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JAPÃO

Golfinhos sobreviventes de matança são destinados ao cárcere dos parques aquáticos

28 de março de 2022
Thayanne Magalhães l Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Japão em Foco

Um verdadeiro cárcere no Japão aprisiona 269 golfinhos que estão esperando compradores que os levem para um outro tipo de prisão: a dos parques aquáticos. O local fica na baía de Moriura, em Taiji, e é considerada a maior prisão de golfinhos do mundo.

As celas são formadas por minúsculas estruturas flutuantes no mar, como se os inteligentes cetáceos estivessem pagando uma pena por um crime que não cometeram.

A odiosa prisão resulta da temporada de caça que ocorre todos os anos em Taiji, a “baía da morte”, entre setembro e março. Nesse massacre sangrento, no qual muitos cetáceos são assassinados com requintes de crueldade, os sobreviventes acabam tendo uma sina ainda pior.

Deixados sozinhos sem seus companheiros, quando sabemos que são mamíferos inteligentes e sociais, a liberdade dos inocentes golfinhos é violentamente retirada por um simples motivo: a ganância humana, afinal, cada espécime vivo vale centenas de milhares de dólares.

Os inocentes encarcerados retirados da natureza, ficam ali em suas celas esperando que treinadores de parques aquáticos venham comprá-los. Do cárcere receberão ordens para viver em piscinas à espera de aplausos de um público ignorante ou sádico.

É preciso saber tudo o que há por trás das coisas para não sermos coniventes nem patrocinadores de crueldades.

Contagem meticulosa
Durante a longa temporada de 6 meses de caça aos golfinhos, 46 ativistas japoneses da organização Dolphin Project (protagonista do filme The Cove) e da associação japonesa de direitos animais Life Investigation Agency (LIA) documentaram o massacre e fizeram uma contagem meticulosa do número e das espécies de golfinhos que foram confinados.

Conforme denunciam, 269 golfinhos pertencentes a 9 espécies distintas estão presos, mas o número de golfinhos capturados deve ser ainda maior pois pelo menos 25 golfinhos estão desaparecidos. Eles podem ter escapado ou ter morrido.

Uma prisão espetacular
Como se não bastassem o cruel massacre de cetáceos e a prisão dos sobreviventes que são vendidos para aquários e parques marinhos do mundo inteiro, nos últimos anos, Taiji vem aumentando seu estoque de golfinhos.

Existe um projeto local para a criação de um parque temático aquático onde os visitantes possam remar, andar de canoa, nadar e alimentar os golfinhos em cativeiro. Um de seus objetivos é criar e cruzar entre espécies, criando mamíferos incomuns e raros, como golfinhos albinos ou leucísticos, ou espécies híbridas, para máxima lucratividade.

Esperança
“Embora Taiji seja o maior centro do mundo para o comércio de golfinhos vivos, não há dúvida de que a indústria tende a diminuir à medida que a captura, venda e criação de animais selvagens se torna cada vez mais proibida em todo o mundo. A porcentagem de dias em que os caçadores de golfinhos não conseguiram capturar nenhum golfinho foi de 64% na temporada 2020/21, mas nesta temporada (2021/22) foi de 69%, um aumento de 4%. O Dolphin Project compila o número de golfinhos capturados a cada ano, e o número está diminuindo ano a ano, possivelmente como resultado de décadas de práticas de caça de matar populações inteiras. A cidade precisa se livrar de suas práticas cruéis o mais rápido possível”, diz Ren Yabuki, o diretor de campanha LIA.

Quem quiser se aprofundar sobre esse tema pode assistir ao filme The Cove, vencedor do Oscar de melhor documentário em 2010.

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