Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Metalúrgicos de Volta Redonda/RJ (Sul Fluminense)

Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense resgata a memória da greve de 88


Memorial 9 de Novembro em sua inauguração,
antes do atentado à bomba

Com o objetivo de manter viva a memória da grande greve acontecida na CSN no ano de 1988, o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense prepara um resgate à história através de um evento no dia em que se completam 24 anos do assassinato dos operários Willian, Valmir e Barroso, em 9 de novembro de 1988, quando o exército invadiu a CSN.

“É com a memória do passado, que mantemos a esperança no futuro e a certeza de que esses dias não mais se repetirão”, justifica o Presidente do Sindicato, Renato Soares, que, desde o início de sua gestão – em 2006 –, realiza eventos para recontar essa história. “Há um processo de ‘rejuvenescimento’ do mercado de trabalho, o que indica que muitos dos trabalhadores atuais da CSN não eram nascidos ou eram muito pequenos para se lembrar desta greve e da importância que ela tem para a conquista de nossos direitos até os dias de hoje”, completa Renato.

A Greve
No dia 7 de novembro de 1988 os metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, entraram em greve e ocuparam a usina. A greve tinha como principais reivindicações a readmissão dos trabalhadores demitidos por perseguição política; a redução de 8 para 6 horas da jornada de trabalho para as atividades ininterruptas; e reajuste salarial. Na noite de 9 de novembro, o presidente José Sarney autorizou o exército a invadir a fábrica, sob o comando do General José Luiz Lopes. Soldados do exército, vindos de Valença e Petrópolis e do Batalhão de Choque da Polícia Militar dispersaram uma manifestação pública pacífica que acontecia em frente ao Escritório Central da CSN, transformando o centro da Vila Santa Cecília em um verdadeiro campo de batalha. Os militares invadiram a fábrica, atirando nos operários. Dezenas de trabalhadores foram feridos três foram mortos. William Fernandes Leite, de 22 anos; Valmir Freitas Monteiro, de 27 anos; e Carlos Augusto Barroso, de 19 anos, perderam suas vidas nesta invasão do exército. Após o assassinato destes três operários, os trabalhadores continuaram a sua greve até a conquista de suas reivindicações e a retirada do exército da cidade, o que aconteceu em 23 de novembro.

No ano seguinte, em 1º de maio, foi inaugurado o Memorial 9 de Novembro, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em homenagem aos três operários assassinados. Mas este monumento também foi alvo de uma violência: um atentado com bomba derrubou o Memorial na madrugada após sua inauguração, ficando este tombado para frente, apenas preso pelo ferro da armação. Niemeyer fez questão de reinaugurar o Memorial 9 de Novembro, mantendo as marcas da violência, apenas erguendo o que foi derrubado, para que estas marcas ficassem para sempre em nossa memória e para mostrar que podemos ser derrubados, mas sempre iremos nos reerguer. “Esta é outra história que precisa ser lembrada e contada de pai para filho, de professor para aluno e de operário para operário na Cidade do Aço, assim como a história de Juarez Antunes”, afirma a Diretora do Sindicato, Maria Conceição dos Santos.

Juarez Antunes foi um dos líderes da greve de 1988. No dia 15 de novembro (durante a greve) foi eleito prefeito de Volta Redonda, assumindo o cargo em 1º de janeiro de 1989.  Em 21 de fevereiro do mesmo ano, Juarez foi morto num suposto acidente de carro, quando viajava para Brasília. Até hoje o acidente não foi esclarecido, deixando indícios de um assassinato. “Esta greve promoveu mudanças significativas no movimento sindical e Juarez iria fazer o mesmo por Volta Redonda. Ele era um líder carismático, tinha o dom da palavra e da ação, por isso foi silenciado”, acredita Conceição, que participou da greve de 1988. Além do resgate da memória, o evento também será uma oportunidade de homenagear esses quatro companheiros que morreram em decorrência da greve: Valmir, Willian, Barroso e Juarez.

O evento acontecerá na Praça Juarez Antunes, do dia 9 de novembro (sexta-feira). Uma exposição contando a história da greve através de fotos da época estará no local a partir das 7h e permanecerá ao longo de todo o dia.

A programação será a seguinte:

8h: Concentração na Praça Juarez Antunes (para depósito de flores e faixas e reencontro daqueles que participaram da greve)

9h: Ato Religioso

9h45: Ato político, social e histórico

10h30: Abraço ao Memorial 9 de Novembro

Além do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, estão na organização do evento as seguintes entidades: Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda – Dimensão Sócio Transformadora;  CEBI; MEP; OAB-VR; Movimento Fé e Política; Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil; Pastoral Operária; Associação De Mulheres Beth Lobo De Volta Redonda; Coordenadoria Da Mulher – PMVR; Núcleo De Anistiados Políticos De Volta Redonda; Conselho Municipal De Direitos Humanos; FAM

Por Fabiana Longo
Jornalista – Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense
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