Cartaz, 1963
(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)
A MENINA E O VENTO
(Verso da Capa)
Maria Clara Machado nasceu em Belo Horizonte e fez seus estudos no Rio de Janeiro. Por duas vezes foi aos Estados Unidos representando o Brasil em acampamentos Internacionais de Bandeirantes. Começa sua carreira artística com um Teatro de Bonecos que funda e dirige durante cinco anos. Com bolsa da UNESCO faz, em 1951, um curso de férias em Londres, e volta para Paris em 1952, para um curso de mímica com Etienne Decroux.
Funda com Martins Gonçalves, no Rio, o “Tablado”, companhia de amadores que dirige até hoje, tendo levado com sucesso peças de Garcia Lorca, Tchekhov, Thorton Wilder, Claudel. O “Tablado” tem sido o início de carreira de muitos artistas profissionais hoje de renome. Funda uma revista, “Cadernos de Teatro”, para orientar grupos novos e amadores. É professora de improvisação na Academia de Teatro, da Associação Brasileira de Teatro, e no Conservatório Nacional, do Serviço Nacional de Teatro.
Em 1961 é convidada pelo Governo do Estado da Guanabara para dirigir o Serviço de Teatro e Diversões do Estado, ao mesmo tempo ocupando o cargo de Secretário – Geral do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Publicou os livros: “Teatro Infantil” e “Teatro”, e dirige a vitoriosa coleção “Teatro Moderno”.
(Página 01)
Tablado Nova Fase
Teatro para a Criança e para a Juventude
Com a “Menina e o Vento”, o Tablado entra numa nova fase: A criação de seu teatro para a juventude.
Em treze anos de atividade, na busca de uma expressão artística através do teatro, passando por uma inestimável experiência Humana – a sobrevivência de um grupo de teatro durante anos seguidos – O Tablado encontra-se agora numa espécie de obrigação para consigo mesmo: dar continuação ao que de melhor produziu nestes últimos anos – Seu teatro para crianças.
Esta experiência de nos fixarmos num gênero tão importante quanto difícil, pode durar um ano e pode ser definitivamente o caminho do Tablado. A isso só o tempo responderá. Entretanto temos algumas certezas sobre as vantagens de um teatro exclusivamente para a Criança e para a Juventude. Eis algumas delas:
1) Preencher uma lacuna no Brasil. Todo país adiantado possui diversões específicas para as crianças; Digo específicas e não sobras do teatro adulto não realizado.
2) Formar plateias para evitar o crescente esvaziamento de interesse pelos espetáculos teatrais.
3) Despertar interesse real pelo teatro (pelo menos na criança. É preciso que o teatro seja uma rotina e não um acontecimento na vida da criança.
4) Prolongar este interesse até a adolescência através de espetáculos de maior alcance. Poderemos chegar assim, até os clássicos (Calderon, Molière, Shakespeare) passando pelas pequenas farsas medievais.
5) Incentivar nas crianças e nos jovens a criação de grupos dramáticos nas escolas, nos clubes, etc.
6) Apurar o gosto do espectador através de produções de melhor qualidade, evitando assim , que educadores e diretores, em seus grupos, se contentem com produções medíocres, quer na forma quer no conteúdo.
Uma produção para a juventude constitui para os que dela participam uma fonte inestimável de novas experiências, desafio constante à imaginação. Autor, diretor, cenógrafos, atores, técnicos, a todos oferece a oportunidade de realizarem um trabalho dos mais interessantes, porque dentro de absoluta liberdade criadora.
Limitando nossas atividades ao teatro infantil e ao da juventude, temos a certeza da grande emoção que nos trará o entusiasmo caloroso de um público jovem, fiel e sempre renovado.
Maria Clara Machado
(Página 02 – Fotos: Henrique Mujica, o Vento; Lucia Marina Accioli, a Menina)
Algumas Opiniões sobre o Teatro para Crianças
Se todas as crianças de um país pudessem adquirir o respeito, o conhecimento, o amor pelo teatro, este será enfim a arte popular que deve ser, pois todo o teatro se dirige a todos e todo teatro é popular. Ele poderá novamente contribuir, segundo Voltaire, “`a polidez e à glória dos povos”. É que Voltaire compreendeu que através desta imagem transfigurada – “mais belo que a realidade” – do homem que ele oferece ao homem, o teatro desperta no espectador a consciência de si mesmo, dos outros, do mundo. Uma verdadeira cultura, não é, sem dúvida, outra coisa.
Marie Dienesch
“Não sei se as crianças preferem o teatro às outras formas de diversão”, disse-nos uma professora, “mas sei que elas se identificam muito mais intimamente com os caracteres do drama ao vivo do que com qualquer tipo de tela, e isso dá às histórias maior impacto. Semanas após um espetáculo, elas discutem-no desenham cenas (com espantosa precisão, as vezes) e escrevem composições para as aulas de linguagem”. A mãe de duas crianças contou-me que cada vez que seus filhos vão ao teatro ela passa uma época assistindo vezes sem conta as mesmas cenas que eles tornam a representar em casa. “Um filme”, diz ela, “eles assistem como espectadores, mas as peças parece que eles as incorporam como experiência própria, coisa vivida por eles”.
James A. Maxwell
“Teatro é poesia em movimento no espaço” escreveu Antonin Artaud em “Le Théatre et son Double” . E ainda: “Teatro é uma linguagem concreta que se destina aos sentidos”… que “deve satisfazer primeiro aos sentidos”… “há uma poesia para os sentidos como há uma poesia para a linguagem”. Se esta concepção de teatro revoluciona a velha ideia de que teatro é apenas literatura declamada, no teatro para crianças este princípio se aplica em toda a sua extensão. É pelos sentidos e não pela inteligência que a criança chega às coisas. E que melhor meio de cultura e de educação do que o teatro “poesia em movimento no espaço”?
Maria Clara Machado
(Página 03: Fotos: Flavio de São Tiago – Pedro. Hélio A. Silveira – Comissário Plácido. Jaqueline Laurence – Tia Adelaide. Yolanda Costa – Tia Adalgisa. Neuza Navarro – Tia Aurélia – Anúncio – Cine Foto Hermes)
(Páginas 04 e 05 – Anúncios: Foto Ótica Wolff, Livraria Infanto-Juvenil, Revistas Infanto-Juvenis)
A Menina e o Vento
de Maria Clara Machado
Peça em um Prólogo e 10 Cenas
Maria, a Menina: Lucia Marina Accioli
Pedro, o Irmão: Flavio de São Thiago
O Vento: Henrique Mujica
As tias
Tia Adelaide: Jaqueline Laurence
Tia Adalgisa: Yolanda Costa
Tia Aurelia: Neuza Navarro
A mãe: Maria José de Araújo
A Avó: Moema de Brito
O Repórter: Olney Barrocas
O Comissário Plácido: Helio Ary Silveira
Os dois policiais: Pacífico: Paulo Nolasco
Crispim: Sergio Micelli
Direção: Maria Clara Machado
Cenários, Figurinos e Cartazes: Marie Louize Nery
Bonecos: Dirceu Nery
Caracterização: Fred Amaral
Contrarregra: Luiz Carlos Valdez
Assistente de Direção: Donato Donati
Assistente Técnico: Dirceu Nery
(Página 06 – Repertório do Tablado)
Reservas e vendas de ingresso, na bilheteria do teatro, ou pelos telefones 26-4555 e 27-1417, ou em Copacabana na Musifoto – Rua Miguel Lemos, 51
Próximo Espetáculo do Tablado: Pluft, O Fantasminha de Maria Clara Machado
(Página 07 – Fotos: Maria José Araújo, a mãe; Olney Barrocas, o Repórter; Moema de Brito, a Avó; Sergio Micelli, Policial Crispim; Paulo Nolasco, Policial Pacífico)
A capa deste programa e os cartazes são de autoria de Marie Louize Nery
Este Programa foi confeccionado por SERVUS Importação e Comércio Ltda, Rua Santa Clara, 33 – Sobreloja 219 – Copacabana.
(Anúncio – Ótica Foto Rio Ltda)
(Página 08 – Fotos: Donato Donati, Assistente de Direção e Marie Louize Nery, Cenógrafa)
Cartaz Teatral do Rio
Teatro do Rio – “A Escada”
Teatro Copacabana – “Boeing Boing”
Teatro Ginástico – “Vamos Contar Mentiras”
Teatro Jardel – “A Tia de Carlito”
Teatro Dulcina – “Roleta Paulista”
Teatro Maison de France – “Victor ou As Crianças no Poder”
Teatro da Praça – “Um Domingo em Nova York”
Teatro Nacional de Comédia – “O Círculo de Giz”
Teatro Rival – “Senhora Presidenta”
Teatro de Bolso – “Eles não Usam Black-Tie”
Teatro Mesla – “3 em Lua de Mel”
Teatro Jovem – “Chiquinho nas Nuvens” (Teatro Infantil)
Teatro Santa Terezinha – “O Rapto das Cebolinhas” (Infantil)
Teatro da Praça – “O Casaco Encantado”
Cartaz Teatral de São Paulo
Teatro Maria Della Costa – “Pindura Saia”
Teatro Paramount – “Minha Querida Lady”
Teatro Infantil do Arena – “A Bruxinha que era Boa” (Infantil)
Teatro Cacilda Becker – “O Santo Milagroso”
Teatro Leopoldo Fróes – “O Inimigo do Povo”
Teatro Popular João Caetano – “Os Fuzis da Sra. Carrar”
Teatro João Caetano – “Nu com Violino”
Teatro Brasileiro de Comédia – “Os Ossos do Barão” Oficina – “Pequenos Burgueses”
Teatro Bela Vista – “Branca de Neve e os Sete Anões” (Infantil)
Teatro Bela Vista – “Tem Alguma Coisa a Declarar?”
(Verso da Última Capa)
Atividades do Tablado
1) Teatro Infantil aos sábados e domingos as 15:30 e 17 horas.
2) Clube para Crianças: às 3a. (menores), as 5as. (maiores), de 17 as 19hs. Dirigem: Edelvira Fernandes, Virginia Valli e Aracy Maria Mourthé. Iniciação artística da criança e adolescente, recreação, jogos dramáticos, fantoches, máscaras, modelagem, pintura e carpintaria.
3) Curso de Produção Teatral: para professores e todos aqueles que pretendem montar espetáculos: noções de interpretação, direção, técnica de palco, cenografia, iluminação, sonoplastia, caracterização, etc. Professora: Maria Clara Machado. Curso rápido com duas aulas por semana para iniciação ao espetáculo.
4) Cadernos de Teatro: Revista de formação teatral sob o patrocínio do Instituto Brasil de Educação, Ciência e Cultura. Saem 4 números por ano. Número avulso: Cr$ 70,00. Atrasados: Cr$ 50,00. Assinaturas: Cr$ 500,00
5) Encontram-se a venda no Tablado e na Musifoto todos os livros da coleção Teatro Moderno da Editora Agir, e os Cadernos de Teatro além de vários outros livros sobre teatro.
6) Cadeiras Cativas: com direito a todas as estreias do Tablado. Preço: Cr$ 10.000,00 Informações pelo telefone 26-4555 ou com a pessoa encarregada desses programas na mesa.
(Anúncio – Musifoto)
(Última Capa – Anúncio: Mimo Bolsas e Sapatos)
Obs.
Este espetáculo em sua primeira versão realizou 53 apresentações e teve 4.772 espectadores.
