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ALBUQUERQUE, Lucilio de (1877-1939). Nascido em Barras (PI), filho de um magistrado e
descendendo de tradicional família pernambucana, Lucílio de AIbuquerque destinava-se
também à carreira jurídica, chegando a cursar a Faculdade de Direito de São Paulo, que
abandonou logo no 1° ano. Em 1896 era aluno da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de
Janeiro, tendo freqüentado as classes de Zeferino da Costa, Daniel Bérard, Rodolfo Amoedo e
Henrique Bernardelli. Numa entrevista, muitos anos depois, o pintor confessaria:

- A maior emoção de minha carreira recebi-a quando, pela primeira vez, me vi, na minha
primeira aula de Desenho Figurado, de fusain em punho, diante de uma folha moldada em
gesso, para copiar! Passei os olhos por tudo quanto me rodeava. Os veteranos, com uma
semana de trabalho, já haviam marcado as suas tarefas, bustos, estátuas, torsos. Tive a
impressão de que aquilo tudo era uma maravilha e senti-me incapaz de fazer o mesmo.
Quando a aula terminou, corri como um louco para o meu quarto, o meu pobre quartinho de
pensão! E completamente só, desanimado, eu que até aquela data tinha vivido dentro da casa
ampla e feliz de meus pais, não pude conformar-me com a minha situação, que me parecia
horrível, e chorei como uma criança inconsolável... Felizmente o dia seguinte trouxe-me o
alento, enxugou-me as lágrimas e deu-me ânimo para continuar nessa luta, que nunca mais
cessou, e para a qual também nunca mais me faltou a coragem precisa.

Expôs pela primeira vez no Salão de 1902, no qual obteve menção de 2º grau; no mesmo
certame receberia sucessivamente menção de 1º grau (1904) , medalha de prata (1907),
pequena medalha de ouro (1912, com Despertar de Ícaro) grande medalha de ouro (1916) e
medalha de honra (1920, com Retrato de Georgina).

Em 1906 foi-lhe atribuído o prêmio de viagem à Europa da Escola, pela tela Anchieta
escrevendo o Poema da Virgem. A 31 de março do mesmo ano casara-se com uma colega
primeiranista, Georgina de Moura Andrade - a futura grande artista Georgina de Albuquerque -,
juntos seguindo para a França, para uma permanência de cinco anos. Em Paris freqüentou a
Académie Julian, aperfeiçoando-se com Marcel Baschet, Henry Royer e Jean-Paul Laurens, e
também o ateliê de Grasset, tal como Visconti alguns anos antes. Ao lado daquela orientação
conservadora, e do breve interlúdio decorativista, sob a égide de um dos corifeus do Art
Nouveau, Lucílio não deixaria igualmente de observar as tendências estéticas mais em voga,
deixando-se mesmo seduzir por procedimentos impressionistas e simbolistas, visíveis em suas
pinturas realizadas entre 1906 e 1911 (Etang de Triveau, Paisagem de Lemesnil, Primavera
em França, Paraíso Restituído, Freira e Enfermo, Sono, Despertar de Ícaro, Prometeu,
Visão de Floresta, Dante, etc.). Por quatro vezes, de 1908 a 1911, expôs no Salon des
Artistes Français, sendo que nesse último ano exibiu sua pintura talvez mais conhecida,
Despertar de Ícaro, um tema que lhe nascera ao presenciar, em 1906, o vôo pioneiro de
Santos Dumont em Paris, intermesclado, porém, a toda uma gama de elementos esotéricos,
rosacrucianos.

Retornando ao Brasil em 1911, e após realizar, ao lado de Georgina, uma grande exposição,
agrupando 107 trabalhos, na Escola Nacional de Belas Artes, Lucílio tornou-se professor de
Desenho da instituição, assumindo a cátedra respectiva em 1916. Bom mestre, que respeitava
a personalidade dos jovens discípulos, coube-lhe iniciar a, entre tantos outros, Cândido
Portinari. Por pouco mais de ano, entre janeiro de 1937 e março de 1938, dirigiu inclusive a
Escola, da qual se afastou por motivo de saúde, para falecer meses mais tarde, a 19 de abril de
1939.

Lucílio de Albuquerque praticou todos os gêneros, tendo-se destacado sobremodo como
paisagista e pintor de figuras. Ele mesmo diria, de certa feita:

- Não tenho propriamente um gênero predileto. Pinto com o mesmo entusiasmo a marinha e a
paisagem. Todavia confesso-lhe que fico mais satisfeito toda vez que realizo um quadro de
idéia, que faça pensar.

A quadros de idéias referira-se também, anos antes, o grande Oliveira Lima, ao escrever sobre
Despertar de Ícaro em 1912:
- Não se quis o artista limitar a reproduzir a natureza, quero dizer, a interpretá-la. Aspira a dar
nas telas as idéias que são expressão legítima da sua inteligência e a correlação necessária da
sensibilidade, fundamento da arte.

Mas, ao lado da pintura de cavalete, executou o artista vitrais para o Pavilhão Brasileiro na
Exposição de Turim de 1911, e murais para o antigo Conselho Municipal, depois Assembléia
Legislativa do Rio de Janeiro. Trabalhando infatigavelmente, realizou inúmeras exposições, não
só no Rio de Janeiro, como ainda em São Paulo (inclusive sua última, em 1936, ao lado da
mulher), Salvador, Recife, Porto Alegre e Campos. De uma viagem a Salvador, em 1924,
trouxe um punhado de óleos marcados pela luminosidade característica da cidade, refletida
não já em pinceladas, porém em golpes de espátula, recurso do qual nunca mais se afastaria.

Estilisticamente, pode-se dizer que Lucílio partiu das sombras para a luz, tornando-se sua
paleta mais e mais clara, à medida que sua arte amadurecia. Afastando-se gradativamente de
uma concepção realista da forma, obtida com o emprego de sólido desenho, o artista chegaria,
no final da carreira, a efeitos cromáticos quase expressionistas: pela modernidade e
originalidade que ostentam, são muito apreciadas suas paisagens de tonalidades violáceas
inconfundíveis, extravasadas numa textura opulenta, obtida à espátula. Conquistado pela
pintura de plein-air, Lucilio tornara-se, em começos do Séc. XX, um dos representantes tardios
do Impressionismo no Brasil; espírito curioso, ainda em 1920, com o Retrato de Georgina,
procurava renovar-se, buscando então uma estilização e um despojamento de planos que, de
certa maneira, o aproximam do Art Déco.

Após sua morte, Georgina de Albuquerque organizou, na residência do casal em Laranjeiras
(RJ), o Museu Lucílio de Albuquerque, cujo acervo de 127 obras hoje pertence ao Estado. Uma
exposição póstuma, levada a efeito em 1940 pelo Ministério da Educação e Saúde, evocou o
artista recém-desaparecido. E em 1977, para celebrar o centenário de seu nascimento, o
Museu Nacional de Belas Artes reuniu pinturas, aquarelas e desenhos tanto de Lucílio como de
Georgina de Albuquerque.

                    Retrato de Georgina de Albuquerque, óleo s/ tela, 1907;
                       0,61 X 0,50, Pinacoteca do Estado de São Paulo.

                                  Jangada, óleo s/ tela, 1920;
                             0,90 X 1,09, Palácio Bandeirantes, SP.

                      Gávea Golf, Rio de Janeiro, óleo s/ tela, cerca 1928;
                       0,76 X 1,20, Museu Nacional de Belas Artes, RJ.

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Albuquerque, lucilio de

  • 1. ALBUQUERQUE, Lucilio de (1877-1939). Nascido em Barras (PI), filho de um magistrado e descendendo de tradicional família pernambucana, Lucílio de AIbuquerque destinava-se também à carreira jurídica, chegando a cursar a Faculdade de Direito de São Paulo, que abandonou logo no 1° ano. Em 1896 era aluno da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, tendo freqüentado as classes de Zeferino da Costa, Daniel Bérard, Rodolfo Amoedo e Henrique Bernardelli. Numa entrevista, muitos anos depois, o pintor confessaria: - A maior emoção de minha carreira recebi-a quando, pela primeira vez, me vi, na minha primeira aula de Desenho Figurado, de fusain em punho, diante de uma folha moldada em gesso, para copiar! Passei os olhos por tudo quanto me rodeava. Os veteranos, com uma semana de trabalho, já haviam marcado as suas tarefas, bustos, estátuas, torsos. Tive a impressão de que aquilo tudo era uma maravilha e senti-me incapaz de fazer o mesmo. Quando a aula terminou, corri como um louco para o meu quarto, o meu pobre quartinho de pensão! E completamente só, desanimado, eu que até aquela data tinha vivido dentro da casa ampla e feliz de meus pais, não pude conformar-me com a minha situação, que me parecia horrível, e chorei como uma criança inconsolável... Felizmente o dia seguinte trouxe-me o alento, enxugou-me as lágrimas e deu-me ânimo para continuar nessa luta, que nunca mais cessou, e para a qual também nunca mais me faltou a coragem precisa. Expôs pela primeira vez no Salão de 1902, no qual obteve menção de 2º grau; no mesmo certame receberia sucessivamente menção de 1º grau (1904) , medalha de prata (1907), pequena medalha de ouro (1912, com Despertar de Ícaro) grande medalha de ouro (1916) e medalha de honra (1920, com Retrato de Georgina). Em 1906 foi-lhe atribuído o prêmio de viagem à Europa da Escola, pela tela Anchieta escrevendo o Poema da Virgem. A 31 de março do mesmo ano casara-se com uma colega primeiranista, Georgina de Moura Andrade - a futura grande artista Georgina de Albuquerque -, juntos seguindo para a França, para uma permanência de cinco anos. Em Paris freqüentou a Académie Julian, aperfeiçoando-se com Marcel Baschet, Henry Royer e Jean-Paul Laurens, e também o ateliê de Grasset, tal como Visconti alguns anos antes. Ao lado daquela orientação conservadora, e do breve interlúdio decorativista, sob a égide de um dos corifeus do Art Nouveau, Lucílio não deixaria igualmente de observar as tendências estéticas mais em voga, deixando-se mesmo seduzir por procedimentos impressionistas e simbolistas, visíveis em suas pinturas realizadas entre 1906 e 1911 (Etang de Triveau, Paisagem de Lemesnil, Primavera em França, Paraíso Restituído, Freira e Enfermo, Sono, Despertar de Ícaro, Prometeu, Visão de Floresta, Dante, etc.). Por quatro vezes, de 1908 a 1911, expôs no Salon des Artistes Français, sendo que nesse último ano exibiu sua pintura talvez mais conhecida, Despertar de Ícaro, um tema que lhe nascera ao presenciar, em 1906, o vôo pioneiro de Santos Dumont em Paris, intermesclado, porém, a toda uma gama de elementos esotéricos, rosacrucianos. Retornando ao Brasil em 1911, e após realizar, ao lado de Georgina, uma grande exposição, agrupando 107 trabalhos, na Escola Nacional de Belas Artes, Lucílio tornou-se professor de Desenho da instituição, assumindo a cátedra respectiva em 1916. Bom mestre, que respeitava a personalidade dos jovens discípulos, coube-lhe iniciar a, entre tantos outros, Cândido Portinari. Por pouco mais de ano, entre janeiro de 1937 e março de 1938, dirigiu inclusive a Escola, da qual se afastou por motivo de saúde, para falecer meses mais tarde, a 19 de abril de 1939. Lucílio de Albuquerque praticou todos os gêneros, tendo-se destacado sobremodo como paisagista e pintor de figuras. Ele mesmo diria, de certa feita: - Não tenho propriamente um gênero predileto. Pinto com o mesmo entusiasmo a marinha e a paisagem. Todavia confesso-lhe que fico mais satisfeito toda vez que realizo um quadro de idéia, que faça pensar. A quadros de idéias referira-se também, anos antes, o grande Oliveira Lima, ao escrever sobre Despertar de Ícaro em 1912:
  • 2. - Não se quis o artista limitar a reproduzir a natureza, quero dizer, a interpretá-la. Aspira a dar nas telas as idéias que são expressão legítima da sua inteligência e a correlação necessária da sensibilidade, fundamento da arte. Mas, ao lado da pintura de cavalete, executou o artista vitrais para o Pavilhão Brasileiro na Exposição de Turim de 1911, e murais para o antigo Conselho Municipal, depois Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Trabalhando infatigavelmente, realizou inúmeras exposições, não só no Rio de Janeiro, como ainda em São Paulo (inclusive sua última, em 1936, ao lado da mulher), Salvador, Recife, Porto Alegre e Campos. De uma viagem a Salvador, em 1924, trouxe um punhado de óleos marcados pela luminosidade característica da cidade, refletida não já em pinceladas, porém em golpes de espátula, recurso do qual nunca mais se afastaria. Estilisticamente, pode-se dizer que Lucílio partiu das sombras para a luz, tornando-se sua paleta mais e mais clara, à medida que sua arte amadurecia. Afastando-se gradativamente de uma concepção realista da forma, obtida com o emprego de sólido desenho, o artista chegaria, no final da carreira, a efeitos cromáticos quase expressionistas: pela modernidade e originalidade que ostentam, são muito apreciadas suas paisagens de tonalidades violáceas inconfundíveis, extravasadas numa textura opulenta, obtida à espátula. Conquistado pela pintura de plein-air, Lucilio tornara-se, em começos do Séc. XX, um dos representantes tardios do Impressionismo no Brasil; espírito curioso, ainda em 1920, com o Retrato de Georgina, procurava renovar-se, buscando então uma estilização e um despojamento de planos que, de certa maneira, o aproximam do Art Déco. Após sua morte, Georgina de Albuquerque organizou, na residência do casal em Laranjeiras (RJ), o Museu Lucílio de Albuquerque, cujo acervo de 127 obras hoje pertence ao Estado. Uma exposição póstuma, levada a efeito em 1940 pelo Ministério da Educação e Saúde, evocou o artista recém-desaparecido. E em 1977, para celebrar o centenário de seu nascimento, o Museu Nacional de Belas Artes reuniu pinturas, aquarelas e desenhos tanto de Lucílio como de Georgina de Albuquerque. Retrato de Georgina de Albuquerque, óleo s/ tela, 1907; 0,61 X 0,50, Pinacoteca do Estado de São Paulo. Jangada, óleo s/ tela, 1920; 0,90 X 1,09, Palácio Bandeirantes, SP. Gávea Golf, Rio de Janeiro, óleo s/ tela, cerca 1928; 0,76 X 1,20, Museu Nacional de Belas Artes, RJ.