O Estudo dos Animais Peçonhentos nasce, nacionalmente, no Estado da Bahia com os trabalhos de Otto Wucherer (1820-1873), o primeiro a estabelecer uma relação entre a zoologia, à clínica e terapêutica dos acidentes por serpentes no Brasil. Foi o primeiro herpetólogo a atuar neste País, onde, durante 22 anos, de 1860 a 1872, coletou, identificou e descreveu novas espécies da fauna brasileira, particularmente as serpentes.

Além disso, neste período manteve correspondência com o médico alemão, Albrecht Karl Ludwig Gotthilf Günther (1830-1914), zoólogo do Natural History Museum (Museu de História Natural de Londres), a quem enviou diversos exemplares de peixes, anfíbios e répteis (lagartos e serpentes), descritas por ele e por outros pesquisadores. Em função de sua prática clínica e interesse pela história natural, foi o primeiro a registrar o ofidismo no Brasil, descrever sistematicamente as características das serpentes de importância médica e os efeitos patológicos de suas picadas, bem como discutir a eficácia dos tratamentos. Tudo isto, antes da descoberta (1894) e produção do Soro anti-ofídico (1895) pelos médicos franceses, Cesaire Phisalix (1852-1906) & Gabriel Bertrand (1867-1962) e Albert Calmette (1863-1933), respectivamente, e da sua especificidade pelo médico brasileiro Vital Brazil Mineiro da Campanha (1865-1950), em 1905.

Wucherer teve grande influência nas obras de Vital Brazil, fundador do Instituto Butantan em São Paulo (1899) e Instituto Vital Brazil, em Niterói, no Rio de Janeiro (1919). Após a morte de Wucherer, em 1873, o trabalho herpetológico não foi levado adiante pelos demais cientistas próximos a ele. Entretanto, alguns anos após a morte de Wücherer, Vital Brazil contribuiu para o desenvolvimento do estudo sobre os animais peçonhentos, culminando com uma das mais importantes de suas descobertas: a especificidade do soro antiofídico.