Luiz Paiva de Castro
IMPERATRIZ LEOPOLDINA
Princesa Leopoldina, arquiduquesa da Áustria e Imperatriz do Brasil.
Desembarque da Princesa Leopoldina, no Brasil, em novembro de 1817, no Rio de Janeiro. A Família Real, escapando das tropas de Napoleão Bonaparte, em 1808, tinha seu Paço Real na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. Casada, por procuração, com o Príncipe D. Pedro, ali passou sua primeira noite, no Brasil, sempre, e durante bom tempo, com referências elogiosas ao marido e ao país. O país, nunca a desagradou, por sua natureza, - importante, sempre, por suas vivências, na Áustria, no Palácio de Schönbrunn.
Palácio de Schönbrunn, nas cercanias de Viena.
D, Pedro I, Imperador do Brasil.
O FICO, de D . Pedro I, em resposta à ordem, das Cortes de Lisboa, para que retornasse a Portugal, onde já estava D. João VI, preservando a Coroa para a Dinastia dos Bragança. A Imperatriz Leopoldina foi firme e fundamental, na atitude, - início de um novo Reino, nos trópicos.
A Imperatriz Leopoldina e seus filhos, com D . Pedro I, melhor dizendo, na legenda.
D. Pedro II.
Arquiduquesa Maria Luiza, irmã mais velha de Leopoldina, e para quem mantinha, do Brasil, constante correspondência, por cartas.
Retrato da Imperatriz Leopoldina.
Maria II, de Portugal, filha de Maria Leopoldina, da Áustria, e D. Pedro I, do Brasil (D. Pedro IV, de Portugal). Para assumir o trono, houve guerra, no Porto e Lisboa, em Portugal, entre as tropas leais a Miguel, irmão de D . Pedro e a Carlota Joaquina, e as fiéis a D . Pedro, D. Pedro IV, em Portugal, - já em segundo casamento.
Metternich. Ministro de Assuntos Estrangeiros, da Áustria, aos tempos do casamento por procuração, da Arquiduquesa Leopoldina.
Maria II, de Portugal, filha de Leopoldina e de D. Pedro I.
D. Pedro II, aos dez meses de idade.
D. Pedro II, aos 12 anos.
D. Pedro II, aos 20 anos.
D . Pedro II, pequeno.
Família Real do Brasil, em São Cristóvão, Quinta da Boa Vista, no dia da extinção do Império, no Brasil, Fotografia de Otto Hees.
Imperatriz Leopoldina.
Rua Imperatriz Leopoldina, na Praça Tiradentes, Centro, Rio de Janeiro, 2016, julho. Rua de paralelepípedos, nela está, hoje, o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, da UFRJ, lembrando bem a arquiduquesa da Áustria, estudiosa, em profundidade, desses assuntos. O lugar, passou a ser conhecido, pelos frequentadores, atuais, também, por Baixo Tiradentes, - e ficou povoado, à noite, de músicos, conforme reportagem, em jornal do Rio, de 12 de junho de 2016.
Símbolos imperiais, e o brasão de Dona Leopoldina.
Brasão da Princesa Leopoldina.
Capa do livro A Biografia Íntima de Leopoldina - Marsilio Cassotti - Tradução de Sandra Martha Dolinsky - Editora Planeta - São Paulo 2015.
Catarina II, a Grande. Nascida em 1729, e falecida, em 1796, próximo, também ao nascimento de Leopoldina.
Philippa de Lancastre, de descendência inglesa, esposa de João I, presente, em Mensagem, de Fernando Pessoa. Foi a mãe dos navegadores portugueses, cantados, em Os Lusíadas, de Camões. Séria, cuidadosa, culta, e mais, Leopoldina se aproxima deste arquétipo, Artemis.
A Imperatriz Amélia de Leuchtemberg, segunda esposa de D. Pedro I, que pouco viveu, no Brasil, pela guerra, em Portugal, pelo trono, a ser conquistado, por ele, para Maria da Glória, sua filha com Leopoldina, e por sua morte precoce, um pouco adiante, da morte da Imperatriz Leopoldina.
Domitila do Amaral, Marquesa de Santos.
Sala do Trono, no Palácio da Quinta da Boa Vista.
Templo de Apolo, idos tempos, no lago da Quinta da Boa Vista.
Infante D. Henrique, filho da rainha Philippa de Lancastre, de origem inglesa, e mãe dos primeiros navegantes, no chamado mar tenebroso.
Princesa Leopoldina, filha do Imperador D. Pedro II.
José Correia Picanço. Médico. Fez o primeiro parto, da Imperatriz Leopoldina.
D. Pedro I, a Imperatriz Leopoldina e seus filhos.
Lago e pés de tamarindo, na Quinta da Boa Vista, residência de Leopoldina, desde 1817.
D. Pedro II, Imperador do Brasil, e filho da Imperatriz Leopoldina.
(No Paço, as tranças dos salgueiros, à ventura, e cor, - os passos das maçãs do rosto, e o cheiro das laranjeiras em flor, no que vier, - pois as valsas dançam no fogo da mulher, ainda pura).
FÉ, CARÁTER, TERRA, SABER, NAS LIGAÇÕES DA ARQUIDUQUESA DA ÁUSTRIA, COM O BRASIL.
Não só Villegaignon tentou, em Seregipe, e Nassau, de fato, chegou, nos idos do século XVII, ao Cão sem Plumas, entre os engenhos, no nordeste, brasileiro, iniciante, ainda, e olhando para o chão de pau brasil, - as florestas, bichos antigos no antiquário de Lund, como de, longe, longe, essas notícias eram noticiadas pelo jesuíta, preceptor da menina arquiduquesa Leopoldina.
Ela, a loura, Leopoldina, desde cedo. imaginou como seriam essas terras encantados, atribuindo as belezas da terra e sua arca ao príncipe, e desejando conhecê-lo e com ele fazer filhos (retrato na cabeceira), à sua fé católica, por achar que ali estava o bom para ela viver a vida, em comum com o outro, príncipe.
Já falando várias línguas, olhando estrelas, e, depois, caçando como Diana, de São Cristovão a Santa Cruz, sertão ainda não devastado, para além de Mata Cavalos, e da Baía de Guanabara, gostou da terra e ficou, no Paço e na História.
Por este mares, nada calmos, e navegados, - com várias camareiras, austríacas, e gente de ciência (como Nassau), aportou, no D. João VI, em 1817, desceu, entre diamantes, oferecidos mais à alteza de Francisco José e seu Ministro, e que não tinham ainda se livrado de Napoleão, o corso, com a lista negra e vermelha, nas mãos.
Nem se livrara a que foi, em carroça para a guilhotina, Maria Antonieta, do mesmo sangue das mulheres, capazes nas artes e na cama, de falarem várias línguas como ela, de serem princesas e boas mães, fiéis, de sangue azul e alma imaginária, se não pudessem crescer como o príncipe Paulo, escolhido por Elizabeth, da Rússia, para ter Catarina, para que ela e não ele, refizesse o império de Pedro, o Grande.
O erro da História, às vezes, é não vir antes, o que chegou depois, e, da mesma forma, que ela seguiu os passos da madrasta, aos treze anos, e além, nos castelos de Francisco I, em saber, política e artes, seu filho, o segundo Pedro, dos imperadores brasileiros, de caminhadas longas como Marco Pólo e São Francisco Xavier, veio de sua perseverança de ficar como ela ficou, seriamente com a bússola do país, nas mãos.
Foi grande, souberam os seus filhos, e as camareiras que voltaram para a Áustria, e foi a unidade de ficar, e de que o país precisava, nos trilhos do café, que sustentou o Império, e morreu muito antes de outras belas e fortes princesas, rainhas e imperatrizes, numa época em que se paria, em cada Casa, seis, oito, dez, altezas, mentiras monstruosas, no trono, como um cão de Hades, ou bondades para serem guardadas como camafeus, santos, - a Imperatriz Leopoldina, do Brasil, arquiduquesa da Áustria.
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II
Leopoldina e D . Pedro I e a Ligação pela Música - e a História.
Nos interiores brasileiros onde se encontram cidades antigas, no Centro Sul, o Sudeste e o Sul, não é difícil, ainda hoje, a confluência de uma época, em que virtuoses da execução, em vários instrumentos da música erudita e renascentista, estão lado a lado com os experimentadores modernos, a chamada (ou que foi chamada, nos idos de 60), no sentido mesmo da passagem, para o Ocidente (a cultura Ocidental, neste site, I e II, outras), da cultura e riqueza de Bizâncio, duramente atingida e saqueada, pela 4ª Cruzada, e englobada e modificada, pelos sultões otomanos, após Maomé I, no século XV.
Tem-se de por isto, na guarda dos povos do Ocidente, que o chão, onde se nasce, é o chão do não exílio, o que fica, na memória arcaica, e isto vale para os povos antigos, conquistadores, inclusive do Ocidente, em idos arcaicos de Genghis Khan (1162-1227), mongol, aos conquistadores de Bizâncio, e depois Roma, até Portugal e Espanha, muito antes de Napoleão que pos em fuga populações inteiras, tal a natureza cruel de suas conquistas, oriundas do desequilíbrio de poder, após os ideais, iniciais da França não mais monárquicos. Valores abstratos e legítimos que ficaram, de liberdade, igualdade e fraternidade, mas que as guerras de conquista (onde está a Áustria, da arquiduquesa incluída, duplamente, por fuga, e ascensão ao trono, napoleônico, de Maria Luiza, irmã mais velha e querida de Leopoldina, com correspondência, longa e esmiuçada, entre as duas).
Maria Ludovica, vinte anos mais jovem que o imperador Francisco I, com sete filhos, à morte de Maria Tereza, e com ele, aparentada, casa-se com ele. Ele está atraído por suas qualidades e personalidade, não mais para ter filhos, no entanto. E Maria Ludovica, cumpriu esse papel, de madrasta de Leopoldina, a contento. Logo adiante do novo casamento, com a italiana de Monza, o imperador austríaco viu-se cercado, de novo, pelas tropas de Napoleão, embora a Áustria não tivesse, militarmente (o chamado Reich, oriental), vocação expansionista, explícita, - mas sua vocação para a cultura, artes, preciosa educação das princesas, incomodava o vitorioso general corso, por isto fugir ao seu controle.
Maria Ludovica teve de fugir com os filhos, com Leopoldina, enquanto a guerra de conquista, já chegava à Áustria, a Viena, que capitulou. A educação, no entanto, de Leopoldina, não foi interrompida, tanto, em Buda, como na Checoslováquia, onde se exilaram.
Desta forma, não é surpresa, saber, que no retiro de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, nas noites em que estava em casa ( não eram todas, - por reuniões políticas, administrativas, e também por amante, a primeira delas Noemi Thierry, dançarina em teatro, filha de pai artista). Inteiramente ligada a D. Pedro, na aparência, ela o levou para a vida, aberta, à noite, na cidade, originando-se um filho, da relação, é dito, levado para áreas do nordeste, com a participação de Carlota Joaquina, opositora dos portugueses, mas cônscia, sobretudo, e guardiã das entranhas da nobreza, casando filhas, desta transmigração, com nobres espanhóis. Noemi e outras, podem explicar o procedimento, contínuo, e contraditório, com a loquaz e abruta, na sinceridade, e busca da verdade, de Leopoldina, no pequeno palácio de São Cristóvão, para quem fora criada no grande Palácio Austríaco, e conhecera e se hospedara em outros, por toda a Europa.
Visitara com detalhes e longo interesse, as relíquias históricas em Pádua (Giotto, neste site), em Veneza, Florença, na sua longa espera, com sua irmã Maria Luiza, - a futura esposa, logo adiante, de Napoleão Bonaparte, - da chegada a Livorno do D. João VI.
Atrasou-se, ele, por alta remodelação, e pela revolução Pernambucana, cuja vitória, não da elite portuguesa no Brasil, mas da população negra, a que ela se mostrava simpática, como aos índios, estudiosa da natureza e das origens das civilizações.
Toma, nela, a sua forma arquetípica, o mito de Diana (Artemis, gêmea de Apolo, o "lindíssimo" príncipe dos trópicos (Tróia). Eis que, D. Pedro, com o manto de herói, mais tarde, nas batalhas, do Porto e de Lisboa, é vitorioso e mártir. A imperatriz Leopoldina, não mais aqui, nessas lutas, finais, de D. Pedro contra Carlota Joaquina, a verdadeira opositora, da Imperatriz, na Quinta da Boa Vista, é a que nada usufruiu, em vida, por tanta devoção e luz.
D. Pedro, que foi criado na rua, após a transmigração, deixando ao léu, por impossibilidade no Brasil primitivo, a educação programada e sofisticada de muitas famílias reais. européias, como a de Bragança. Não entendeu, ele, ou não captou, esse reviver do mito de Artemis, Apolo, na chegada, instalação e o fico, novo (grávida), de Leopoldina, capaz de trocar as brilhantes pedrarias européias, pelas vivências e conhecimento, nos trópicos, sempre uma austríaca, dos Habsburgos.
Nada tem de surpreendente. Aos nove anos, veio para um país, e o terreno, histórico, era complexo, aqui mesmo, na Baía de Guanabara.
Deixaram a antropofagia, além do trabalho de conversão dos religiosos, uma parte de dos seus habitantes índios, nesta área, por um processo nada sofisticado do governador Salema, antes de aqui se instalar, - o de por, talvez sem perceber o dano, à sujeição de contágio, - roupas a serem usadas, nas tabas indígenas, com o vírus da varíola, que os dizimou, em massa.
Fora de São Cristóvão, das laranjeiras e flores, jasmins do Cabo, do Paço, teve o príncipe, de conviver com a lama e os dejetos, na rua, - mas logo ali, o bom clima, de natureza conservada, em Santa Cruz, formavam o contraste diário (e oposto à criação de seu filho, com Leopoldina, D. Pedro II), que, fora a música, algumas atitudes administrativas, e épicas, de ágil combatente, adiante, - deixou-o muito longe da criação, ao lado da imperatriz para o duo com a deusa, transcendente à mesquinharia, na terra. Isto, no entanto, tomava forma, às noites, quando Leopoldina se sentava ao piano, e Pedro cantava com sua voz, de baixo, sonora.
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Antes de embarcar para o Brasil, no porto de Livorno, no giro com sua irmã Maria Luiza, em cidades, marcos da cultura européia e italiana, em Florença, Leopoldina foi a bailes, e o seu biógrafo relata carta a uma antiga preceptora, não parece aceitar, tal o sem limites. Comprometida com valores católicos, e com D. Pedro, - os bailes ligados aos seus hospedeiros, não servem. Disse, por escrito, "irei ser boa esposa, fiel e companheira", e não cede por um minuto, sequer, ao ambiente, em crescendo, libertino dos bailes, inclusive com a participação das primas, em busca do prazer, apenas. Na sua ingenuidade e reação às aparências, como fim, nas vivências européias, traz, Leopoldina, jovem e virgem, à preceptora, uma escolha, que referendaria até o fim, não percebendo ela, que o músico, o que não veio, inteiro, na transmigração, ressurgia, em D. Pedro, nos momentos de busca de equilíbrio. Leopoldina, em sua fé, e com duas mães boas, Maria Tereza, musical, que tocava e cantava, o clássico, com os seus, e Maria Ludovica, que, forte, exilou-se com ela, na invasão napoleônica, não deixando de serem aprimorados seus estudos, na grande dificuldade de contínuos asilos, no conflito.
Seria, é o possível, uma companheira ideal para um príncipe regente, aqui nascido e aqui criado, pois o que chegou aos nove anos, não tinha ainda incorporado, nele, a Europa e sua aristocracia, melhor, como se passava na Inglaterra, Dinamarca, outros países nórdicos, na própria Península, e entre os Habsburgo, na Áustria. Neste caminho, no mesmo século, um pouco depois, a Rainha Vitória foi muito bem sucedida, com seu império, sólido, o que não aconteceu com D. Pedro, sem o pai e sem mãe, antes da puberdade, estressado por sua adolescência perdida, por uma precoce coroação aos quinze anos.
Fazer filhos nobres era legado insuficiente para rainhas como a rainha Vitória, e certamente para Catarina, a Grande, que teve de destronar o czar, infantil, para seguir um caminho próprio, tortuoso, mas pleno, como grande carina.
Era menos para Leopoldina, imperatriz apta a procriar com gosto e afeto, e poderia ficar à sombra ou junto ao imperador, sem desejo de mando, mas o enorme esforço que fez para tentar cativar um homem da rua, fora do leito, - procurando educá-lo e compartilhando, com ele, dos estudos, em comum, desgastou-a. Na música, tocando vários instrumentos, de corda e sopro, e bem, com boa base teórica de leitura da pauta e composição, ela o seguia, com atenção, na aprendizagem. Mas, no oposto, quando ele exercia a função de professor de português, a decepção foi grande, não só pela sintaxe insuficiente para a escrita, muito aquém da pauta musical, mas, e o pior, pelo vocabulário a ela ensinado, em português, - o que D. Pedro tinha aprendido aqui, desde os nove anos, - o que mostra o apego da mãe ao irmão, Miguel, desinteresse pelo português falado, no Brasil, e ausência do pai, D. João VI, no convívio diário, fato não surpreendente pelo aspecto obeso, paterno, oposto ao que permitia as diárias atividades físicas do filho mais velho. D. Pedro, cheio de qualidades, a serem desenvolvidas, intelectuais, não à margem de D, João, não tivera preceptor, capaz ou viril como ele, e Leopoldina isto viu, quando começou a estudar história com ele, onde ressaltava, nele, a figura de Napoleão, de que ela, por sua irmã Maria Luiza, sabia fatos, ao vivo, que prendiam a atenção do príncipe brasileiro.
Na língua portuguesa, a dupla decepção. Sem formação no português de Portugal, o preceptor de Coimbra, não veio, e sem alguém de peso, aqui, que orientasse sua educação, D. Pedro aprendeu tudo sozinho, e na rua, com os Chalaças, e mais, na porrada mesmo, que não fugia da luta, e a dupla decepção em Leopoldina, quando em contrapartida, dos conhecimentos gerais e línguas estrangeiras, onde ela era a professora, e à música, parcialmente aluna, - descobriu que boa parte do vocabulário, a ela ensinado era chulo, inadequado para uma mulher, não barraqueira, e inadmissível para uma pessoa de seu nível, aristocrata culta, e o pior, continha palavras de baixo calão, do dia a dia de D. Pedro e das mulheres que com ele convivia, na rua, pois era a uma mulher que ele, dizia, ensinar.
É possível imaginar que, com seu temperamento, rebelde, como viu sua madrasta, Maria Ludovica, a tendência de Leopoldina, fosse reagir, a esses contínuos desencantos, mas suportáveis, já que o príncipe não se negasse a aprender, e reeducado, sem protestos maiores, talvez alguma humilhação por sua ignorância, de que não era o principal responsável. O autodidatismo precisa de um mínimo de ignição, e o círculo vicioso de não saber, e não ter um lugar grupal (nem de um bom preceptor), para aprender, leva, para um não isolamento, autista, a um predomínio da rua, de baixo nível, na época, a uma prevalência na formação de quem ali convive. O que se deu com D. Pedro.
A arquiduquesa Leopoldina, de formação intelectual, artística e científica esmerada, passou a ajudar o marido a tentar preencher, por estudos contínuos, essas lacunas, fruto da transmigração abrupta da família real, ele, um menino ainda.
Cuidou também de participar de seus hábitos, na natureza, para isto se aprimorando em suas aulas de equitação, e manejando melhor com as armas de caça, usando para isto as matas em torno da fazenda de Santa Cruz, o que melhorava a sua e a auto estima de D. Pedro, mas talvez não aliviasse muito a desigualdade das duas histórias, na aristocracia européia, agravada pela formação de D. Pedro, cortada em Portugal, injustamente, talvez para ele, - bela, por dentro, e demais para ele, aquela fada.
Ativou, para isto, o que imaginava ser seu ponto forte, não deixando, no entanto de engravidar a esposa, com frequência, e sem deixá-la dormir muitas noites, como dizia Leopoldina, nas cartas, antes da situação conjugal se agravar, a sua irmã Maria Luiza, já grávida de Napoleão Bonaparte.
A sucessão de amantes, uma por período, geralmente, transformou-se, com o tempo, em algo mais grave, mostrando, talvez, que a artista Noemi, e o filho, que não conheceu, não tinham sido esquecidos.
As aparições com Domitila em público, se amiudaram. D. Pedro II, pequeno, deve ter presenciado cenas estressantes, pois, finalmente, Leopoldina, também pelos filhos, - passou a não aceitar, explicitamente, não a mulher, a outra, mas a exposição humilhante a que estava submetida, ela e os seus. E o gênio que Maria Ludovica, detectou, como algo explosivo, se reprimido, na sua franqueza, verdadeira, em Leopoldina deve ter aflorado. Logo, na maioria das vezes, reprimido, com esforço. São Cristóvão não tina testemunhas inconvenientes, mas não tinha aliados ou vizinhos.
Parte da nobreza austríaca já se fora, talvez mesmo pela realidade, da vida, ali, após a ida de D. João VI para Portugal, e o vazio de muitos quartos, na Quinta da Boa Vista.
Fizeram-na, a Arquiduquesa da Áustria, Leopoldina, casar com três meses de viagem, no mar, além de outros tantos, no porto de Livorno, com sua irmã, Arquiduquesa Maria Luíza, esperando o navio D. João VI, transformado num conto de fadas flutuante, com a anuência de Metternich, Marialva e Vila Seca, o primeiro, austríaco, Ministro de Francisco José, que convivera com ela no Palácio de Schönbrunn, em Viena, todos, nos negócios do Brasil, de que já se escrevia, a respeito de Maurício de Nassau e do Duque de Bragança, no nordeste, século XVII.
Ela quis e ficou, por sua visão de um país, como Artemis (e Apolo, seu irmão) sempre quis, imerso na natureza onde céu e terra se confundem e se distinguem.
O site, fica, e com a Imperatriz Leopoldina.
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RIO DE JANEIRO, 25 DE AGOSTO D E 2016
LUIZ PAIVA DE CASTRO
LUIZ (DE PAULA) PAIVA DE CASTRO
(REGISTRADO, NO ESCRITÓRIO DE D IREITOS AUTORAIS, DA FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. DO LIVRO, LINKS, AO VIVO, NO PAPEL, DE LUIZ PAIVA DE CASTRO)
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