Causas e Consequências

Ao pensar sobre as causas de algo estamos a “olhar para trás”, para o que aconteceu e que pode explicar um determinado acontecimento. Ao pensar sobre as consequências estamos a “olhar para a frente”, para o que pode acontecer devido a um determinado acontecimento. Assim, tirei uma boa nota por que estudei (causa) e, por isso, é provável que os meus pais me levem a jantar fora (consequência).

Pensar sobre Causas e Consequências é, ao mesmo tempo, uma competência crítica e criativa. É uma competência crítica pois para compreender que uma coisa é causa e outra consequência temos de compreender e interpretar o mundo. É também uma competência criativa pois nem sempre há só uma causa ou só uma consequência possível para um determinado acontecimento. Muitas vezes não conseguimos saber quais são as verdadeiras causas e consequências de algo e, por isso, temos de ser criativos e inventar hipóteses para as tentarmos descobrir.

Para os alunos mais novos nem sempre é fácil distinguir umas das outras e essa dificuldade cria várias oportunidades de diálogo que podemos aproveitar em sala de aula.

Usando estes conhecidos gráficos “multi-flow” podemos jogar com várias relações de causa efeito. Dependendo do quadradinho onde colocamos a nossa hipótese podemos pôr os nossos alunos a pensar “para a frente” em busca de várias hipóteses de consequências ou “para trás”, à procura de várias hipóteses de causas.

Tudo serve para os pôr a pensar uns com os outros e é importante que não boicotemos o seu trabalho condenando algumas das causas e consequências por serem improváveis ou inverosímeis. Como vimos em cima trata-se de um trabalho, ao mesmo tempo, de lógica (pensamento crítico) e de imaginação (pensamento criativo). “Uma magia para os animais falarem”, apesar de ser algo irrealista é uma causa no mundo da fantasia. Devemos deixar que os alunos se divirtam a inventar as causas e consequências que quiserem, o nosso critério deve ser apenas o lógico (é uma causa, é uma consequência?) e para saber isso muitas vezes teremos de pedir que os alunos expliquem as suas ideias pois nem sempre é óbvia a relação de causalidade que propõem.

Uma proposta que tem funcionado nas minhas turmas é colocar os vários grupos de alunos a preencher um gráfico semelhante aos das fotografias em baixo e, depois, escolher a “melhor causa e a melhor consequência”, deixando ao seu critério a definição de “melhor”. Depois cada grupo apresenta aos outros o seu trabalho e discutimos sobre se são causas ou não, se são consequências ou não e qual o critério de “melhor” escolhido por cada grupo.

Este é um exercício muito divertido que podemos ainda “apimentar” criando vários níveis de dificuldade, penalizações para quem troca uma causa por uma consequência, pedindo as causas e as consequências mais absurdas, divertidas, impossíveis, etc.

Ver também “Dominós para Trás” e “Dominós para a Frente“.

Deixe um comentário