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Exposição "Anjos com armas" com Sergio Camargo, Lygia Clark, Mira Schendel e Hélio Oiticica
Exposição

Exposição "Anjos com armas" com Sergio Camargo, Lygia Clark, Mira Schendel e Hélio Oiticica

Exposição

  • Nome: Exposição "Anjos com armas" com Sergio Camargo, Lygia Clark, Mira Schendel e Hélio Oiticica
  • Abertura: 21 de outubro 2023
  • Visitação: até 16 de dezembro 2023

Local

  • Local: Pinakotheke São Paulo
  • Evento Online: Não
  • Endereço: Rua Ministro Nelson Hungria, 200, Morumbi, São Paulo

Pinakotheke São Paulo apresenta a exposição


Anjos com armas – Sergio Camargo, Lygia Clark, Mira Schendel e Hélio Oiticica



Com 42 obras desses artistas fundamentais na arte brasileira, a exposição tem como alguns pontos de partida o fascínio do crítico e curador britânico Guy Brett (1942-2021) pela produção artística brasileira, e seu importante papel em sua internacionalização. Guy Brett foi o responsável por exposições de Sergio Camargo, Lygia Clark e Mira Schendel na lendária galeria Signals (1964-1966), em Londres, de que era sócio junto com o amigo e artista filipino David Medalla (1942-2020), entre outros artistas e curadores, e depois, na galeria Whitechapel, na capital inglesa, pela primeira mostra internacional de Hélio Oiticica. 

Guy Brett é celebrado também na publicação “AngelswithGuns” (“Anjos com Armas”), do historiador e filósofo Yve-Alain Bois, que publicou no ano passado (na revista “October”, do MIT) o ensaio sobre a produção de Guy Brett e sua profunda amizade com David Medalla. O livro, traduzido para o português, será lançado até dezembro pelas Edições Pinakotheke junto com o catálogo da exposição.


Pinakotheke São Paulo

21 de outubro a 16 de dezembro de 2023

Curadoria: Max Perlingeiro

Colaboração: Luciano Figueiredo

O livro “Anjos com Armas” [Edições Pinakotheke], 

em dois volumes, será lançado ao longo do período da exposição

Entrada gratuita


A Pinakotheke São Paulo abrirá em 21 de outubro de 2023, às 11h, a exposição “Anjos com armas”, apresentando 42 obras dos artistas Sergio Camargo (1930-1990), Lygia Clark (1920-1988), Mira Schendel (1919-1988) e Hélio Oiticica (1937-1980), pertencentes a diversas coleções particulares. A curadoria de “Anjos com armas” é de Max Perlingeiro, que explica que a exposição é desdobramento da mostra “Lygia Clark–100 anos”, realizada em 2021-2022, pela Pinakotheke Cultural em suas sedes no Rio de Janeiro e em São Paulo. 


São destaques da exposição o conjunto de Bichos, de Lygia Clark, em alumínio: Bicho ponta (1960), Bicho invertebrado (1960), Bicho caranguejo (1960),  Bicho desfolhado [1960], Bicho-contrário II (1961); o Relevo espacial (c. 1959), em acrílica sobre madeira, com 136,7 x 102,7 x 13,4 cm, de Hélio Oiticica; e o Relevo nº 172 (Fendituraspazioorizzontalelungo), de 1967, em madeira pintada, com 93 x 65,5 x 7,6 cm, de Sergio Camargo. Outro destaque é o “Diário de Londres” (1966), de Mira Schendel, em que ela utiliza, “ao que parece, pela primeira vez, as letras decalcadas (letraset), e no desenho Bar Tangará (1964), testemunhamos o lado espirituoso e bem-humorado da artista que, posteriormente, iria reaparecer com força nos raros desenhos em tinta spray dos anos 1970, em tons vivos e brilhantes, e na colorida série dos “Toquinhos”, na qual brinca com a criação de uma linguagem particular em que as letras são associadas a cores”, escreveu Taisa Palhares, no catálogo da exposição “O espaço infindável de Mira Schendel” (2015), na Galeria Frente. 


CONTRACULTURA NOS ANOS 1960

Na exposição “Lygia Clark–100 anos”, Max Perlingeiro teve a preciosa colaboração de Yve-Alain Bois (Constantine, Argélia, 1952), crítico, historiador e filósofo da arte, amigo próximo de Lygia Clark,e pesquisador no prestigioso Institute for AdvancedStudy, em Princeton, EUA. No ano passado, Yve-Alain Bois publicou na “October Magazine”, do Massachusetts Instituteof Technology (MIT), o ensaio “AngelswithGuns” (“Anjos com armas”), em que faz reflexões sobre o pensamento de Guy Brett(1942-2021) e o artistafilipino David Medalla (1942-2020), amigos por toda a vida e fundadores da lendária galeria Signals em Londres.  “Contracultura pra eles era tudo que saia do mainstream, e não tinha nada mais fora do mainstream do que a arte latino-americana na Inglaterra dos anos 1960”, observa Max Perlingeiro.


“Lá, por orientação de Guy Brett, expuseram: Sergio Camargo, Lygia Clark, Mira Schendel e, mais tarde, com o fechamento da Signals, HélioOiticica, na galeria Whitechapel”. “Guy Brett sempre foi a grande referência para uma melhor compreensão daprodução artística no Brasil a partir dos anos 1960. Sua amizade com artistascomo Sergio Camargo, Hélio Oiticica, Lygia Clark e Mira Schendel, na década de 1960, e, mais tarde, com Lygia Pape, Cildo Meireles, Antonio Manuel, Tunga, Waltercio Caldas, Regina Vater, Roberto Evangelista, Maria Thereza Alves, JacLeirner, Ricardo Basbaum e Sonia Lins, propiciou a divulgação da produção artística brasileira através de diversos artigos e livros. 


Para Max Perlingeiro, o livro “Brasil experimental-arte/vida: proposições e paradoxos” (editora Contracapa, 2005), com textos de Guy Brett sobre esses quinze artistas citados acima, com organização e prefácio de Katia Maciel, e tradução de Renato Rezende, é “leitura obrigatória”. 


ANJOS COM ARMAS – LIVRO EM DOIS VOLUMES

Ao longo do período da exposição, será lançado pela Edições Pinakotheke o livro bilíngüe (port/ingl) “Anjos com Armas”, em dois volumes: o primeiro com a tradução em português de “AngelswithGuns”, de Yve-Alain Bois; e o segundo sobre a exposição, com apresentação de MaxPerlingeiro, imagens das obras de Sergio Camargo, Lygia Clark, Mira Schendel e Hélio Oiticica, textos sobre esses artistas escritos por Guy Brett, e um texto de Luciano Figueiredo, que em 2017 organizou, com Paulo Venâncio, no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro,a exposição “Guy Brett: a proximidade crítica”, em “reconhecimento ao longo interesse intelectual e afetivo por nossos artistas”, assinala Max Perlingeiro. 


SERGIO CAMARGO, LYGIA CLARK, MIRA SCHENDELEHÉLIO OITICICA POR GUY BRETT


Sergio Camargo

Eu acabara de começar a escrever sobre arte e estava intimamente envolvido com o Signals, grupo e espaço de exibição em Londres que apoiava experimentos e, especialmente, a arte cinética, feita por Paul Keeler e o artista David Medalla. Em uma visita que fiz a Paris com Keeler e Medalla em 1964, Sergio nos mostrou os relevos brancos que estava fazendo e, quase imediatamente, começou afalar sobre notáveis artistas brasileiros: Lygia Clark, Hélio Oiticica, Mira Schendel entre outros. Foi um encontro feliz em vários sentidos: não apenas pela descoberta da obrade Sergio Camargo, mas também pelo interesse erudito e sensível que ele sempre teve pelas obras de outros, sem qualquer traço de inveja, e que logo se estendeu a um interesse quase paternal pelo sucesso do Signals, dirigido por um entusiasmado, porém inexperiente, grupo de pessoas, todas com cerca de vinte e poucos anos de idade.


Mira Schendel

Quando os desenhos de Mira Schendel foram expostos pela primeira vez em Londres, em meados dos anos1960, na galeria Signals (com a recomendação inicial de Sergio Camargo), achei sua economia espantosa. O vazioradical da folha de papel era correspondido pela extrema delicadeza dos registros. Como objetos materiais, tinham uma qualidade única, que eu nunca vira nas artes gráficas, uma combinação de formato, quantidade, dimensão, papel utilizado e técnica de inscrição. Nesse período, Mira estava em pleno desenvolvimento de uma forma de produção que renovaria de modo especial a capacidade da arte como processo de sensibilização.


Lygia Clark

Em uma breve descrição, isso pode soar enigmático e difícil. Na prática, contudo, o desenvolvimento da obra de Lygia Clark teve extraordinária clareza. Sua coerência nos torna capazes de registrar uma trajetória que começa com a pintura e termina com a prática de uma espécie de psicoterapia. Para Lygia, isso não foi uma mudança de profissão, e sim uma continuidade em que as implicações de seus experimentos mudaram nosso entendimento do que a palavra “artista” pode significar. Ela passou de uma linguagem visual em seu sentido mais puro para uma “linguagem do corpo”, que não é realizada ou assistida, porém vivida pelo participante de forma a permitir que uma relação eficaz e favorável à “cura” ocorra em face das crises da vida.


Hélio Oiticica

Para atender a uma exposição planejada pela Signals, obrasde Hélio Oitcica haviam sido enviadas para Londres atravésdo Itamaraty. Em vez de permitir que esses trabalhos retornassem ao Brasil sem terem sido vistos, procurei, durante oano de1966, um lugar para expô-los em Londres. Enquantoisso, Hélio foi convidado para participar da Bienal dos Jovensem Paris, na qual foram exibidos alguns Parangolés. Escrevisobre a exposição para o “The Times” e, mais tarde, no mesmo ano, afirmei que o Parangolé era “diferente de tudo quejá havia visto antes” e que a sensibilidade de Oiticica “poderia afetar profundamente as artes europeia e americana”. Finalmente a galeria Whitechapel concordou em promover uma exposição de Hélio; após muitas idas e vindas, elafoi inaugurada na primavera de 1969.Em 1965, a obra de Hélio já havia aparecido no “Boletimda Signals 4”, e uma mostra de sua obra tinha sido agendadapara 1966. Uma primeira remessa da obra já chegara doBrasil quando o empreendimento da Signals afundou financeiramente e teve de fechar as portas.


LINHA DO TEMPO

Além dos textos de Guy Brett sobre os artistas, e outros de Max Perlingeiro, Yve-Alain Bois e Luciano Figueiredo, estará em uma parede da exposição uma linha do tempo, com fotos:


1964 – A Galeria Signals (1964–1966) – originalmente Centro de Estudos Criativos Avançados – era “dedicada às aventuras do espírito moderno”. Com as suas exposições e eventos, a galeria no West End de Londres tornou-se um centro de artistas experimentais internacionais, com ligações formadas entre as vanguardas da América Latina, Europa e Londres. “Acho que Signals era muito legal porque era sobre comunicações. Esse nome foi tirado das esculturas de Takis ‘Signals’, ele primeiro fez as esculturas que você tocaria para fazer sons e depois sinais eletromagnéticos.” (David Medalla, 2009)


Guy Brett, Paul Keeler e os artistas Gustav Metzger, Marcello Salvadori e David Medalla criaram o SignalsNewsbulletin, uma publicação experimental, como forma de documentar suas exposições, juntamente com ensaios críticos, poesia e relatórios sobre ciência e tecnologia. Algumas vezes, os textos eram reproduzidos em sua língua original. Cada número apresentava ainda um dossiê sobre o artista em exposição na galeria. Aqui, o leitor era constantemente convidado a fazer conexões para além da história da arte convencional.


1965 – Sergio Camargo passa a estudar as estruturas de seções quadradas em torres e paredes modulares monumentais, realizadas primeiro em madeira, e posteriormente em concreto e mármore.


Lygia Clark viaja a Paris. Cria suas Estruturas de caixas de fósforos e trabalha com afinco nas variações das Trepantes. Neste ano inicia correspondência pessoal com Hélio Oiticica, que vai se prolongar por quase uma década. 


[29 de dezembro a 26 de janeiro] A convite de Guy Brett, Sergio Camargo realiza uma exposição individual na Galeria Signals, onde posteriormente introduz Lygia Clark, Hélio Oiticica e Mira Schendel, propiciando o lançamento desses artistas na Europa


1966 – [27 de maio a 3 de julho] A Galeria Signals realiza uma grande exposição individual de Lygia Clark, a primeira grande mostra dedicada a sua obra na Europa. Organizada por Paul Keeler, apresenta cerca de 60 obras, entre as quais Caminhando, Bichos, Trepantes, Casulos e Superfícies Moduladas.


[De 22 de julho a 22 de setembro] A Galeria Signals apresenta a exposição coletiva “SoundingsTwo”, mostrando obras de Sergio Camargo, Lygia Clark, Hélio Oiticica e mais doze artistas. Organizada por Paul Keeler e os expoentes das artes cinética e ótica.


1967 – A Galeria Signals fecha prematuramente em outubro. Em seus dois anos de atividade organizou exposições individuais de Takis, Marcello Salvadori, Cruz-Díez, Soto, Alejandro Otero e Graevenetiz, bem como dos brasileiros Sergio Carmargo, Lygia Clark e Mira Schendel, além de mostras coletivas. Uma exposição de Hélio Oiticica, agendada para 1966, não pôde ser realizada, em função do fechamento abrupto da galeria (durante a exposição de Schendel) por falta de financiamento.


Na foto: David Medalla, preso em King’s Road, Londres, no verão de 1967, durante uma passeata para promover uma apresentação do “ExplodingGalaxy” no Electric Garden.


Depois do fechamento da galeria Signals, o grupo “Exploding Galaxy” foi fundado por David Medalla e Paul Keeler. Imerso na contracultura da década de 1960, reuniu poetas, dançarinos, performers, atores, bandas de música e artistas experimentais, era formado por mais de 40 pessoas, a maioria jovens de diversas nacionalidades. Entre as atividades do grupo estavam caminhadas coletivas e a vontade de explorar todos os aspectos da vida, de forma livre e espontânea.


1969 – O trabalho de Mira Schendel foi exibido pela primeira vez em Londres na Galeria Signals em uma exposição coletiva em 1965, e novamente em uma exposição individual em 1966 – quando a galeria fechou e por isso só ficou exposta por duas semanas. A edição do boletim informativo dedicada ao trabalho de Schendel que deveria acompanhar a sua exposição, nunca foi publicada. [fevereiro a abril de 1969] O fechamento da Signals, em 1966, levou ao adiamento da mostra de Oiticica, mas não ao seu cancelamento. Depois de longas negociações, “The Whitechapelexperiment” acontece na galeria Whitechapel. O experimento, intitulado O Projeto Éden, é composto de Tendas, Bólides e Parangolés como proposições abertas para a participação, vivências individuais e coletivas, e uma espécie de utopia de vida em comunidade. Considerada sua maior exposição em vida, foi organizada pelo crítico inglês Guy Brett.


Serviço:

Exposição “Anjos com armas – Sergio Camargo, Lygia Clark, Mira Schendel e Hélio Oiticica

Pinakotheke São Paulo

21 de outubro a 16 de dezembro de 2023

Entrada gratuita

Rua Ministro Nelson Hungria, 200, Morumbi, São Paulo 

(11) 3758-0546

Segunda a sexta, das 10h às 18h

Sábados, das 10h às 16h




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