O Carnaval chegou, e qual sua fantasia?

Cair na folia é livre, mas com responsabilidade. Vamos festejar a vida sem promover discursos racistas, lgbtfóbicos ou desrespeitosos com diversas culturas

Legenda: É hora de cuidado redobrado para não usarmos não trajes e adereços que façam alusão a etnias, populações, traços culturais ou religiões
Foto: Camila Lima

Depois de dois anos, finalmente, estamos podendo nos encontrar pelas ruas nos blocos das cidades, aquecer os tambores e desenferrujar o corpo. Chegou a maratona de quatro dias de festas.

Seja no mela mela, nas ladeiras, na pipoca, no camarote, na praia, no sambódromo ou nos bailes segue a tradição da fantasia dos foliões. Tem gente que até produz a mesma fantasia e sai em grupo. Tem gente que faz abadá exclusivo. Tem gente que há mais de 30 anos veste o mesmo tipo de fantasia.

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Mas atenção, em 2023, é importante estar ainda mais atento sobre o que pode e o que não pode ser fantasia. E não adianta vir com o papo de “mas é carnaval, é só uma brincadeira”, pois já passou do tempo de entendermos que não devemos permitir que determinados assuntos ainda sejam tratados como deboche, piada ou mera diversão.

Cair na folia é livre, mas com responsabilidade. Vamos festejar a vida sem promover discursos racistas, lgbtfóbicos ou desrespeitosos com diversas culturas.

É hora de cuidado redobrado para não usarmos não trajes e adereços que façam alusão a etnias, populações, traços culturais ou religiões.

Indígenas não são fantasias, por exemplo. Os povos originários não precisam ser “homenageados” através de sua fantasia. Eles precisam ter suas terras respeitadas, seus direitos garantidos. Portanto, use sua intenção de forma positiva fomentando debate, divulgando os problemas enfrentados por essa população e pressionando as autoridades por leis que garantam a existência deles.

Blackface é racismo, caso ainda não tenha ficado claro. Não pinte sua pele ou use adereços que remetem a traços de pessoas negras ou à cultura afro-brasileira, se você não faz parte ou não tem proximidade com ela.

Lgbtfobia é crime no Brasil. Ainda somos o país com o maior número de mortes LGBTQIAP+, seja pelo assassinato de pessoas gays, transsexuais e travestis ou pelo suicídio dos mesmos por não suportarem viver numa sociedade tão preconceituosa. Deste modo, a espetacularização na maior festa popular brasileira causa a ridicularização dessa comunidade.

Serial Killer é uma péssima piada! Que as histórias de criminosos tenham se tornado sucesso mundial isso sabemos, mas não lhe dá o direito de sair vestido de Dahmer. No mínimo pense nas famílias que sofrem com as perdas de seus entes queridos. Quer fantasia? Então faça uma opção por figuras fictícias.

Acho que os exemplos acima dão uma ideia de como seria interessante você pensar e repensar sua estratégia de se divertir sem ser inconveniente, agressivo ou desrespeitoso. Afinal, ainda existem as opções do universo da magia, novelas, filmes, música, circo e etc.

Divirta-se, mas com responsabilidade!

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor