Entrevista com Eliardo França

foto eliardoNeste mês da criança estamos envolvidos com a literatura infantil, mas sempre prestamos mais atenção ao autor e nos esquecemos do ilustrador que tem em suas mãos a tarefa de traduzir em imagens o texto literário e nos fazer viajar na imaginação. Eliardo França concedeu uma entrevista a mim e as colegas de curso em ocasião de uma tarefa da faculdade (UFJF) e gentilmente me autorizou a postar aqui em nosso blog.

Breve biografia: Eliardo Neves França é mineiro da cidade de Santos Dummont. Iniciou sua vida profissional em 1966, ilustrando livros para crianças em coautoria com sua esposa – a escritora Mary França, geralmente é ela quem escreve as histórias que o ilustrador desenha.

Algumas de suas obras que merecem destaque são: Cacho de Histórias, O Rei de Quase-Tudo (escrito pelo ilustrador em 1972), os sucessos de seus livros como os da coleção “Gato e Rato” e da coleção “Os Pingos!”. Por esses trabalhos, os dois receberam muitos prêmios como o Selo de Ouro da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, e o título de Melhor Ilustrador a Eliardo pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

ELIARDO E MARY

ENTREVISTA

ALUNAS: Sabemos que teu trabalho tem uma parceria marcante com sua esposa Mary França, essa parceria tem dado muito certo, os trabalhos são maravilhosos, mas nosso foco hoje são as ilustrações.

Quando criança você já apresentava o talento para o desenho? Qual era sua relação com a literatura infantil?

Eliardo: Sempre. Desde muito cedo, sempre gostei de desenhar e quando criança enchia meus cadernos escolares de desenhos. Sempre li desde muito cedo e meus presentes preferidos eram sempre livros. Gostava muito mais do que bolas, carrinhos, ou qualquer outra coisa.

ALUNAS: Como surgem as inspirações para criar os personagens? Existe um padrão exigido das editoras ou você é livre para criá-los?

Eliardo: Não existe padrão. Eu não sei dizer como eles nascem. Como Picasso dizia: o artista não precisa de inspiração, precisa de transpiração, ou seja, trabalhamos muito!

ALUNAS: Um dos livros mais famosos é a dos Pingos, conte-nos como surgiu a ideia do desenho do personagem?

Eliardo: Nós queríamos criar personagens que pudessem aparecer em várias histórias. Uma família de personagens. Queríamos também um personagem que não existia e pensamos no formato de uma gota. Depois veio a ideia de ser sete personagens, porque o 7 é um número mágico: tudo vem em sete. Escolhemos as sete cores do arco-íris para diferenciá-los e criamos nossos queridos Pingos.

ALUNAS: Você considera as ilustrações nos livros infantis tão importantes quanto o texto?

Eliardo: Sim, claro. Para crianças principalmente. A criança muito pequena, inclusive, lê somente as ilustrações e quem lê o texto são os adultos. A ilustração tem um papel muito importante na contação da história e compreensão do texto.

ALUNAS: Qual sua opinião sobre os livros que apresentam apenas imagens?

Eliardo: Eu acho ótimo! Acho que instiga a criança a contar com suas próprias palavras o que ela está vendo. Eu e Mary estamos lançando agora um livro destes: só com imagens. Ele chama Chapéus, e será distribuído para escolas públicas de todo o Brasil no programa PNLD Literário.

ALUNAS: Em toda sua carreia você deve ter vivenciado muitas experiências marcantes com seus leitores.

Conte-nos uma dessas experiências.

Eliardo: Uma experiência foi em um colégio de Petrópolis. Crianças pequenas de 5, 6 anos. Eu estava desenhando para eles e de repente uma criança, lá do fundo, gritou “Eliardo, eu te amo!”. Fiquei muito feliz.

ALUNAS: Consideramos as ilustrações de suma importância e parte essencial de um livro, por isso foi reservado uma parte da disciplina Narrativas Infantis para aprendermos sobre alguns ilustradores brasileiros. Obrigada pela oportunidade e parabéns pelo lindo trabalho!

Eliardo: Obrigado vocês. Foi um prazer participar do projeto.

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