61 milhões de brasileiros sofrem com insegurança alimentar, de acordo com as Nações Unidas. A responsabilidade direta é do governo Bolsonaro. “É vergonhoso. Foi um grande trabalho da sociedade brasileira para tirarmos o país desse índice”, lamenta Lula

 

O desmonte de políticas públicas que nortearam ações de combate à fome nos governos do PT, responsáveis pela saída do Brasil do Mapa da Fome em 2014, durante a gestão de Dilma Rousseff trouxe consequências trágicas ao país. A destruição do tecido social brasileiro operada por Jair Bolsonaro desde 2019 empurrou o país de volta para a lista de países cuja população sofre com insegurança alimentar moderada e grave.

A confirmação foi dada pela Organização Mundial das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). O relatório que mede estado da insegurança alimentar no mundo aponta que o Brasil tem pelo menos 61 milhões de pessoas com insegurança alimentar, grave ou moderada. Isso significa que três em cada dez brasileiros passam fome.

O levantamento da FAO considera o período entre 2019 e 2021. Segundo a agência da ONU, 15,4 milhões estão na categoria  de insegurança alimentar grave. São aqueles que estão famintos e não têm o que comer. O desastre de Bolsonaro foi tão profundo que o quadro no país já é mais grave do que a média mundial. Enquanto no planeta a insegurança alimentar atinge 28,1% da população, no Brasil, o índice bateu 28,9%. De acordo com a FAO, em 2021, 823 milhões de pessoas passaram fome no mundo.

“É vergonhoso ver o Brasil voltar ao Mapa da Fome”, protestou o ex-presidente Lula. “Foi um grande trabalho da sociedade brasileira para tirarmos o país desse índice, e vamos ter que trabalhar de novo, juntos, para não termos mais pessoas sofrendo com fome e pobreza”, destacou.

Os números do Brasil inclusive contribuíram para que a América do Sul tivesse uma piora nos indicadores. “A insegurança alimentar também continuou a piorar na América Latina e no Caribe, impulsionada em grande parte pela América do Sul, embora a deterioração tenha diminuído após um aumento relativamente acentuado da insegurança alimentar em 2020”, diz um trecho do relatório da FAO.

“O número de pessoas em insegurança alimentar na região sugere que o problema não se limita mais aos grupos sociais que vivem na pobreza há muito tempo”, confirma o representante regional da FAO, Julio Berdegué. “A insegurança alimentar já atingiu as cidades e dezenas de milhares de famílias que não a vivenciavam antes”.

O diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU no Brasil, Daniel Balaban, confirmou que o país já caminhava para o Mapa da Fome antes da crise sanitária, argumento também defendido pela ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campello.

“A pandemia não é a maior culpada pelo Brasil estar de volta a esses números extremamente altos de pessoas com fome. O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo”, aponta Balaban. “A população precisa do apoio de políticas públicas para ser incluída na cidadania, incluída na sociedade”. •

`