Exposição no Espaço Cultural Unifor homenageia os 100 anos da Semana de Arte Moderna

Com curadoria de Regina Teixeira de Barros e consultoria de Aracy Amaral, mostra “100 anos da Semana de Arte Moderna em acervos do Ceará” é uma oportunidade do público conhecer este importante movimento artístico brasileiro

Escrito por Redação ,
Di Cavalcanti, Figuras (Seresta), déc. de 1930, óleo sobre tela (1)
Legenda: “Figuras (Seresta)”, de Emiliano Di Cavalcanti, é a obra-símbolo da mostra

Um momento único de conhecer e refletir acerca do legado da Semana de Arte Moderna. A Fundação Edson Queiroz (FEQ) inaugura nessa terça-feira (22), a exposição “100 anos da Semana de Arte Moderna em acervos do Ceará”. Com acesso gratuito a toda a população, a mostra celebra o centenário do movimento que se liga à história do modernismo no Brasil. 

Em cartaz no Espaço Cultural Unifor, a exposição reúne cerca de 150 trabalhos de artistas como Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Victor Brecheret. As obras conectam o desejo de renovação e revelam como os artistas e intelectuais cariocas e paulistas estipularam um processo de ruptura a literatura, música e artes visuais.

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A curadoria é assinada por Regina Teixeira de Barros e a consultoria é de Aracy Amaral. O público pode acessar a produção de artistas plásticos modernos e os primeiros passos do movimento modernista no Ceará. “As primeiras evidências da busca pelo moderno têm início em fins do século XIX e adentram o século XX, quando o Modernismo floresce como movimento artístico. A mostra abrange todo esse período, acompanhando as concepções de moderno e suas diversas particularidades”, explica Regina Teixeira de Barros.

Como funciona

“100 anos da Semana de Arte Moderna em acervos do Ceará” é dividida em três núcleos. No primeiro, encontram-se as peças de artistas que, antes mesmo da semana de 1922,  trilhavam o anseio por mudança. Aqui, estão trabalhos de Eliseu Visconti, Belmiro de Almeida e Arthur Timótheo da Costa.

São nomes que dialogam com a produção da Padaria Espiritual. Segundo Regina, apesar de a Semana de 22 ter ocorrido em São Paulo, o desejo de modernização das artes se espalhou pelo Brasil e influenciou também a produção artística no Ceará.

Cícero Dias, Moças na janela, déc. de 1930, óleo sobre tela
Legenda: Cícero Dias, Moças na janela, déc. de 1930, óleo sobre tela

As reformas urbanas, a construção de teatros amplos – a exemplo do Teatro José de Alencar em Fortaleza –, o agrupamento de escritores que se rebelavam contra as regras da academia, além das inovações musicais são indicativos que perpassam diversas capitais, de norte a sul do país”. 

Candido Portinari, Retrato de Maria, 1934, óleo sobre tela
Legenda: Candido Portinari, Retrato de Maria, 1934, óleo sobre tela

Com isso, a mostra destaca a arquitetura de Fortaleza no início do século XX. Além da maquete do Teatro José de Alencar (inaugurado em 1910), o visitante verá projeções fotográficas de exemplares da arquitetura do ferro e da arquitetura eclética da capital cearense na época.

Na última sala desta sequência, instrumentos musicais do final do século XIX contam um pouco da história da música feita no Ceará naquela época, enquanto projeções sonoras envolvem o visitante e o transportam às primeiras décadas dos anos 1900.

Artistas de 22

Um segundo núcleo reunirá as artes de quem participou da Semana de 1922. Estão Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Vicente do Rego Monteiro e nomes da “primeira geração modernista”, como Ismael Nery, Antônio Gomide, Tarsila do Amaral, Lasar Segall e Cícero Dias.

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O terceiro núcleo passeia pelos anos 1930 e início dos anos 1940. Nesse período, a preocupação social ganha espaço no debate. Destaque dessa fase, Cândido Portinari está representado na exposição por quase uma dezena de pinturas. Além dele, grandes nomes que surgem nos anos 1930 e se tornam destaques do modernismo nacional, como José Pancetti, Alfredo Volpi, Burle-Marx, entre outros, também poderão ser vistos.

Anita Malfatti, A mulher do cabelo verde, 1915, óleo sobre tela
Legenda: Anita Malfatti, A mulher do cabelo verde, 1915, óleo sobre tela

“A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um marco na história da arte brasileira e como uma grande entusiasta das artes e detentora de um belíssimo acervo de artistas modernistas, a Fundação Edson Queiroz não podia deixar de homenagear o movimento. A mostra é também uma oportunidade de lançar um olhar inédito sobre a produção artística do Ceará, exaltando a capacidade vanguardista dos nossos artistas, como temos feito ao longo dos nossos 50 anos de existência”, destaca a presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha.

Para o Vice-Reitor de Extensão e Comunidade Universitária da Unifor, professor Randal Pompeu, “100 anos da Semana de Arte Moderna em acervos do Ceará” ilumina o centenário do movimento e se permite como um espaço de ensino e conhecimento. "Além das artes visuais, os trabalhos expostos abordam linguagens como literatura, teatro e música, sempre sob um forte viés pedagógico, aliando arte e educação, de modo a atender os públicos mais diversos”, conta Randal Pompeu.

Serviço:

Exposição “100 anos da Semana de Arte Moderna em acervos do Ceará”.
Abertura: 22 de março, às 19h. Visitação: de terça a sexta-feira, das 9h às 19h – sábados e domingos, das 10h às 18h.
Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321, Bairro Edson Queiroz). Contato: (85) 3477.3319