• Louise Bragado
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starlet sea anemone, anemona do mar, animal, ciencia, biologia, oceanos, pesquisa,  (Foto: Smithsonian Environmental Research Center, CC BY 2.0 <https://creativecommons.org/licenses/by/2.0>, via Wikimedia Commons)

A anêmona-do-mar-estrela tem células ciliadas mecanossensoriais semelhantes em seus tentáculos, usadas para detectar movimento (Foto: Smithsonian Environmental Research Center via Wikimedia Commons)

Uma equipe de pesquisadores liderada pelo biólogo Ethan Ozment, da Universidade do Arkansas, descobriu que o gene ligado ao desenvolvimento da audição em humanos também é responsável pelo desenvolvimento sensorial em anêmonas-do-mar. Chamado de pou-iv, o gene foi encontrado nos tentáculos do animal

Para entender como isso é possível, é preciso saber que o filo Cnidaria (grupo ao qual pertencem as anêmonas) é o parente mais próximo dos Bilateria, animais com simetria bilateral, assim como os humanos. Os grupos teriam se diferenciado a partir de um ancestral comum que viveu por volta de 748 a 604 milhões de anos atrás.

"Este estudo é empolgante porque nos informa que os blocos de construção do nosso sentido de audição têm raízes evolutivas antigas que datam de centenas de milhões de anos, no período pré-Cambriano", disse o biólogo Nagayasu Nakanishi, da Universidade do Arkansas, em artigo do site Science Alert.

Como os pesquisadores descobriram o gene em comum

Em humanos e outros vertebrados, os receptores sensoriais do sistema auditivo são chamados de células ciliadas. Essas células têm feixes semelhantes a dedos que detectam estímulos mecânicos e permitem que os humanos escutem as vibrações do som. Nos mamíferos, o gene pou-iv é necessário para o desenvolvimento das células ciliadas.

A anêmona-do-mar-estrela tem células ciliadas mecanossensoriais semelhantes em seus tentáculos, usadas para detectar movimento. A equipe de cientistas então tentou descobrir como o gene estava funcionando. Primeiro, eles desabilitaram o pou-iv em em ovos fertilizados de anêmona-do-mar e estudaram os embriões em desenvolvimento. 

Na comparação com as anêmonas já crescidas, que funcionaram como um grupo de controle, os animais sem o gene pou-iv apresentaram desenvolvimento anormal das células ciliadas tentaculares e não apresentaram resposta ao toque. Ou seja: sem pou-iv, as anêmonas eram incapazes de sentir estímulos mecânicos através de suas células ciliadas.

Juntos, disseram os pesquisadores, os resultados sugerem que o pou-iv desempenhou um papel no desenvolvimento de células mecanossensoriais no ancestral comum entre Cnidaria e Bilateria. "Nossos resultados indicam que o papel do pou-iv no desenvolvimento de mecanorreceptores é amplamente conservado tanto nos seres Cnidaria quanto Bilateria", escreveram os pesquisadores em seu artigo.

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