• Gabriela Nora* | Fotos: Jorge Lepesteur
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A primavera nos campos de flores de Holambra (Foto: Jorge Lepesteur)

Campo dos Girassóis do produtor Toco Flores, pronto para a colheita (Foto: Jorge Lepesteur)

São cinco horas da manhã de uma segunda encalorada. À medida que avançamos na estrada em direção à Holambra, do retrovisor do carro, a imagem cinza da capital paulista se distancia como miragem, ao fundo. Vimos os primeiros raios de sol atravessarem rasteiros a madrugada. Até o sol dar as caras rumo à curva ascendente do dia.

Mais de uma hora rodada no asfalto para poder chegar na antiga e desabitada Fazenda de Modi. A região foi povoada por imigrantes holandeses refugiados da Segunda Guerra Mundial que encontraram na faixa de terra um solo fértil para adubar um novo recomeço.

A primavera nos campos de flores de Holambra (Foto: Jorge Lepesteur)

A primavera nos campos de flores de Holambra (Foto: Jorge Lepesteur)

Estamos na primavera, quando as flores espalmam faceiras suas pétalas para atrair a visita de insetos. Abelhas e borboletas espalham o pólen pelas bandas que voam. A luz natural faz vibrar os tons dos campos cobertos por flores e plantas diversas, sacudidas pelo vento fresco, aliviando um pouco a sensação térmica de quase trinta graus.

Andamos pelo terreno dos girassóis do Toco Flores, fundado em 2009 por José Aparecido Rissati, mais conhecido como Toco, produtor de cinco variedades de espécies de corte que abastecem muitos negócios do segmento no país. Estar ali, imersa, em contato flor e pele, é aflorar a sensibilidade. O corpo em potencial sensação envolto em pura ambiência. Colhemos, respiramos, pisamos no solo.

A primavera nos campos de flores de Holambra (Foto: Jorge Lepesteur)

A produção do município representa de 60% a 70% da distribuição nacional. No campo de girassóis Toco Flores associado à Cooperativa Veiling Holambra, a cenógrafa botânica Gabriela Nora e o mestre floral Tanus Saab colhem as flores (Foto: Jorge Lepesteur)

“Sonhar, pensar, ousar e executar”. As palavras, segundo o arquiteto, urbanista e mestre da Escola Brasileira de Arte Floral Tanus Saab – sócio de Paulo Perissoto – , resumem a história dos holandeses que encontraram na geografia abundante, em 1948, uma possibilidade de imaginar um novo mundo e atividade. “Deslumbrar a primavera em Holambra, além do contato com a natureza, é ser afetado pela paz, pela produção de cor, de flores e de extrema beleza”, conta Tanus.

A primavera nos campos de flores de Holambra (Foto: Jorge Lepesteur)

Campo das rosas nostálgicas do produtor Adriano Van Rooijen (Foto: Jorge Lepesteur)

No campo de rosas nostálgicas, do produtor Adriano Van Rooijen, voltei ao passado, aos canteiros da casa de minha avó. Também lembrei dos antigos jardins paulistanos, dos casarões adornados por rosas na Avenida Paulista. A flor gera movimentos internos.

A primavera nos campos de flores de Holambra (Foto: Jorge Lepesteur)

Há outros plantios concentrados na cidade, porém o único aberto ao público é o Bloemen Park. O local oferece infraestrutura completa com exposição permanente de flores. Por lá existe um universo exuberante composto por 30 variedades de rosas, 100 espécies de árvores nativas, exóticas e frutíferas, mais 200 tipos de flores e plantas em 30 mil metros quadrados de espaço.

A primavera nos campos de flores de Holambra (Foto: Jorge Lepesteur)

Flores em abundância e diversidade. Aqui fica o campo de Lavandas (Foto: Jorge Lepesteur)

A primavera nos campos de flores de Holambra (Foto: Jorge Lepesteur)

A primavera nos campos de flores de Holambra (Foto: Jorge Lepesteur)

A cidade parece ser descolada do mapa. Há um outro tempo quase pausado em questão, arrisco dizer que por conta desse contato direto das mãos dos produtores com o solo, a percepção dos dias desacelera. Os ciclos de plantação, cuidado e florescimento estão alinhados com a vida de quem planta e colhe, sem pressa e antecipação do ponteiro. Um ritmo ordinário do fazer ligado à terra, do semear a colheita.

A primavera nos campos de flores de Holambra (Foto: Jorge Lepesteur)

A cidade conta com passeios bacanas para os turistas. E tudo pode ser feito em duas rodas. Pegamos as bikes disponíveis pelo 1948 Hotel e Café, uma hospedagem charmosa (Foto: Jorge Lepesteur)

A primavera nos campos de flores de Holambra (Foto: Jorge Lepesteur)

Holambra é cheia de paisagens encantadoras e clima mais tranquilo para aproveitar, contemplar e descansar  (Foto: Jorge Lepesteur)

Se você não pode ir até Holambra, venha sentir a atmosfera floral na Galeria Botânica. Montamos a instalação instagramável 1 mil girassóis inspirados na viagem e com as flores de Holambra. Ficamos na rua Lisboa, 550, pertinho da Praça Benedito Calixto.

Até a próxima

*Gabi Nora, cenógrafa botânica e sócia-fundadora da Galeria Botânica

Ficha técnica:
Direção: Gabriela Nora | Assistente: Victor Gomes | Figurino/moda: Jay Boggo | Beleza: Letícia de Carvalho | Convidado: Tanus saab | Mídias: Lucas Gonçalves | Assistente de direção: Marcio Almeida | Retouch: Ivan Lopes | Modelo: Mateus Cristo | Apoio: Veillging Holambra e Hotel 1948 | Realização: Galeria Botânica