No próximo dia 23 de maio, o Instituto Tomie Ohtake, em parceria com a fundação Joan Miró, de Barcelona, inaugura para convidados a maior mostra sobre o pintor surrealista já realizada no Brasil: Joan Miró - A Força da Matéria. Entre as 112 obras estão 41 pinturas, 22 esculturas, 20 desenhos, 26 gravuras e três objetos, além de fotografias sobre a vida do pintor catalão. Elas se dividem em três grandes blocos norteados pela cronologia e que coincidem com momentos-chave de sua vida.
Joan nasceu em Barcelona, em 1893, e fez parte das vanguardas artísticas da Espanha no início do século 20. Após uma grave doença, passou um longo período em Montroig, no qual dedicou-se inteiramente à pintura. Sua viagem a Paris pela primeira vez, em 1920, impactou-o com tanta força que não produziu durante toda a estadia por lá - mas o momento foi decisivo pois se envolveu com vanguardas e conheceu Pablo Picasso.
No final dos anos 1920 ele manifestou seu ódio em relação às tradições na pintura de cavalete, produzindo colagens e assemblages com materiais diversos. Nos anos 1930 e 1940, sobressai a produção relacionada à Guerra Civil Espanhola e à Segunda Guerra Mundial, - período no qual ele transfere para as telas a violência da Espanha durante a ditadura de Francisco Franco - e também no qual desenvolve predileção pelo estudo da matéria, aproximação que se desenvolverá também no campo da escultura nas duas próximas décadas. Ele mantém sua postura transgressora nos anos 70190, quando produz uma importante coleção de gravuras que desafia os padrões da técnica.
O escritor angolano Valter Hugo Mãe criou um texto especialmente para a exposição, onde cita a ligação de João Cabral de Melo Neto com a obra do artista: um encontro que ocorreu enquanto o poeta brasileiro fora vice-cônsul do Brasil em Barcelona, entre 1947 e 1950, e depois cônsul, de 1967 a 1969. "Começar de novo a cultura implica abrir o futuro com a lúcida reflexão acerca do princípio de todas as coisas. O gesto de Miró é uma gênese tout court. (...) As obras de Miró parecem conscientes da dimensão mágica, quase protetora, da expressão e, ao criar visões para o mundo das ideias, como das coisas puras, reacende, sublinha, o aspeto milagroso da natureza e da vida. A arte regressa ao seu propósito de implicar verdadeiramente com a espiritualidade. A arte é um cuidado espiritual", aponta ele.
Joan Miró - A Força da Matéria
Data: de 24 de maio a 16 de agosto
Local: Instituto Tomie Ohtake
Endereço: Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) - Pinheiros, São Paulo
Horário: de terça a domingo, das 11 h às 20 h
