NOSTALGIA/ Revista: Animax: o Máximo em animação Japonesa

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“Como faz pra bloquear alguém na vida real?”- Sérgio Peixoto



 

“Cartas sobre a mesa não podemos negar
Nada é perfeito, mas eu quero é jogar…”
Realidade virtual/ Cidade Negra


Admito: sou um velhaco!

Com muita frequência ouço músicas dos anos 80/90, assisto filmes dessa época, da mesma forma que, volta e meia, volto a folhear revistas antigas guardadas comigo como tesouros preciosos- quase espólios de guerra porque adolescente, vivendo em cidade do interior, tinha que deixar de comprar um misto-quente na padaria para comprar revistas/ quadrinho na banca- f$%@, não é?  Sorte minha que, apesar, de raízes humildes (pra não usar o adjetivo pobre) meus pais me agradavam comprando essa ou aquela revista/ quadrinho. Dupla sorte, na verdade porque depois dos dez anos de idade aprendi o valor de guardar determinados itens obtidos na infância, como, por exemplo, figurinhas dos Cavaleiros Do Zodíaco da bala ZUNG, ou revistas como Herói/Gold, Heróis Do Futuro, etc, possibilitando que eu tenha um retorno ao passado mais “palpável”. O ato de guardar determinadas coisas é algo que os psicólogos chamam de objetos transicionais, coisas que guardamos até a idade adulta, uma forma de lembrar-se da inocência do passado, da infância -aprendi o termo lendo Superman & Batman- Os melhores do mundo: Yes, Comics is knowledge!


A revista Herói surgiu em 1994, criada pela Editora Acme (hoje com o nome de Conrad), publicada em parceira com a Editora Nova Sampa,  sendo considerada umas das primeiras a se focar no universo nerd. Sabemos como é o mercado editorial: não tardou a surgir outras revistas no mesmo molde. Algumas delas vieram e desaparecem como, por exemplo, Animação e Revista Os Cavaleiros do Zodíaco Ano 1 (Editora Ediouro), no entanto, algumas conseguiram emplacar uma quantia considerável de edições, como as  já mencionadas, Herói (e suas mutações), Heróis Do Futuro e ANIMAX. Das revistas Herói e Heróis Do Futuro já escrevi sobre elas [Caso tenham interesse em ler, cliquem nos hyperlinks]. Então, é a vez da Animax: o Máximo em animação Japonesa.

“Cada fracasso nos ensina algo que precisávamos aprender.

Suicídio, por exemplo.”– Sérgio Peixoto

ANIMAX: O MÁXIMO EM ANIMAÇÃO JAPONESA

No dia 15 de Maio de 1996 surgiu a revista Animax: o Máximo em animação Japonesa (Sim, economizaram letras no titulo, mas não no subtítulo), após o cancelamento da revista Japan Fury, publicada pela Editora Nova Sampa, em outras palavras a Animax é a reencarnação editorial da Japan Fury, visto que as mentes por trás de ambas as revistas eram Sérgio Peixoto e José Roberto Pereira.

A Animax chegou ao mercado como um furacão de farpas afiadas porque logo no “Editorial”, José Roberto Pereira, fala sobre a forma superficial que as outras revistas trabalhavam o tema Anime (e derivados), afirmando que estas apenas se aproveitavam do assunto, não dando a profundidade que merecia. Logo na primeira edição, não se aproveitaram do boom do momento, os Cavaleiros Do Zodíaco, fazendo questão de não

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_na Animax, Nº 14, soube a existência de Nausicaã Do Vale Dos Ventos, me amarrei na premissa da história e anos depois consegui os episódios para download [realmente f&$@]

pô-los na capa, no entanto, falando sobre eles, no artigo “O sangue dos Cavaleiros Do Zodíaco”, não do anime em si, mas do mangá, sobre a diferença entre a narrativa visual entre este e a adaptação animada: o mangá muito mais violento com cenas viscerais de decapitação, ou de atos insanos como arrancar o próprio olho.  Todos, os artigos, desde então, foram viscerais, não eram economizadas palavras, ironias e afins, por ambos os colunistas. Tão críticos eram que nós leitores sempre abríamos a revista, apreensivos, ansiosos para ler o editorial e assim saber qual seria a fatality do mês. Não poderia deixar de mencionar sobre o fighting nos tribunais entre Sérgio Peixoto e Marcelo Del Greco, na época redator da revista Herói. Na home page da Animax, Akita, o responsável pelo site, fez uma critica a um artigo sobre Neon Genesis Evangelion , a qual, segundo este, continha 15 erros em duas páginas. O artigo não foi escrito pelo Del Greco, mas este (provavelmente por ser o redator) se ofendeu nível hard e foi atrás do Peixoto, acreditando que fora ele o responsável pela critica, enchendo-o de pontapés e porrada, literalmente. Sério. Acabado o processo, este precisou pagar uma multa e avisado de que, caso agisse novamente com violência física iria direto pra cadeia.  Quanto a isso, temos que concordar que a atitude foi realmente imatura por parte do redator da Herói, diferente de Peixoto que agiu de forma mais racional. Em suma era pedra pra todo lado.

Abstendo-se agora do fator critico da revista, ela continha matérias realmente relevantes, não apenas falando dos animes, mas dos mangás e dando ênfase aos fanzine, tanto que são os percussores do mangá nacional (mesmo que Sérgio Peixoto não considere que brasileiro faça mangá, este sempre deu a cara a tapas para os brasileiros optarem por produção nacional no estilo). Da Animax surgiram vários desenhistas como

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_narrativa cômica e com ritmo na dose certa

Edu Francisco (Eduardo Francisco), Ulisses, Lilian, Rogério Hanata, Rafael Picardt, Lidia Oide, Erica Awano, entre outros. No caso de Erica Awano, após participar do spin-off da Animax, o quadrinho Mega Man (publicada sob licenciamento), tempos depois assumiu a arte da HQ Holy Avenger, criada por Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J.M. Trevisan (Série que foi bicampeã do Troféu HQ Mix em 2001 e 2002).  Além de Maga Man, também lançaram a revista Hypercomix, dedicada a histórias satíricas de séries de mangás e animes.  Em 2004, a revista teve uma nova versão, intitulada agora Animax Reload em formato A5, editada por Alexandre Nagado.  Nesse ano de 2017, Sérgio Peixoto lançou uma edição comemorativa, Nº 51, em parceria com editora Warpzone (famosa, no momento, por ter publicado o livro Mega Drive Definitivo, um compendio do console).

“Você já sorriu para o computador hoje?

Já? Mas que imbecil!”- Sérgio Peixoto

CONSIDERAÇÕES

Temos que concordar que as revistas da época estavam produzindo conteúdo um tanto superficial sobre a cultura pop, a Herói, por exemplo, depois da 100º edição, estava cheia de resumos, guias de capítulos de séries, desenhos/animes, etc., sendo praticamente uma revista Contigo, repleta de spoilers (não que fosse tão ruim assim pra época, eu mesmo não me importava muito com isso) se perdendo, pode se dizer, editorialmente. Por tal motivo comecei a acompanhar a revista Heróis Do Futuro, a qual abordava a cultura pop, com uma pesquisa mais aprofundada do assunto. A época era, de certa forma, como na

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_divulgação de fanzines [Edição, Nº 24]

internet atualmente, na qual encontramos artigos extremamente similares a outros (quando não plágios, visto que, já cheguei encontrar um artigo meu reproduzido sem os devidos créditos), oferecendo “mais do mesmo”. A Animax tinha como virtude artigos com um foco mais pessoal o que gerava uma aproximação maior dos leitores com os colunistas (gerando ódio ou admiração). Todas as revistas são um registro histórico, independente da forma como abordam o assunto, mas a Animax, deixou esse registro de época bem explicito (mesmo que não intencionalmente), como, por exemplo, na edição, Nº 14, quando José Roberto Pereira, ficou indignado com a Editora ao ser notificado que não deveriam incluir nenhuma ilustração na qual personagens femininas tivessem os seios à mostra. A indignação não era sem motivo plausível, visto que, programas de TV não tinham essa censura na época, Xica da Silva, na Rede Manchete, por exemplo, tinha várias cenas de nudez. Peixoto foi atrás da razão disso e de quem era a culpa de tal censura. Não era da Editora MAGNUM, nem da distribuidora DINAP. A conclusão foi de que era algo acima das Editoras: “o dedo” de políticos de extrema-direita e pessoas da elite.  Sobre esse assunto, pensa que os caras desistiram dos seios a mostra? Que nada! Lançaram a revista HANIME de conteúdo

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_sempre uma miniatura de personagem feminina =)

erótico (Para admiradores da arte e punheteiros de plantão). Esses conflitos de época registrados de tal forma são importantes para formamos uma “teia histórica” de uma época.  A divulgação de desenhistas brasileiros teve extrema importância, visto que deram o pontapé inicial para produção de conteúdo de quadrinhos no estilo mangá e no surgimento de vários fanzineiros de conteúdo nerd no Brasil. Eles (Peixoto e José Roberto) tinham consciência de que mídias impressas seria parte do passado, sendo assim uns dos primeiros a transportar o titulo para o meio virtual, criando o site animaxmagazine.com (A Herói somente passou a ter espaço virtual algum tempo depois ).

Hanime 02 - 2MO tempo passou, a internet se tornou o principal espaço para busca de informações e muitas revistas tiveram sua ultima edição publicada, deixando agora o mercado de mídias impressas com um buraco negro em relação a revistas de conteúdo especializado em cultura nerd, sobrando agora apenas alguns títulos (teimosos?). No entanto, podemos encontrar/ comprar a Animax: o Máximo em animação Japonesa, Nº 51, no site da Warpzone, para nosso deleite nostálgico. A edição em questão segue o mesmo designer das edições anteriores com conteúdo similar do passado, como, por exemplo, o “Casal Animax”, no qual os leitores votavam em união romântica inusitadas de personagens de mangás/ animes. A revista recém-lançada funciona como uma espécie de teste que, caso tenha boa vendagem, pode ter continuidade (De coração espero que sim).

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Se o meio editorial é um jogo que isso gere muitos pontos de XP!

 

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_assumo que essa imagem mexeu com minha imaginação… 0.o

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