O travesti Andréia Albertini antes de prestar depoimento. (Foto: Daniela Clark / G1)
O delegado Carlos Augusto Pinto, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), depôs por apenas 15 minutos na 23ª Vara Criminal do Rio, nesta sexta-feira (26), no processo em que a travesti Andréia Albertini é acusada de extorsão.
Ele foi chamado pela defesa do travesti e afirmou que houve
extorsão no episódio que envolveu o jogador Ronaldo Fenômeno e
mais três travestis no Motel Papillon, na Barra da Tijuca, Zona
Oeste do Rio.
"Eu falei que houve extorsão, não há dúvidas
quanto a isso", disse o delegado, sem dar maiores detalhes
sobre seu depoimento. "Não entendi a estratégia da defesa
em me convocar. Respondi às perguntas e, como minhas respostas
não agradaram, meu depoimento foi curto".
Ao prestar depoimento no início do processo em que
é acusada de extorsão, Andréia Albertini voltou a dizer que fez
programa com Ronaldo e que houve uso de drogas. À Justiça, a
travesti disse ainda que havia mudado o depoimento na delegacia,
negando todo o episódio, por ter sido coagida na delegacia. O
delegado Carlos Augusto Pinto disse que não houve coação e que
ela já mudou de depoimentos três vezes.
"Não importa saber se houve programa ou não.
Ela já mudou o depoimento três vezes. Como ela foi coagida se
estava com três advogados?", indagou o delegado.
Além do delegado, o taxista Jorge Batista da
Silva, convocado pelo Ministério Público, já foi ouvido pela
juíza Marta de Oliveira Cianni Marins.
Intimado
Depois de não ser localizado duas vezes pela Justiça, Ronaldo foi
finalmente intimado e compareceu nesta sexta para prestar
depoimento por uma hora e meia. O atacante foi conduzido por um
corredor interno, para evitar o assédio da imprensa, e antes de
prestar depoimento ficou numa sala especial para testemunhas.
Ele não chegou a encontrar com a travesti, que reclamou do
privilégio dado ao jogador.
"Da próxima vez quero ganhar na Mega-Sena
para poder entrar por uma porta diferenciada", disse
Albertini. "Ele está sendo covarde".
Chorando, a travesti disse que foi levada para uma
sala com um espelho, de onde foi reconhecida por Ronaldo.
Além de Ronaldo, foi arrolada pelo MP como
testemunhas de acusação Junior Ribeiro da Silva, travesti
conhecido como Carla, que também estaria envolvido na confusão
de repercussão internacional que envolveu o atacante.
Foram chamados ainda pela defesa o policial civil
Roberto Gregório de Carvalho e as funcionárias do motel Irene do
Nascimento e Raimunda Maria da Penha.
Travesti denunciada
Andréia Albertini foi denunciada pelo Ministério Público estadual do Rio em maio deste ano. Na denúncia, o promotor Alexandre Murilo Graça diz que “André Luiz Ribeiro Albertoni, vulgo Andréia, mediante grave ameaça, constrangeu Ronaldo Luís Nazário de Lima, com o intuito de obter indevida vantagem financeira”.
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