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Nova edição de livro e lançamento de documentário devem mostrar às novas gerações a história de Barbosa Lessa 

Apresentação do projeto será no dia 25 de fevereiro, no 35º Seminário Estadual de Prendas, que ocorrerá em Novo Hamburgo

13/02/2023 - 05h00min


Caroline Tidra
Caroline Tidra
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Carlos Edler / Agencia RBS
Escritor gaúcho faleceu em 2002

A partir do lançamento de uma nova edição da obra Nativismo, um Fenômeno Social Gaúcho, de Luiz Carlos Barbosa Lessa, o público, principalmente os jovens do meio tradicionalista, poderão redescobrir e conhecer mais do trabalho do escritor. 

A apresentação da obra será acompanha da exibição de um documentário sobre a vida e importância do folclorista para a história do Estado. O projeto, organizado pelo historiador e jornalista Rogério Bastos, foi produzido por meio de recursos viabilizados no edital do Concurso FAC Patrimônio, da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul.

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Conforme Bastos, a ideia para reedição surgiu quando a obra passou a constar na bibliografia do Concurso Estadual de Prendas, há cerca de dois anos, e as candidatas começaram a procurar para a leitura. À época, Bastos conversou com a esposa do folclorista, Nilza Lessa, que faleceu em agosto de 2022. Ela aceitou a ideia, assim como os filhos do escritor, que autorizaram a reedição. 

Documentário

Além do livro, que será distribuído gratuitamente, Bastos organizou um documentário sobre Barbosa Lessa. 

– Não quis produzir só o livro, pois como passa de uma geração para outra, alguns ícones vão desaparecendo. Por exemplo, o Paixão Côrtes está muito presente, no Laçador, na dança. E o Lessa, apesar de estar na dança, não se enxerga muito ele, porque era o mais intelectual do grupo. Comecei a procurar onde o Lessa influenciava aqui no Rio Grande do Sul – explica o historiador, que também é vice-presidente da Comissão Gaúcha de Folclore. 

O documentário é composto por entrevistas com professores, escritores e historiadores que contam quem era o Barbosa Lessa, a importância dele e de sua obra. Bastos também visitou a propriedade do escritor e a Cascata batizada com o seu nome, em Camaquã. O trabalho ainda está em edição. 

O primeiro lançamento da edição do livro e também apresentação do documentário serão no dia 25 de fevereiro, no 35º Seminário Estadual de Prendas, que ocorrerá na Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, em Novo Hamburgo.

– A ideia é que a obra vá para o interior do Estado. O seminário traz prendas e peões de tudo que é parte do RS, tem em torno de 700 jovens nesse evento. O objetivo é que cada entidade que se inscrever leve uma unidade para sua cidade, para seu CTG. Depois disso, estão programadas 20 palestras pelo Estado, para mostrar o Barbosa Lessa principalmente para essa nova geração  – explica Rogério. 

Ideia registrada na obra

Segundo Bastos, Barbosa Lessa identificou que a cada 30 anos surge um “ismo” diferente, fosse o que chamou de gauchismo cívico dos anos de 1890, com João Cezimbra Jacques, o regionalismo literário dos anos de 1920, o tradicionalismo associativo nos anos de 1950, ou o nativismo musical dos anos de 1980. 

– É interessante que ele mostra que a cada 30 anos uma geração vem para revolucionar alguma coisa na área da tradição do RS. Sobre o futuro, ele falava que em 2010 surgiria um “ismo” diferente. No final de 2009, fizemos a primeira transmissão online do Enart, a tecnologia entrou com tudo agora, na época que ele previu. 

Em relação a essa previsão, Bastos cita o trecho do que Lessa dizia: “Sou capaz de jurar que lá pelo ano 2010 surgirá uma espécie de telurismo antinuclear ou cibernético, resultante da inquietação de analistas de sistemas em conluio com artistas plásticos, incluindo cartunistas e comunicadores visuais. É claro que, de acordo com cada época, modifica-se a dinâmica e o campo de ação. Mas, no fundo, é tudo a mesma coisa: expressão de amor à gleba e respeito ao homem rural”.

–E é isso que o leitor encontrarás em nativismo um fenômeno social gaúcho: a explicação por esse amor que o gaúcho tem pela sua terra – diz Bastos. 

Quem foi Barbosa Lessa

Falecido há 20 anos, Luiz Carlos Barbosa Lessa (1929-2002) aparece como um dos mais destacados intelectuais do Rio Grande do Sul. Foi um homem de múltiplas atividades, tendo atuado como advogado, jornalista, músico, historiador e folclorista. Nasceu na histórica Piratini, a primeira capital farroupilha. Em meio século de produção literária, publicou cerca de 70 títulos, nos mais variados gêneros.

No currículo de Barbosa Lessa, figura sua passagem como secretário estadual de Cultura, no governo Amaral de Souza, quando promoveu a aquisição do antigo Hotel Majestic para ser transformado na Casa de Cultura Mario Quintana. Elegeu-se também patrono da 46ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre, em 2000. 

Quando estudante, fez parte, com Paixão Côrtes, do grupo que criou o departamento de tradições gaúchas do Colégio Júlio de Castilhos, berço do CTG 35, que em abril completa 75 anos. Em 2000, na promoção da RBS, foi eleito como um dos “20 gaúchos que marcaram o século 20”.

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