Não é hora

Lula admite que pode disputar a reeleição. Precisava? A Constituição permite, ora. Lá é hora de falar nisso, com os golpistas ainda mobilizados? Parece Bolsonaro, que assumiu pensando em outra eleição. Com uma diferença: Bolsonaro queria que a primeira eleição fosse eterna. A metamorfose ambulante tem dessas recaídas de falar o que não deve.

Delação

Damares Alves, a ministra sinistra, tranquiliza Micheque: não vai deixar o Brasil esquecer quem foi Jair Bolsonaro. Então vai fazer delação premiada.

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Saldo da confusão de Marcos do Val será Bolsonaro investigado como golpista

Toda vez que o senador Marcos do Val abriu a boca, nesta quinta (2), para mudar sua versão sobre o papel de Bolsonaro na conspiração que visava a um golpe de Estado, no claro intuito de aliviar para o lado do presidente, ele acabava por afundá-lo ainda mais na lama. Por que todas as versões reafirmam a presença de Jair na antidemocrática reunião secreta de 9 de dezembro, quando se tramou a queda da República.

Em qualquer país que finja ser uma democracia, uma reunião secreta com um presidente, um deputado federal e um senador em que se proponha grampear um ministro da Suprema Corte a fim de prendê-lo, anular a eleição e manter o perdedor no poder levaria os três à prisão.

Aqui, contudo, há quem enxergue o fato com naturalidade, como o primogênito de Jair, o senador Flávio Bolsonaro, e com ele milhares de seguidores do ex-presidente nas redes sociais.

Ao longo do dia, Marcus do Val deu diferentes versões à imprensa sobre o comportamento de Bolsonaro à proposta apresentada por Daniel “Surra de Gato Morto” Silveira, de colocar uma escuta e tentar incriminar o ministro Alexandre de Moraes.

Em uma live nesta madrugada, Do Val disse que Bolsonaro tentou coagi-lo a participar do plano. À Veja, afirmou que o presidente garantiu que haveria apoio do GSI. À GloboNews, amenizou, explicando que Jair apenas ouviu tudo e afirmou, ao final, que esperava uma resposta do senador. À Folha, que o mandatário também ouviu calado e disse que iria pensar a respeito.

Em nenhuma das versões, Bolsonaro impediu o absurdo ou deu ordens de prisão a Silveira, que relatava um plano de golpe de Estado. Isso vai muito além de simples prevaricação. O silêncio de Bolsonaro seria tão alto que ensurdeceria qualquer democrata. O relato de Do Val é sempre o de um deputado federal que serviu de porta-voz para uma proposta golpista de um presidente a um senador em uma sala fechada com apenas três pessoas.

Ah, mas isso não poderia ser uma arapuca para fazer com que Alexandre de Moraes se declarasse suspeito para julgar o caso porque se tornou vítima do plano golpista? A questão já foi pacificada quando o plenário do STF autorizou que o ministro tocasse em frente o inquérito sobre os ataques à própria corte – a própria ação que levou Daniel Silveira a ser condenado surgiu devido aos ataques que ele proferiu contra ministros do STF.

E, sinceramente, alguém acha que Moraes se declararia impedido por causa disso?

No final, o que ficou é isto: Bolsonaro estava em uma reunião discutindo golpe de Estado. Ponto. Qualquer que tenha sido a razão do tiro, ele saiu pela culatra.

Involuntariamente, Marcos do Val fez um favor à democracia brasileira ao colocar Bolsonaro no centro de uma conspiração. Até agora, ele aparecia de forma lateral, sendo investigado por fomentar atos golpistas ao postar um vídeo questionando o resultado das eleições logo após a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF. Agora, o depoimento de Do Val será usado para buscar a cadeia de comando, quiça quebrando o sigilo dele e dos assessores de sua cozinha palaciana.

No dia 9 de dezembro de 2022, enquanto Lula anunciava seus primeiros cinco ministros e a seleção brasileira caía diante da Croácia, nas quartas-de-final, por 4 a 2 nos pênaltis, Bolsonaro quebrava o silêncio após a derrota nas eleições para alimentar o golpismo de seus apoiadores. “Cada um avalie o que pode fazer pelo país”, pedia ele.

“Muitas vezes vocês têm informações que não procedem, e pelo cansaço, pela angústia, pelo momento, passam a criticar”, disse na porta do Palácio do Alvorada.

Agora, com uma arapuca contra um ministro do STF temos o ex-presidente da República no centro de um plano que já contou com ônibus incendiados, bomba plantada em caminhão de combustível, ação judicial para anular urnas, minuta de golpe de Estado em casa de ex-ministro da Justiça e destruição das sedes dos Três Poderes. Todas as informações procedem, faltava apenas a cabeça da cobra. Faltava.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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Elas

Heaven Starr. © Zishy

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Dodó Macedo

Tão megalômano que se sentiu ofendido ao ser proclamado rei do pedaço.

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Pandegozador dos leitores – James Joyce

Mês de junho — sem balões no céu, sem fogueiras, com poucas bombas e fogos de artifício — melhor falar de literatura.

— Siempre hablas con mucha ironía de los críticos. Por qué te disgustan tanto? — Porque, en general, con una investidura de pontífices, y sin darse cuenta de que una novela como Cien años de soledad carece por completo de seriedad y está llena de señas a los amigos más íntimos, señas que sólo ellos pueden descubrir, asumen la responsabilidad de descifrar todas las adivinanzas del libro corriendo el riesgo de decir grandes tonterías. (Gabriel García Marques, El olor de la guayaba)

Bem, voltando ao português claro, passo esse papo pro lado do James Joyce. Esse irlandês era, de papel passado, um pândego. Escreveu sempre sobre ele mesmo e seus parentes e amigos. Tudo muito íntimo e, em muitos casos, revelador. Começou escrevendo como qualquer escritor. Da esquerda para a direita, com parágrafos, vírgulas, pontos e ponto final. Os contos e o primeiro livro mais longo tratam de infância, juventude e meia idade.  Só que, daí em diante, ele pirou na maionese. Enveredou pela mitologia e construiu um monólito. Só do Ulisses, mais de quinhentos autores tentaram escavações milagrosas. Tentaram tirar o que fosse possível das menores palavras. Anthony Burguess em seu Homem comum enfim chega a pegar a palavra ‘tinido’ e fazer um capítulo sobre o emprego dela no Ulisses. Burguess diz: Assim, a palavra’ tinido’ — jogada no texto sem preparação ou resolução — representa a partida de Boylan numa sege para ver Molly Bloom e, por antecipação, o balançar das molas adúlteras da cama. Putz! Vá ser detalhista assim lá no raio que o parta! Se mais algum leitor, no mundo inteiro, conseguiu essa proeza, eu ando pelado, no frio curitibano de junho, pelo calçadão da Rua das Flores, ida e volta. Foi, até agora, o livro que li que desceu mais fundo na ‘análise’ da obra de James Joyce.

Porém, a literatura de Joyce só tem real valor se o leitor estiver familiarizado com a família e todos os amigos e inimigos dele. Além disso, tem que ter uma base bem sólida de mitologia grega. As transposições que Joyce faz dos personagens da Odisséia para seu livro são algumas vezes sutis e outras escancaradas. O mesmo se dá com os episódios da obra de Homero e os do Ulisses. As gozações com parentes, amigos e inimigos estão fora do alcance de qualquer mortal que não tenha lido e relido a biografia do autor. O amor/ódio de Joyce à Irlanda só tem sentido para ele e para seus conterrâneos. As blasfêmias só afetam quem entende os problemas de Joyce com a Igreja. E quem entende o papel da Igreja na Irlanda. E quem entende as brigas entre irlandeses e ingleses.  Além disso, a linguagem empregada só tem sentido mesmo em inglês. Num dos capítulos, diz Burguess, Joyce usa e abusa das várias transformações da língua inglesa ao longo dos tempos. Quem entenderia isso na tradução portuguesa? E — quer mais? — o massudo livro não anda. É estático. Tudo só anda dentro da cabeça dos personagens. Com poucas movimentações e ações de pessoas. Burguess diz que Ulisses é um livro para se ter e conviver com ele.

Não adianta emprestar — de amigo ou da biblioteca — porque o tempo conspira contra a leitura. Engraçado o tempo conspirar contra a leitura de um livro cujo enredo abrange apenas um dia! Burguess também diz que Ulisses é um grande romance cômico. Pode ser, mas só deve rir quem o lê em inglês. E no inglês de Joyce, cheio de invenções, inversões, reversões. Confesso que todas as vezes que abri o livro, não consegui nem sequer um muxoxo. Rio, sim, mas é dos entendidos que fazem do dia 16 de junho um dia sagrado. Seja em Dublin ou Piraporinha. Fazem centenas de palestras, leituras, discussões e ‘achados’ sobre o escritor — que, na verdade, nunca leram até o fim e, se leram, não entenderam nada. Quem deve estar rindo lá no alto do Olimpo é Joyce. Rindo dos que o levaram a sério em suas pandegozações e it is not a miseffectual whyacinthinous riot of blots and blurs and bars and ball and hoops and wiggles and juxtaposed jottings linked by spurts of speed:it only looks as like it as damn it. E Finnegans wake! Quem — eu? — nunca jamais em tempo algum.

Um tempo eu pensei em ter um sebo de um livro só — Ulisses. Todo mundo compra, não lê e vende no sebo. Eu teria vários exemplares dele e ficaria eternamente vendendo e comprando, revendendo e recomprando…

*Rui Werneck de Capistrano é pandegozador de leitores

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Falou e disse (eu sou do tempo do “falou e disse”)

Emanuel Kant – Königsberg, 22 de abril de 1724, 12 de fevereiro de 1804 – crazy people, foi um filósofo alemão, considerado como o último grande filósofo do princípio da era moderna, indiscutivelmente um dos seus pensadores mais influentes.

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‘Heil Bolsonaro!’

Reportagem de Isabella Menon na Folha (“Ideias nazistas em escolas acendem alerta”, 3/1) traz um retrato alarmante: a naturalidade com que o Brasil tem convivido com atos de apoio ao nazismo, até mesmo em colégios e universidades. Esses atos vão desde suásticas pichadas em muros, grupos autoproclamados neonazistas, professores defendendo Hitler em aula e jovens que se fantasiam de Hitler e fazem seus gestos. Em dezembro, um adolescente em Aracruz (ES), portando uma braçadeira de suástica, matou a tiros quatro pessoas e feriu 13.

As causas são óbvias: a propaganda que esses jovens absorvem no submundo da internet e o discurso de ódio que escutam em casa. O envenenamento digital não seria tão eficiente se detectado por pais responsáveis e democratas. Mas, quando os próprios pais se identificam com aquelas teses, os garotos não têm chance. Como batismo de fogo, muitos foram levados para o quebra-quebra em Brasília.

Alguma dúvida quanto à presença de neonazistas entre os bolsonaristas da baderna? Jair Bolsonaro, pivô do levante, flertou com o nazismo durante toda a sua vida política. Há farta documentação: mensagens, discursos, slogans, auxiliares adeptos da estética hitlerista, homenagem a uma neonazista alemã e muito mais. Segundo a antropóloga Adriana Dias, o número de células neonazistas no Brasil pulou de 72 em 2015 para 1.117 em 2022. Mera coincidência com o mandato de Bolsonaro?

Em 1944, o Exército brasileiro mandou 25 mil heróis para a Itália, a fim de ajudar os aliados a combater o nazismo. Destes, 467 voltaram mortos e repousam no Monumento aos Pracinhas, aqui no Rio. Os militares que ainda apoiam Bolsonaro fariam melhor se fossem em coluna por um ao monumento e cuspissem nas urnas gritando “Heil Bolsonaro!”.

Adriana Dias morreu neste domingo (29), vitimada por um câncer. É um duro abalo na luta contra o neonazismo no país.

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Moraes, sobre tentativa de golpe citada por Do Val: “Operação Tabajara”

Ministro do STF afirmou que iniciativa “mostra como é ridícula a tentativa de golpe no Brasil”

O ministro do STF Alexandre de Moraes chamou de “operação tabajara” o plano golpista citado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES). O magistrado se pronunciou sobre o tema durante participação por vídeo em evento do Lide, que ocorre em Lisboa.

“Foi uma ‘operação tabajara’, que mostra como é ridícula a tentativa de golpe no Brasil. Tudo isso está sendo investigado pela Polícia Federal para analisar a responsabilidade de todos que se envolveram na tentativa do golpe”, afirmou Moraes.

Do Val disse que o assunto foi discutido durante reunião em dezembro do ano passado com Jair Bolsonaro (PL) e Daniel Silveira (PTB-RJ). A ideia apresentada por Silveira, segundo Do Val, era tentar gravar uma conversa com Moraes e usar o material para acusá-lo de fraude nas eleições e, assim, impedir a posse de Lula (PT). O ministro do STF e o parlamentar chegaram a se encontrar, como contou Moraes no evento.

“Ele solicitou uma audiência e eu recebi no Salão Branco. O que ele me disse foi que o deputado Daniel Silveira teria procurado e participado a ideia genial que tiveram, de colocar uma escuta no senador para que ele pudesse me gravar e, a partir dessa gravação, pudesse solicitar minha retirada da presidência dos inquéritos. Perguntei se ele daria um depoimento formal. Disse que não. Então, me levantei, porque o que não é oficial para mim não existe”, disse o ministro.

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zizaTramich. © Ziza

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Elas

Maria Schneider (Paris, 27 de março de 1952 — 3 de fevereiro de 2011), atriz francesa, conhecida pela sua personagem Jeanne, que atuou ao lado de Marlon Brando, no filme O Último Tango em Paris de 1972. © LePress

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London, London

London-kremerSolda, uma semana em Londres e nem uma nuvem no céu. Nenhum fog, fumaça, copa do mundo e outros inconvenientes. God save the Sun, the Ducks and the Queen. © Dico Kremer

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As Namoradinhas do Professor Thimpor

Clara – A única dificuldade do nosso namoro foi uma irmã gêmea de Clara, Abigail, com a mesma cara, a mesma persistência e a mesma pinta na coxa esquerda. Quando eu pensava que estava com Clara, estava com Abigail, e vice-versa. Durante todo o tempo eu ficava tentando descobrir com quem estava saindo e nem podia prestar atenção no filme. Acabei descobrindo que Clara era a de voz fanhosa por acaso, ao ser esmurrado violentamente pelo amante de Abigail, um alemão parrudo, com um trinta-e-oito deste tamanho. Desiludido, pedi mais um conhaque e me apaixonei por Diana.

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Flagrantes da vida real

Beto Bruel, Nosso Senhor da Luz dos Pinhais (Adélia Lopes) © Maringas Maciel.

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Requiescat in pace

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