  oito,  dez,  altezas,  mentiras  monstruosas,  no  trono,  como  um  cão  de  Hades,  ou  bondades  para serem  guardadas  como  camafeus,  santos,  -  a  Imperatriz  Leopoldina,  do  Brasil,  arquiduquesa  da  Áustria.


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II
Leopoldina  e    D .  Pedro  I  e  a  Ligação  pela  Música -  e  a  História.

 

Nos  interiores  brasileiros  onde   se  encontram  cidades  antigas, no  Centro  Sul,  o  Sudeste e  o  Sul,  não é  difícil,  ainda  hoje,  a  confluência  de  uma  época,  em  que  virtuoses  da  execução, em  vários  instrumentos  da  música  erudita  e  renascentista,  estão  lado  a  lado  com  os  experimentadores  modernos,  a  chamada  (ou  que  foi  chamada,  nos  idos  de  60),  no  sentido  mesmo  da  passagem,  para   o  Ocidente  (a  cultura  Ocidental,  neste  site,  I  e  II,  outras),  da  cultura  e  riqueza de  Bizâncio,  duramente  atingida  e  saqueada,  pela  4ª  Cruzada,  e  englobada  e   modificada,  pelos  sultões  otomanos,  após  Maomé  I, no  século  XV.


Tem-se  de  por  isto,  na  guarda  dos  povos   do  Ocidente,  que  o  chão,  onde  se  nasce,   é  o  chão  do  não exílio,  o  que  fica,  na  memória  arcaica,  e  isto  vale  para  os  povos antigos,  conquistadores,  inclusive  do  Ocidente,  em  idos  arcaicos  de  Genghis  Khan  (1162-1227),  mongol,  aos  conquistadores  de  Bizâncio,  e  depois  Roma,  até  Portugal  e  Espanha,  muito  antes  de  Napoleão  que  pos  em  fuga  populações  inteiras,  tal  a  natureza  cruel  de  suas  conquistas,  oriundas  do  desequilíbrio  de  poder,  após os  ideais,  iniciais  da  França  não  mais  monárquicos.  Valores  abstratos  e  legítimos  que  ficaram,  de  liberdade,  igualdade  e fraternidade,  mas  que  as  guerras  de  conquista  (onde  está  a  Áustria,  da  arquiduquesa  incluída,  duplamente,  por  fuga,  e  ascensão   ao  trono,  napoleônico,  de  Maria  Luiza,  irmã  mais  velha  e  querida  de Leopoldina,  com  correspondência,  longa  e  esmiuçada,  entre  as  duas).


Maria  Ludovica,  vinte  anos  mais  jovem  que  o  imperador  Francisco  I,  com  sete  filhos,  à  morte  de  Maria  Tereza,  e  com  ele,  aparentada,  casa-se  com  ele.    Ele  está   atraído  por suas  qualidades  e  personalidade,  não  mais  para  ter  filhos,  no  entanto.  E  Maria  Ludovica,  cumpriu  esse  papel,  de  madrasta  de  Leopoldina,  a  contento. Logo  adiante  do  novo  casamento,  com  a  italiana  de  Monza,    o  imperador  austríaco  viu-se  cercado,  de  novo,  pelas  tropas  de  Napoleão,  embora  a  Áustria  não  tivesse,  militarmente  (o  chamado  Reich,  oriental),  vocação  expansionista,  explícita,  -  mas  sua  vocação  para  a  cultura,  artes,  preciosa  educação  das  princesas,  incomodava  o  vitorioso  general  corso,  por  isto  fugir  ao  seu  controle. 


Maria  Ludovica  teve  de  fugir  com  os  filhos,  com  Leopoldina,  enquanto    a  guerra  de  conquista,  já  chegava  à  Áustria,  a  Viena,  que  capitulou.  A  educação,  no  entanto,  de  Leopoldina,  não  foi  interrompida,    tanto,  em  Buda,  como na  Checoslováquia,  onde  se  exilaram.


Desta  forma,  não  é  surpresa,  saber,  que  no  retiro  de  São  Cristóvão,  na  Quinta  da  Boa  Vista,  nas  noites  em  que  estava  em  casa  ( não  eram  todas,   -  por  reuniões  políticas,  administrativas,  e  também  por  amante,  a primeira  delas  Noemi  Thierry,  dançarina  em  teatro,  filha  de  pai  artista).  Inteiramente  ligada  a  D.  Pedro,  na  aparência,  ela   o  levou  para  a  vida,  aberta,  à  noite,  na  cidade,  originando-se  um  filho,  da  relação,  é  dito,  levado  para  áreas  do  nordeste,  com  a  participação  de  Carlota  Joaquina,  opositora  dos  portugueses,  mas  cônscia,  sobretudo,  e  guardiã  das  entranhas  da  nobreza,  casando  filhas,  desta  transmigração,  com  nobres  espanhóis.   Noemi  e  outras,  podem  explicar  o  procedimento,  contínuo,  e  contraditório,  com  a  loquaz  e  abruta,  na  sinceridade,  e  busca  da  verdade,  de  Leopoldina,  no  pequeno  palácio  de  São  Cristóvão,  para  quem  fora  criada  no  grande  Palácio  Austríaco,  e  conhecera  e  se  hospedara  em  outros,  por  toda  a  Europa.  


Visitara  com  detalhes  e  longo  interesse,  as  relíquias  históricas  em  Pádua   (Giotto,  neste  site),  em  Veneza,  Florença,  na  sua  longa  espera,  com   sua  irmã  Maria  Luiza,  -   a  futura  esposa,  logo  adiante,   de  Napoleão  Bonaparte,   -  da   chegada  a  Livorno  do  D.  João  VI.


Atrasou-se,  ele,  por  alta  remodelação, e  pela  revolução  Pernambucana,  cuja  vitória,  não  da  elite  portuguesa  no  Brasil,  mas da  população  negra,  a  que  ela  se  mostrava  simpática,  como  aos  índios,  estudiosa  da  natureza  e  das  origens  das  civilizações.


Toma,  nela,  a  sua  forma  arquetípica,  o  mito  de  Diana  (Artemis,   gêmea  de  Apolo,  o  "lindíssimo"   príncipe  dos  trópicos  (Tróia).  Eis  que,   D.  Pedro,  com  o  manto  de  herói,  mais  tarde,  nas  batalhas,   do  Porto  e  de  Lisboa,  é vitorioso  e  mártir.    A  imperatriz   Leopoldina,  não  mais  aqui,  nessas  lutas,  finais,  de  D.  Pedro  contra  Carlota  Joaquina,  a  verdadeira  opositora,   da  Imperatriz,  na  Quinta  da  Boa  Vista,  é  a  que  nada  usufruiu,  em  vida,  por  tanta  devoção  e  luz.


D.  Pedro,  que  foi  criado  na  rua,  após  a  transmigração,  deixando  ao  léu,  por  impossibilidade  no  Brasil  primitivo,  a  educação  programada  e  sofisticada  de  muitas  famílias  reais.  européias,  como  a  de  Bragança.   Não  entendeu,  ele,  ou  não  captou,  esse  reviver  do  mito  de  Artemis,  Apolo,  na  chegada,  instalação  e  o  fico,  novo  (grávida),  de  Leopoldina,  capaz  de  trocar  as  brilhantes  pedrarias  européias,  pelas  vivências  e  conhecimento,  nos  trópicos,  sempre uma  austríaca,  dos  Habsburgos.


Nada  tem  de  surpreendente.   Aos  nove  anos,  veio  para  um  país,    e  o  terreno,  histórico,  era  complexo,  aqui  mesmo,  na  Baía   de  Guanabara.


Deixaram  a  antropofagia,  além  do  trabalho  de  conversão  dos  religiosos,     uma  parte  de   dos  seus  habitantes  índios,  nesta  área,         por  um  processo  nada  sofisticado  do  governador  Salema,  antes  de  aqui  se  instalar,  -   o  de  por,  talvez  sem  perceber  o  dano,  à sujeição  de  contágio,  -    roupas  a  serem  usadas,  nas  tabas  indígenas,  com  o  vírus  da  varíola,  que  os  dizimou,  em  massa.


Fora  de  São  Cristóvão,  das  laranjeiras  e  flores,  jasmins  do  Cabo,  do  Paço,  teve  o  príncipe,  de  conviver  com  a lama  e  os  dejetos,   na  rua,  -  mas  logo  ali,  o  bom  clima,  de  natureza  conservada,  em  Santa  Cruz,  formavam  o  contraste  diário  (e  oposto  à  criação  de  seu  filho,  com  Leopoldina,  D.  Pedro  II),  que,  fora  a  música,  algumas  atitudes  administrativas,  e  épicas,  de  ágil  combatente,  adiante,  -  deixou-o  muito  longe  da  criação,  ao  lado  da  imperatriz  para o  duo  com   a  deusa,  transcendente  à  mesquinharia,  na  terra.    Isto,  no  entanto,  tomava  forma,  às  noites,  quando  Leopoldina  se  sentava  ao  piano,  e  Pedro  cantava  com  sua  voz,  de   baixo,  sonora.


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Antes  de  embarcar  para  o  Brasil,  no  porto  de  Livorno,  no  giro  com  sua  irmã  Maria  Luiza,  em  cidades,  marcos  da  cultura  européia  e  italiana,  em  Florença,  Leopoldina  foi  a  bailes,   e  o  seu  biógrafo  relata  carta  a  uma  antiga  preceptora,  não  parece  aceitar,  tal  o  sem  limites.      Comprometida  com  valores  católicos,  e  com    D.  Pedro,  -  os  bailes  ligados  aos  seus  hospedeiros,  não  servem.   Disse,  por  escrito,  "irei  ser  boa  esposa,  fiel  e  companheira",   e não  cede  por  um  minuto,  sequer,  ao  ambiente,  em  crescendo,  libertino  dos  bailes,  inclusive  com  a  participação  das  primas,  em  busca  do  prazer,  apenas.  Na  sua  ingenuidade  e  reação  às  aparências,  como  fim,  nas  vivências  européias,  traz,  Leopoldina,  jovem  e  virgem,  à  preceptora,  uma  escolha,  que  referendaria  até  o  fim,  não  percebendo  ela,  que  o  músico,  o  que  não  veio,  inteiro,  na  transmigração,  ressurgia,  em  D.  Pedro,  nos  momentos  de  busca  de  equilíbrio.  Leopoldina,  em  sua  fé,   e  com  duas  mães  boas,  Maria  Tereza,  musical,  que  tocava  e  cantava,  o  clássico,  com  os  seus,  e  Maria  Ludovica,  que,  forte,  exilou-se  com  ela,  na  invasão  napoleônica,  não  deixando  de  serem  aprimorados  seus  estudos,  na  grande  dificuldade  de  contínuos   asilos,  no  conflito.


Seria,  é  o  possível,  uma  companheira   ideal  para  um  príncipe  regente,  aqui  nascido  e  aqui  criado,  pois  o  que  chegou  aos  nove  anos,  não  tinha  ainda  incorporado,  nele,  a  Europa   e  sua  aristocracia,  melhor,  como  se  passava  na  Inglaterra,  Dinamarca,  outros  países  nórdicos,   na   própria  Península,  e  entre  os  Habsburgo,  na  Áustria.  Neste  caminho,  no  mesmo  século,  um  pouco  depois,  a  Rainha  Vitória  foi  muito  bem  sucedida,  com  seu  império,  sólido,   o  que  não  aconteceu  com  D.  Pedro,  sem  o  pai  e  sem  mãe,  antes  da  puberdade,  estressado  por  sua  adolescência  perdida,   por  uma  precoce  coroação  aos  quinze  anos.


Fazer  filhos  nobres  era  legado  insuficiente  para  rainhas  como  a  rainha  Vitória,  e  certamente  para  Catarina,  a  Grande,  que  teve  de  destronar  o  czar,  infantil,  para  seguir  um  caminho  próprio,  tortuoso,  mas  pleno,  como  grande  carina.    


Era  menos  para  Leopoldina,  imperatriz  apta  a  procriar  com  gosto  e  afeto,  e  poderia  ficar  à  sombra  ou  junto  ao  imperador,  sem  desejo  de  mando,  mas  o  enorme  esforço  que  fez  para  tentar  cativar  um  homem  da  rua,  fora  do  leito,  -  procurando  educá-lo  e compartilhando, com  ele,  dos  estudos,  em  comum,  desgastou-a.  Na  música,  tocando  vários  instrumentos,  de  corda  e  sopro,  e  bem,  com  boa  base  teórica  de  leitura  da  pauta  e  composição,  ela  o  seguia,  com  atenção,  na  aprendizagem.  Mas,  no  oposto,  quando  ele  exercia  a  função  de  professor  de  português,  a  decepção  foi  grande,  não  só  pela  sintaxe  insuficiente  para  a  escrita,  muito  aquém  da  pauta  musical,  mas,  e  o  pior,  pelo  vocabulário  a  ela  ensinado,  em  português,  -  o  que  D.  Pedro  tinha  aprendido  aqui,  desde  os  nove  anos,  -  o  que  mostra  o  apego  da  mãe  ao  irmão,  Miguel,  desinteresse   pelo  português  falado,  no  Brasil,  e  ausência  do  pai,       D.  João   VI,  no  convívio  diário,   fato  não  surpreendente  pelo  aspecto  obeso,  paterno,   oposto  ao  que  permitia  as  diárias  atividades  físicas  do  filho  mais  velho. D.  Pedro,  cheio  de  qualidades,  a  serem  desenvolvidas,  intelectuais,  não  à   margem  de  D,  João,  não  tivera  preceptor,  capaz  ou  viril  como  ele,  e  Leopoldina  isto  viu,  quando  começou  a  estudar  história  com  ele,  onde  ressaltava,  nele,   a  figura  de  Napoleão,  de  que  ela,  por  sua  irmã  Maria Luiza,  sabia  fatos,  ao  vivo,  que  prendiam  a  atenção  do  príncipe  brasileiro.


Na  língua  portuguesa,  a  dupla  decepção.  Sem  formação  no  português  de  Portugal,  o  preceptor  de  Coimbra,   não  veio,  e  sem  alguém  de  peso,  aqui,   que  orientasse  sua  educação,  D.  Pedro  aprendeu  tudo  sozinho,  e  na  rua,  com  os  Chalaças,  e  mais,  na  porrada  mesmo,  que  não  fugia  da  luta,  e  a  dupla  decepção   em  Leopoldina,  quando  em  contrapartida,  dos  conhecimentos  gerais  e  línguas  estrangeiras,  onde  ela  era  a  professora,  e  à  música,  parcialmente  aluna,  -  descobriu  que  boa  parte  do  vocabulário,  a  ela  ensinado  era  chulo,  inadequado  para  uma  mulher,  não  barraqueira,  e  inadmissível  para  uma  pessoa  de  seu  nível,  aristocrata  culta,  e  o  pior,  continha  palavras  de  baixo  calão,  do  dia  a  dia  de  D.   Pedro  e  das  mulheres  que  com  ele  convivia,  na  rua,  pois  era  a  uma  mulher  que  ele,  dizia,  ensinar.


É  possível  imaginar  que,  com  seu  temperamento,  rebelde,  como  viu  sua  madrasta,  Maria  Ludovica,  a  tendência  de  Leopoldina,  fosse  reagir,  a  esses  contínuos  desencantos,  mas  suportáveis,  já  que  o  príncipe  não  se  negasse a  aprender,  e  reeducado,  sem  protestos  maiores,  talvez  alguma  humilhação  por  sua  ignorância,  de  que  não  era  o  principal  responsável.  O  autodidatismo  precisa  de  um  mínimo  de  ignição,  e  o  círculo  vicioso  de  não  saber,  e  não  ter  um  lugar  grupal  (nem  de  um  bom  preceptor),  para  aprender,  leva,  para  um  não  isolamento,  autista,  a  um  predomínio  da  rua,  de  baixo  nível,  na  época,  a  uma  prevalência  na  formação  de  quem  ali  convive.  O  que  se  deu  com  D.  Pedro.


A  arquiduquesa  Leopoldina,  de  formação  intelectual,  artística  e  científica  esmerada,  passou  a  ajudar  o  marido  a  tentar  preencher,  por  estudos  contínuos,  essas  lacunas,  fruto  da  transmigração  abrupta  da  família  real,  ele,  um  menino  ainda. 


Cuidou  também  de  participar  de  seus  hábitos,  na  natureza,  para  isto  se  aprimorando  em  suas  aulas  de  equitação,  e  manejando  melhor  com  as  armas  de  caça,  usando  para  isto  as  matas  em  torno  da  fazenda  de  Santa  Cruz,  o  que  melhorava  a  sua  e  a  auto  estima  de D.  Pedro,  mas  talvez  não  aliviasse  muito  a  desigualdade  das  duas  histórias,  na  aristocracia  européia,  agravada  pela  formação  de D.  Pedro,  cortada  em  Portugal,  injustamente,  talvez  para  ele,  -  bela,  por  dentro,  e  demais  para  ele,  aquela  fada.


Ativou,  para  isto,   o  que  imaginava  ser  seu  ponto  forte,  não  deixando,  no  entanto  de  engravidar  a  esposa,  com  frequência,  e  sem  deixá-la   dormir  muitas  noites,  como  dizia  Leopoldina,  nas  cartas,  antes  da  situação  conjugal  se  agravar,  a  sua  irmã  Maria Luiza,  já  grávida  de  Napoleão  Bonaparte.


A  sucessão  de  amantes,  uma  por  período,  geralmente,  transformou-se,  com  o  tempo,  em  algo  mais  grave,  mostrando,  talvez,  que  a  artista  Noemi,  e  o  filho,  que  não  conheceu,  não  tinham  sido  esquecidos.


As  aparições  com  Domitila  em  público,  se  amiudaram.  D.  Pedro  II,  pequeno,  deve  ter  presenciado  cenas  estressantes,  pois,  finalmente,  Leopoldina,  também   pelos  filhos,    -  passou  a  não  aceitar,  explicitamente,  não  a  mulher,   a  outra,  mas  a  exposição  humilhante  a  que  estava  submetida,  ela  e  os  seus.  E  o  gênio  que  Maria  Ludovica,  detectou,  como  algo  explosivo,  se  reprimido,  na  sua  franqueza,  verdadeira,  em  Leopoldina  deve  ter  aflorado.  Logo,  na  maioria  das  vezes,  reprimido,  com  esforço.  São  Cristóvão  não  tina  testemunhas  inconvenientes,  mas  não  tinha  aliados  ou  vizinhos. 


Parte  da  nobreza  austríaca  já  se  fora,  talvez  mesmo  pela  realidade,  da  vida,  ali,  após  a  ida  de  D.  João  VI  para  Portugal,  e  o  vazio  de  muitos  quartos,  na  Quinta  da  Boa  Vista.


Fizeram-na,  a  Arquiduquesa  da  Áustria,  Leopoldina,  casar  com  três  meses  de  viagem,  no  mar,  além  de  outros  tantos,  no  porto  de  Livorno,  com  sua  irmã,  Arquiduquesa  Maria  Luíza,  esperando  o  navio  D.  João  VI,  transformado  num  conto  de  fadas  flutuante,  com  a  anuência  de  Metternich,  Marialva  e  Vila  Seca,   o  primeiro,  austríaco,   Ministro  de  Francisco  José,  que  convivera  com  ela  no  Palácio  de  Schönbrunn,  em  Viena,  todos,  nos  negócios  do  Brasil,  de  que  já  se  escrevia,  a  respeito  de  Maurício  de  Nassau  e  do  Duque  de  Bragança,  no  nordeste,  século  XVII.


Ela  quis  e  ficou,  por  sua  visão  de  um  país,  como  Artemis  (e  Apolo,  seu  irmão)  sempre  quis,  imerso  na  natureza  onde  céu  e  terra  se  confundem  e  se  distinguem.


O  site,  fica,  e  com a  Imperatriz   Leopoldina.


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RIO  DE  JANEIRO,  25  DE  AGOSTO  D E  2016
LUIZ  PAIVA  DE  CASTRO
LUIZ  (DE  PAULA)  PAIVA  DE  CASTRO


(REGISTRADO,  NO  ESCRITÓRIO  DE  D IREITOS  AUTORAIS, DA  FUNDAÇÃO  BIBLIOTECA  NACIONAL.  DO  LIVRO,  LINKS,  AO  VIVO,  NO  PAPEL,   DE  LUIZ  PAIVA  DE  CASTRO)

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