Curiosidades
Fóssil de planta com 280 milhões de anos é identificado no Brasil
Espécie é anterior os dinossauros, serviu de alimento a eles e resistiu a duas extinções em massa no planeta
2 min de leituraCientistas identificaram restos fósseis de uma planta de quase 280 milhões de anos na Bacia do Paraná. A espécie é tida como um dos primeiros membros de uma linhagem chamada cicadáceas (Cycadale), que existe até hoje e resistiu a duas extinções em massa na Terra.
O resultado da pesquisa foi publicado na revista "Review of Paleobotany and Palynology". "A anatomia vegetativa desta planta é notavelmente semelhante às que vivem hoje”, explica Rafael Spiekermann, estudante de pós-graduação no Instituto de Pesquisa do Museu de História Natural Senckenberg, na Alemanha, e principal autor do artigo.
A espécie preservada estava em um pequeno pedaço de madeira de 12 centímetros de comprimento e 2,5 centímetros de diâmetro na Formação Irati, foi batizada de Iratinia australis. "Se você cortar com um facão uma cicadela hoje, verá o mesmo padrão anatômico que pode ver em nosso fóssil", disse Spiekermann ao "The New York Times".
A primeira extinção em massa que a espécie encarou ocorreu no final do período Permiano-Triássico, há 250 milhões de anos, considerada a maior extinção em massa na história da Terra. A outra foi a extinção há 66 milhões de anos, que pôs fim à era dos dinossauros.
A planta não está apenas no Brasil. “Você pode encontrá-la na Austrália, na Ásia, na África, na América. Ele se espalhou por todo o mundo". Seu auge foi há mais de 120 milhões de anos, mas nunca chegou a dominar o reino vegetal. Hoje existem cerca de 350 espécies de cicadácea - como a palmeira-sagu, uma planta ornamental que parece uma pequena palmeira.
O fóssil, no entanto, foi descoberto ainda nos anos 1970, mas só identificado agora. Na época, achou-se que pertencia a um grupo diferente de plantas, conhecidas como licopsídeos - numerosas nessa região da Gondwana, como foi chamado o supercontinente da Terra. Spiekermann, no entanto, decidiu analisar.
“Eu vi uma anatomia totalmente diferente”, recorda. “Os detalhes anatômicos são surpreendentes. Acho que é o que todo paleobotânico sonha encontrar - e o primeiro identificado nas rochas do que já foi Gondwana", avalia Dennis Stevenson, curador sênior emérito do Jardim Botânico de Nova York, à publicação.