“Peninha” (Fethry Duck)

“Peninha” (Fethry Duck)

Por Jorge Hata*

Criado em 1.964 pelo roteirista Dick Kinney e pelo desenhista Al Hubbard, Peninha é uma sátira aos beatniks, jovens de cabelos compridos que tocavam bongô, escreviam poesias e eram adeptos da alimentação macrobiótica. Se por um lado o personagem nasceu como coadjuvante, por outro já anunciava que também se destacaria na galeria de personagens Disney. Peninha foi idealizado no Studio Program, empresa que produzia histórias em quadrinhos para a Europa e a América Latina. Por esse motivo, ele estreou primeiro na Europa, em 1.964 e chegou aos Estados Unidos um ano depois. Esse detalhe do início de carreira, fez com que ele seguisse a trajetória inversa dos demais membros da Família Pato e ainda causou uma certa confusão. A primeira aventura dele foi “Fome para Fortalecer”. No entanto, foi com “O Primo Dinamite”, com arte de Tony Strobl, que os fãs americanos o conheceram. Por isso, essa história de estréia nos Estados Unidos tem sido erroneamente considerada sua primeira aparição. No Brasil, as duas tramas foram publicadas respectivamente em, Mickey 155, de 1.965, e em Pato Donald 750, de 1.966. Com o tempo, Peninha ganhou um novo visual, perdendo o ar beatnick. No lugar do cabelo ouro e comprido, o pato passou a ter longos fios, que saem de seu gorro, que também ficou mais longo. Nas histórias desenhadas por Tony Strobl para o Studio Program, ele se tornou, juntamente com Donald, repórter do jornal, A Patada, propriedade do Tio Patinhas. Além disso, com sua carreira em alta, teve brigas com o caipira Urtigão, começou se namoro com a hippie Glória e ganhou um sobrinho, o Biquinho, que, assim como Glória, foi criado por brasileiros. Mesmo sendo sobrinho de tio famoso, Biquinho não consta da árvore “patológica” idealizada por Keno Don Rosa e Carl Barks.

Nela, Peninha é neto da vovó Donalda, filho de Patolfo e Patina Dora, e irmão de Zeca Pato. A ausência de Biquinho na árvore, porém, não significa que ele não seja membro oficial da família, tanto que ele dá as caras na história italiana “O Calhambeque”. Na Itália, por sinal, é comum a blusa do Peninha ser colorizada de vermelho, diferente do padrão seguido no Brasil. De qualquer forma, seja qual for a cor da roupa, Peninha é Peninha …. em todo lugar.

AS VÁRIAS FACES DE PENINHA: Depois da estréia de Peninha no Brasil, desenhistas contratados pela Editora Abril começaram a conceber novas facetas para o personagem. Carlo Edgard Herrero, Euclides Miyaura e Irineu Soares Rodrigues, foram os principais desenhistas das histórias produzidas nas décadas de 1.970 e 1980, em que o Peninha era apresentado como herói mascarado, caubói e até pato pré-histórico. Além disso, a imaginação dos roteiristas brasileiros levou Peninha a lugares distantes, das selvas africanas ao fundo do mar.

MORCEGO VERMELHO: Esse herói trapalhão estreou em 1.973 no número 2 da revista Edição Extra. Na história tudo começou assim…. com desenhos de Carlos Edgar Herrero, Peninha vai a uma festa a fantasia, vestido de pato-morcego e, depois de muitas confusões, ajuda a prender os metralhas. Daí em diante, ele resolve combater o crime como os super heróis dos quadrinhos. O Morcego Vermelho, assim como Clark Kent, trabalha para um jornal e, assim, como Batman, esconde sua identidade sob a máscara e a capa. O Morcego mora numa versão mais humilde da batcaverna: a lata de lixo do Morcego (na qual esconde o uniforme ) e enfrenta bandidos, usando a corda-morcego e o pula-pula-morcego, invenções do Prof. Pardal. Além de encarar criminosos já conhecidos, como Mancha Negra e Professor Gavião, o Morcego Vermelho também tem, que desmantelar os planos malignos do Monstrengo e do Senhor X, dois vilões criados especialmente para suas aventuras.

PENA DAS CAVERNAS: A versão pré-histórica de Peninha surgiu na aventura Pena das Cavernas, publicada originalmente em 1.982 na revista Zé Carioca número 1.597. A arte era de Verci de Mello. Nesta trama, Peninha assume o papel de um paquerador incorrigível, que tenta conquistar uma linda patinha, mas vive quebrando a cara, em consequências, quase sem diálogo, Pena das Cavernas enfrenta até dinossauros – uma impossibilidade histórica para homens… e patos.

PENA KID: Publicada em 1.974, na revista Pato Donald nùmero 1.188, a história Quadrinhos e Adivinhos, também de Carlos Edgar Herrero, marca a estréia da faceta caubói. Nesta trama, o Prof. Omar Meloso, astrólogo do jornal A Patada, pede demissão e o Tio Patinhas, muquirana como sempre, manda Donald e Peninha criar tiras de quadrinhos para colocar no lugar do horoscopo, tomando a si mesmo como modelo, Peninha passa a desenhar histórias protagonizadas por Pena Kid, o pato caubói, que viaja pelos desertos e cidades do Oeste Americano como companhia, o cavalo de pau Alazão, que relincha e toma leite. No entanto, há outras histórias em que Pena Kid, deixa de ser o personagem desenhado pelo Peninha e passa a ser o próprio Peninha, enquanto Alazão se transforma em cavalo de verdade. Nas duas versões, Pena Kid é engraçadíssimo.

PENA DAS SELVAS: É outro personagem que Peninha criou para A Patada. A estréia dele foi na revista Edição Extra número 87 de 1.978. Quem ilustrou essa história foi o desenhista Irineu Soares Rodrigues. Sátira de Tarzan, Pena das Selvas, se diz protetor dos animais da Africa, mas o que ele faz mesmo é incomodar os bichos com seus gritos irritantes. O herói vive com sua companheira, Glorijane, a macaca Chita da Silva e o elefante Bumbo. Seu nome foi tirado de Jim das Selvas, que assim como Tarzan, ficou popular na década de 1.930, pelas tiras de jornais.

PENA SUBMARINO: Pena Submarino é uma versão cômica de Namor e Aquaman, regentes do fundo do mar. A primeira história, publicada na revista Peninha número 27 (antiga série) de 1.983, começa com o herói abandonando seu mundo subaquático para morar na superfície. O motivo da repentina mudança? O amor! Ao encontrar um refrigerante da marca Glória, ele se apaixona pela moça da lata e vai procurá-la em terra, onde para variar se mete em confusão. Pena Submarino foi criado por Gerson Teixeira (roteiro) e Luis Podavin (arte).

*HISTORIADOR E COLUNISTA na HATA QUADRINHOS
Taubaté, São Paulo, Brasil

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