• 20/05/2021
  • Redação; Fotos Divulgação
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Fóssil de planta com 280 milhões de anos é identificado no Brasil (Foto: Rafael Spiekermann/Reprodução)

Cicadácea foi encontrada neste pedaço de madeira (Foto: Rafael Spiekermann/Reprodução)

Cientistas identificaram restos fósseis de uma planta de quase 280 milhões de anos na Bacia do Paraná. A espécie é tida como um dos primeiros membros de uma linhagem chamada cicadáceas (Cycadale), que existe até hoje e resistiu a duas extinções em massa na Terra.

O resultado da pesquisa foi publicado na revista "Review of Paleobotany and Palynology". "A anatomia vegetativa desta planta é notavelmente semelhante às que vivem hoje”, explica Rafael Spiekermann, estudante de pós-graduação no Instituto de Pesquisa do Museu de História Natural Senckenberg, na Alemanha, e principal autor do artigo.

Fóssil de planta com 280 milhões de anos é identificado no Brasil (Foto: Rafael Spiekermann/Reprodução)

A espécie preservada estava em um pequeno pedaço de madeira de 12 centímetros de comprimento e 2,5 centímetros de diâmetro na Formação Irati, foi batizada de Iratinia australis. "Se você cortar com um facão uma cicadela hoje, verá o mesmo padrão anatômico que pode ver em nosso fóssil", disse Spiekermann ao "The New York Times".

A primeira extinção em massa que a espécie encarou ocorreu no final do período Permiano-Triássico, há 250 milhões de anos, considerada a maior extinção em massa na história da Terra. A outra foi a extinção há 66 milhões de anos, que pôs fim à era dos dinossauros.

Fóssil de planta com 280 milhões de anos é identificado no Brasil (Foto: Rafael Spiekermann/Reprodução)

A planta não está apenas no Brasil. “Você pode encontrá-la na Austrália, na Ásia, na África, na América. Ele se espalhou por todo o mundo". Seu auge foi há mais de 120 milhões de anos, mas nunca chegou a dominar o reino vegetal. Hoje existem cerca de 350 espécies de cicadácea - como a palmeira-sagu, uma planta ornamental que parece uma pequena palmeira.

Sagu-de-jardim: planta oriental resistente faz bonito em jardins brasileiros (Foto: Lara Muniz/Divulgação)

Sagu-de-jardim é uma das espécies de cicadáceas (Foto: Lara Muniz/Divulgação)

O fóssil, no entanto, foi descoberto ainda nos anos 1970, mas só identificado agora. Na época, achou-se que pertencia a um grupo diferente de plantas, conhecidas como licopsídeos - numerosas nessa região da Gondwana, como foi chamado o supercontinente da Terra. Spiekermann, no entanto, decidiu analisar. 

“Eu vi uma anatomia totalmente diferente”, recorda. “Os detalhes anatômicos são surpreendentes. Acho que é o que todo paleobotânico sonha encontrar - e o primeiro identificado nas rochas do que já foi Gondwana", avalia Dennis Stevenson, curador sênior emérito do Jardim Botânico de Nova York, à publicação.