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Construção de complexo com 30 mil macacos para testes em pequena cidade dos EUA gera protestos

Construção de complexo com 30 mil macacos para testes em pequena cidade dos EUA gera protestos

O plano para a construção de um grande complexo em Bainbridge, no estado do Georgia, nos Estados Unidos, está provocando polêmica e uma onda de protestos. É que quando estiver operando em capacidade total, ao longo dos próximos 20 anos, a empresa Safer Human Medicine irá abrigar ali 30 mil macacos (Macaca fascicularis). Os animais serão enviados a universidades e centros de pesquisas para serem utilizados em pesquisas médicas para o desenvolvimento de tratamentos e medicamentos – o número de animais é mais do que o dobro dos 14 mil habitantes da cidade.

Segundo a companhia, o centro de reprodução de macacos da espécie nativa do sudoeste asiático viveram ali, “em condições seguras, alimentados com produtos locais e não haverá risco de proliferação de doenças zoonóticas” para a população de Bainbridge.

Ainda de acordo com uma carta aberta enviada pela Safer Human Medicine para os moradores da cidade, o negócio de estimado em quase U$ 400 milhões, resultará na criação de centenas de empregos e na oferta de treinamento e capacitação para profissionais da comunidade.

Na carta, a empresa coloca ainda fotos das acomodações “modernas e espaçosas” onde os macacos viverão.

“Dada a sua semelhança genética com os humanos, os primatas fornecem o modelo mais confiável para demonstrar como um medicamento afetará nosso sistema biológico. Ninguém jamais imagina dar um medicamento a um membro da família, a um ente querido ou a qualquer outra pessoa que esteja lutando contra uma doença ou necessitando atenção médica, a menos que tenha sido cuidadosamente avaliado quanto à segurança. A ciência ainda não avançou para o ponto onde temos alternativas confiáveis, e cada medicamento é obrigado por lei a passar por testes de segurança em primatas”, diz o documento.

Mas o comunicado não pareceu convencer muitos moradores e organizações de proteção ambiental. Alguns têm medo da disseminação de doenças, especialmente com uma espécie vinda de outros países e numa quantidade dessa.

“Construir uma instalação projetada para fornecer animais como cobaias para uma indústria que deveria adotar métodos e estratégias sem animais é um retrocesso. Experiências em macacos demonstraram ser muito pouco fiáveis quando se tenta prever o que acontecerá nos humanos, dadas as importantes diferenças biológicas entre humanos e macacos”, diz a Humane Society.

A organização ressalta que no começo deste mês, o Instituto Nacional de Saúde (NHI), uma das instituições de pesquisa mais famosa e respeitada do país, se comprometeu com esforços para o desenvolvimento de testes sem o uso de animais.

Imagem contida na carta enviada pela Safer Human Medicine que mostra como os macacos viveriam
(Reprodução comunicado)

A Humane Society lembra que macacos são animais sociais, inteligentes e curiosos. Na natureza, os filhotes são extremamente dependentes de suas mães, amamentados por mais de um ano. “Mas nesses centros eles são separados das mães ainda jovens – um acontecimento extremamente traumático tanto para a mãe como para o recém-nascido. Depois disso, vivem em gaiolas pequenas e estéreis e apresentam elevados níveis de ansiedade”.

“Em vez de gastar milhões de dólares dos contribuintes na reprodução e testes com macacos, deveríamos investir em instalações e infra-estruturas para apoiar métodos e estratégias não animais, que possam prever com mais precisão como o corpo humano responderá a medicamentos, tratamentos e substâncias”, propõe a ONG.

A Humane Society diz também que o CEO da Safer Human Medicine ocupava anteriormente a mesma posição na empresa Envigo, que em 2022 foi denunciada por violações de bem-estar e más práticas e 4 mil beagles precisaram ser resgatados (leia mais aqui).

Há uma petição online da Humane Society contra a construção do complexo na Georgia. Para assinar, clique neste link.

Os Estados Unidos dependem largamente da importação de macacos da Ásia para uso em pesquisas científicas e há um alerta nos últimos anos que a demanda não está sendo mais atendida – algo em torno de 70 mil animais por ano. A Índia, por exemplo, proibiu a exportação. Um relatório publicado pela Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina fez esse alerta em 2023.

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Foto de abertura: Meredith Lee / The HSUS

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