Projeto leva aulas de grafite para 50 estudantes de escolas públicas e mapeia artistas em Fortaleza

Mil exemplares de um catálogo com os registros serão distribuídos em bibliotecas públicas e comunitárias

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
Legenda: Nick atua com grafite há mais de 20 anos
Foto: Acervo pessoal

Linhas marcadas e cores fortes devem estampar paredes de escolas públicas e organizações sociais de Fortaleza, pelas mãos de crianças e adolescentes, entre os dias 27 de novembro e 2 de dezembro. A iniciativa Percurso do Graffiti promove a formação em arte para 50 estudantes e mapeia os artistas da capital cearense.

O projeto foi criado na dissertação de mestrado do pesquisador, grafiteiro e arte-educador Nick Pereira, por meio do Programa de Pós Graduação em Artes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) Fortaleza.

Também há apoio do Edital das Artes, pela Secretaria da Cultura de Fortaleza (SecultFor) e do Grupo Meio Fio de Pesquisa e Ação. O grafite é uma intervenção artística em espaços públicos, sendo baseado em imagens e uma forma de manifestação cultural e social, como define a Academia Brasileira de Arte (Abra).

Legenda: Grafite envolve imagens e dá tom de beleza para espaços públicos
Foto: Acervo pessoal

No projeto cearense, serão realizadas aulas teóricas e práticas com os estudantes, que também serão reunidos para a criação de painéis com grafites. Confira as instituições contempladas:

  • Associação Educacional Comunitária (Asafe), no Bom Jardim, de 23 a 28/10;
  • Escola Municipal Ari de Sá Cavalcante, no José Walter, de 6 a 11/10;
  • Escola Municipal Professor Luis Recamonde Capelo, no Bonsucesso, de 11 a 18/10;
  • Coletivo Bem Viver, no Jardim das Oliveiras, de 27/11 a 2/12.

Os estudantes devem participar de 4 momentos formativos para elaborar a arte que será vista por todos na instituição, como explica Nick.

“As aulas serão teóricas, para explicar o que é e como surgiu o grafite, a construção de personagens, a teoria do desenho e como é o uso de tinta spray. Para finalizar, vamos fazer um painel em cada instituição”, detalha.

O projeto também coleta informações sobre os grafiteiros atuantes na capital cearense por meio de um formulário digital e em entrevistas presenciais. 

Legenda: Grafites são feitos para gerar reflexões sociais
Foto: Couto Fernandes/Reprodução

“Estamos com 22 respostas (no questionário digital), mas o objetivo é chegar a 50. Nós vamos apresentar essas informações no catálogo para cada artista, distribuir para bibliotecas comunitárias e do Governo em 1.000 exemplares”, completa Nick.

Em Fortaleza e em outras cidades brasileiras, o grafite embeleza prédios e muros, além de espaços internos, com a temática social. São comuns grafites sobre desigualdades sociais e a realidade da periferia.

Grafite e identificação

A iniciativa do Percurso do Graffiti busca promover a inclusão social e cultural por meio do conhecimento e prática destinada, principalmente, para crianças e adolescentes da periferia de Fortaleza.

“Essas oficinas são uma proposta da minha pesquisa de mestrado e o grafite se apresenta como uma ferramenta de identificação com os lugares onde se vive e isso tem sido fortalecido muito nos últimos anos”, reflete.

Legenda: Representação de pessoas são usadas em grafites
Foto: Clícia Weyne/Reprodução

Graduado em Artes Visuais, o arte-educador atua como grafiteiro desde 1999 e produz estêncil, desenhos e murais. O artista produziu um mural em homenagem aos profissionais da saúde, no Hospital da Mulher Zilda Arns (Hospital da Mulher), na pandemia.

Os trabalhos de Nick também já foram expostos no Museu de Artes da Universidade Federal do Ceará (UFC), no Centro Cultural da Universidade de Fortaleza (Unifor), no Sobrado Dr. José Lourenço e no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, por exemplo. 

Grafite e pichação

Academia Brasileira de Arte contextualiza uma dúvida comum da população em relação ao grafite: qual a diferença da pichação? De início, o grafite sempre é feito com autorização.

Em São Paulo, o Beco do Batman se tornou um dos principais exemplos de galerias de grafite a céu aberto do mundo, realizados com a permissão dos moradores do bairro Vila Madalena.

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Já a pichação é feita, em geral, com palavras e de conteúdo com relação a grupos da cidade, enquanto o grafite abre espaço para crítica social. As técnicas também são bem diferentes entre o grafite e a pichação, já que os desenhos exigem mais ferramentas e cores.

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