Após abandono, imóvel centenário que abrigava antigo Hospital Couto Maia passa por reforma em Salvador

Kirk Moreno é jornalista, assessor de imprensa e escreve para o Alô Alô Bahia. Insta: @kkmoreno.

O imóvel centenário que abrigava o antigo Hospital Couto Maia, em Salvador, está em reformas. A ordem de serviço para reforma e adequação do local havia sido assinada pelo ex-governador da Bahia e atual ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa, em outubro de 2022, porém as obras foram iniciadas seis meses depois, de acordo com apurações do Alô Alô Bahia. O prédio de 170 anos fica no bairro do Mont Serrat, na Cidade Baixa, e abrigará uma nova unidade de saúde para cuidados paliativos.
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Obra no imóvel do antigo Hospital Couto Maia (Reprodução/Instagram/Myphantom)

A previsão de entrega da reforma e adequação do imóvel era para fevereiro deste ano. Agora, a nova data de conclusão é para janeiro de 2024. O investimento do governo estadual é de cerca de R$ 24 milhões, de acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia (SESAB).
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Obra no imóvel do antigo Hospital Couto Maia (Reprodução/Instagram/Myphantom)

O novo Hospital de Cuidados Paliativos contará com 70 leitos. A intenção da estrutura é oferecer condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos especializados para promover qualidade na saúde de pacientes - procedentes de unidades hospitalares públicas ou credenciadas ao SUS - que enfrentam doenças que ameaçam a continuidade da vida. A ideia é que a unidade receba aqueles que já fizeram seu tratamento e estão apenas precisando de acompanhamento médico, social e/ou psicológico.
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Projeção de Cuidados Paliativos (Ilustração: Ascom/Sesab)

História do imóvel
O prédio do antigo Hospital Couto Maia começou a ser estruturado em 1852 e foi inaugurado em 9 de abril de 1853. A sua construção tem origem na necessidade de atender aos doentes atingidos pela febre amarela que vinham nos navios mercantes nacionais e estrangeiros até o Porto de Salvador, de onde eram levados até a Ponta de Humaitá, em frente à Igreja do Mont-Serrat.
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Imagem antiga do Hospital Couto Maia (Acervo/Hospital Couto Maia)

A unidade de saúde, que foi chamada de Hospital de Isolamento de Mont-Serrat até 1936, foi fundamental no atendimento a pacientes em epidemias: cólera (1855), peste bubônica (1904), gripe espanhola (1918), varíola (1919) e febre tifóide (1924). Mais recentemente, recebeu pacientes com doenças como chikungunya (2014) e zika (2015).

O encerramento das atividades no local como Hospital Couto Maia foi em julho de 2018, 165 anos após a sua inauguração. Os últimos pacientes da unidade foram transferidos para o, agora, Instituto Couto Maia, referência no Brasil em tratamento de doenças infectocontagiosas e com novo prédio inaugurado no mesmo ano em Cajazeiras.

Abandono
Após um período de cerca de dois anos abandonado, o imóvel foi invadido por mais de cem famílias que residiam de aluguel ou de favor na região da Cidade Baixa. A ocupação foi feita pelo Movimento de Luta, nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que se apresentaram como Ocupação Maria Felipa de Oliveira, em homenagem à mulher negra que liderou a expulsão total das tropas portuguesas da Bahia em 1823.
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Imagem do imóvel após encerramento das atividades do Hospital Couto Maia

A reivindicação era por direito à moradia digna. O Movimento denunciava ainda o desmonte do programa Minha Casa Minha Vida do então Governo de Bolsonaro e o abandono do imóvel. “É uma prova de falta de compromisso do Governo Estadual com a saúde pública", dizia a nota divulgada no Facebook do MLB. 

Fotos: Reprodução/Instagram/Myphantom 

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