blogdearte.art (BLOG) entrevista Morgana Souto Maior (MSM)
BLOG – Fale um pouco sobre seu trabalho...
MSM: Eu fiz o curso de Artes Plásticas do Parque Lage de 2002 à 2010 com a Maria do Carmo Secco. A Maria tinha um estilo construtivista, que era a formação desse curso. Então, eu sigo o método construtivista na minha obra. Todas as minhas obras se desenvolvem em cima da transitoriedade do morar, a qual eu questiono e pesquiso constantemente. Todos os elementos que se apresentam no meu trabalho, portanto, tem algum elemento do morar. Meus trabalhos também têm uma uma conversa com a arquitetura e com o design, creio que devido a minha formação e jornada. Além disso, eu uso vários suportes na minha obra, principalmente a linha, que era um elemento de complemento à pintura, mas às vezes chega a se sobrepor e aparece como um suporte. Ela é sempre uma conexão nessa transitoriedade e está sempre presente e isso acontece através dos desenhos também. Cada vez mais essa conexão com o morar com essa transitoriedade vem se abstraindo e vem se desmembrando em várias séries. Na verdade, atualmente, estou trabalhando com três séries: o “Morar”, “Palavras não são só Palavras” e a mais recente, que surgiu durante a pandemia, que se chama “Frestas”.
BLOG – Quais temas você gostaria de ver abordados no blogdearte.art?
MSM: … eu já acho super interessante isso que está sendo feito, de mostrar um pouco da nossa produção e falar um pouco da nossa obra. Mas também acho que seria muito interessante mostrar salões e exposições dentro e fora do Brasil, talvez num formato de um canal de artes mesmo, em que possam haver inscrições. E de repente alguma discussão sobre algum artista influente para poder discutir sua obra, como uma sala de bate-papo. Enfim, tudo que envolva arte!
BLOG – Quais, atualmente, são os canais virtuais que você utiliza para divulgar seu trabalho? (Site pessoal, redes sociais, YouTube, sites de venda coletivos, blogs, lives, etc)
MSM: Eu já usei durante um tempo o Facebook, mas hoje eu divulgo o meu atelier através do Instagram e estou muito satisfeita com isso. Eu tenho me comunicado com artistas e pessoas que gostam de arte do mundo todo e até de vários estados do Brasil que antes eu não tinha meios de alcançar, hoje, através do Instagram, eu consegui. Já faz sete anos que estou nessa rede social e por ela eu consigo, hoje, vender meus trabalhos, me comunicar com pessoas ligadas à arte, participar de alguns eventos, por meio desse link das redes sociais. Para mim foi importantíssimo esse engajamento. Em tempos de pandemia ficou clara a importância das redes sociais, desse trabalho de divulgação através delas e como esse trabalho é sim profissional.
Eu tenho um conteúdo diário que eu planejo antecipadamente, procuro mostrar nele toda a minha produção, o que estou fazendo, conversar com as pessoas e tirar dúvidas. Com isso, sinto que as pessoas se sentem mais à vontade e mais próximas de nós, os artistas. Conheci muita gente através das redes sociais, fiz amizades, consegui vender o meu trabalho e, enfim, estou muito contente com isso.
É um trabalho diário, sério, constante e no qual você tem que permanecer. Não tem como você fazer uma coisa hoje e dizer “daqui a duas semanas eu vou fazer alguma coisa”, não funciona. Cada vez mais aprendo com as redes sociais que é um trabalho sério como outro qualquer, em que se deve ter constância e seriedade no que se faz. Aí sim se tem retorno. Sem essa seriedade e essa constância, seu trabalho fica inconsistente e as pessoas sentem e não ocorre esse retorno tão gratificante. Resumindo, porque eu gosto de falar muito hahaha: para mim funciona super bem e sou super a favor de usar o Instagram. Para mim, hoje, é a rede social mais importante. É a que eu uso e é a que tem me dado mais retorno
PORTFÓLIO 2020
BLOG – Que mensagem você gostaria de passar para os Artistas que estão se iniciando neste universo virtual?
MSM: É como eu falei acima: constância, seriedade, permanência e coerência na divulgação. Criar um conteúdo sério e ter um propósito na rede social é essencial. Você tem que interagir com os seus seguidores, respondê-los e ter muita clareza em relação ao seu trabalho. Em resumo, tenha um trabalho consistente e permaneça, que os frutos virão!
BLOG – Que trabalhos vem desenvolvendo no momento?
MSM: Como eu havia dito, estou trabalhando com três séries: Morar, Palavras não são só Palavras e a Frestas, a mais recente que surgiu com a pandemia. Eu tenho produzido bastante todos os dias em cima dessas séries, em especial a série “Frestas”, que está em expansão. Agora estou replicando essa série através de um objeto, que eu chamo objeto de arte – o prato – que é uma representação do cotidiano. Estou aproveitando esse momento que vivemos para fazer um mergulho interno e buscar identificar qual o sentido das coisas e observar a minha essência com relação ao mundo e o cotidiano, sempre tendo em mente o conceito do“morar”, que está sempre presente no meu trabalho e do qual eu sempre falo. A série Frestas vai se desmembrando e a cada dia surge um novo questionamento com relação a ela. A partir dela surgem ideias como as de que a cor remete ao afeto, que sempre construímos nossas memórias em cima desse afeto, e isso se torna uma oportunidade de compartilhar esse afeto de forma pontual. Esse foco de cor representa tudo isso que estamos vivendo, o ambiente particular de cada um, o que há dentro de si. Na verdade, eu busco falar da volta à simplicidade através do morar e dessas frestas, mas o morar é transitório, sendo ele físico ou sentimental.
BLOG- Qual a influência do estado de Pandemia em seu trabalho?
MSM: Essa é uma pergunta muito interessante. No início foi bem complicado, assim como para todo mundo. Eu fiquei uns dois meses e meio sem vir ao atelier e eu tinha pouquíssimos materiais em casa. Com isso, a partir de desenhos, surgiu a série “Frestas”, com inspiração na inquietação que estamos vivendo, mas a série veio bem resolvida. Ela tem uns elementos do morar, que são os portais, tem a permanência da bandeira e dos telhados (presentes nos meus trabalhos anteriores), só que os portais vieram mais fortes como elemento construtivo nessa série e, dentre esses portais, surge um elemento de cor. São várias formas que acontecem durante o processo, e eu comecei a questionar o porquê disso. Realmente, em tempos de pandemia, essas frestas são o nosso novo olhar para esse nosso novo mundo, um novo modo de viver, um novo modo de morar. Eu já vinha pesquisando muito sobre essa transitoriedade e durante a pandemia eu vivi isso, com a quarentena e o isolamento, como todo mundo. Mas eu questionei bastante e comecei a pesquisar muito as consequências disso. A série “Frestas” vem bem resolvida nesse sentido: de que não continuaremos mais os mesmos. O mundo realmente foi modificado e temos que avançar em várias questões políticas e sociais, ideológicas e não dá mais tempo de ficar só polarizando, mas temos que ser bem pontuais. Assim, a série “Frestas” é um olhar pontual para tudo isso que está acontecendo. Então, geralmente ela só tem um elemento de cor, como o preto, que aparece bem forte nesse momento, representando a ausência das cores. Sempre com o fundo branco e uma cor como foco. Essa cor representa toda a possibilidade de olhar por essa fresta e de enxergar um futuro melhor e mais verdadeiro.
soutomaiorart@gmail.com
@morganasoutomaiorart
Dentre suas exposições, destacam-se:
– Carrossel do Louvre Paris, França |Maio 2018)
– Mostra – Atrás do Vidro – Casashopping, Rio de Janeiro – RJ | Março – 2018
– ‘’ Olhar para as Cidades’’ – F. da Barra Rio de Janeiro|Dezembro – 2018
– Coletiva Atitude II, Galeria Atelier Flory Menezes , Búzios, RJ | junho – 2017
– Exposição MAR, Espaço ZANINE Búzios, RJ – Maio – 2017
– Casa Cor Rio, Rio de Janeiro – 2017
– Exposição “ O Coração da casa “ – Todeschini Barra -Rio de Janeiro, RJ |Dezembro – 2016
– Galerio ( Curadoria – Cristine Nicolay), Rio de Janeiro, RJ – 2016
– Morar Mais Rio, Rio de Janeiro,RJ – 2016
– The 7th EWAAC (East West Art Award Competition) London – 2016
– Design Day | Paris – 2012
– Universidarte XIII ( Curadoria Vera Condé), Rio de Janeiro ,RJ – 2005
– Universidarte XII ( Curadoria Vera Condé), Rio de Janeiro, RJ – 2004
– Mostra 3 tempos, Espaço Leblon de Cinema Rio de Janeiro, RJ – 2004
– Mostra Mastercasa | Petrópolis – 2002
– Galeria subsolo do Parque Lage ( Curadoria Maria do Carmo Secco), Rio de Janeiro, RJ – 2001
Sua arte toca o meu coração, alegra minhas vidas, faz festa na minha alma. Sua arte salva. Aliás, salvar o mundo!