Reprodução do livro 'A Independência do Brasil' (Foto: Divulgação)
Assuntos como a Independência do Brasil, a Revolução Russa e temas filosóficos fazem muitos jovens torcerem o nariz. Com o objetivo de atrair esse público infanto-juvenil, uma coleção em quadrinhos, recém-lançada, faz adaptações de livros de pensadores importantes, como Maquiavel e Voltaire, e reproduz acontecimentos históricos com traços bem coloridos e vivos.
São onze títulos, que, em breve, devem estar nas livrarias. Além de "A Independência do Brasil" e "A Revolução Russa", há também as seguintes obras: "A Fundação de Israel"; "A Primeira Guerra Mundial"; "A Inconfidência Mineira"; "A Guerra dos Canudos"; "O princípe", de Maquiavel; "A Utopia", de Thomas Morus; "Cândido, ou otimismo", de Voltaire; e "O Elogio da Loucura", de Erasmo de Roterdam. Um outro título que virá em seguida é "A Guerra de Canudos".
"Quando eu era adolescente, confesso que não era muito fã da disciplina de história no colégio. Comecei a me interessar mesmo pelo assunto quando passei a fazer adaptações em quadrinhos e precisei pesquisar para escrever os roteiros", conta André Diniz, 33, roteirista e coordenador da coleção.
Segundo ele, a proposta da Editora Escala Educacional era pegar temas em que os estudantes tivessem mais dificuldade em "visualizar" o acontecimento, como a Primeira Guerra Mundial. "Diferentemente da Segunda Guerra, em que há inúmeros documentários, filmes e livros, a Primeira Guerra está mais distante deles. Achamos que os quadrinhos poderiam aproximá-la dos jovens."
Página do livro 'A Revolução Russa' (Foto: Divulgação)
"No quadrinho, há uma dramaticidade que ajuda a despertar o interesse no leitor", afirma Diniz. "É preciso passar o máximo de informação em menos espaço. E a imagem também ajuda a passar o conteúdo. Por isso, é importante fazer uma pesquisa aprofundada sobre figurino de época, por exemplo." O site www.nonaarte.com.br, de Diniz, traz reproduções de algumas páginas dos livros.
Ressalva
"Sou a favor da pluralidade de linguagens no ensino e, no caso da história em quadrinhos, é um recurso interessante por ter uma linguagem mais direta e o jovem poder se envolver com os personagens", afirma Silvia Gasparian Colello, educadora da Universidade de São Paulo (USP).
No entanto, a especialista observa que nada substitui a leitura
da obra original. "A transposição do conteúdo para um outro
formato trai o estilo do autor original. No caso do Voltaire,
por exemplo, é um texto muito rico. Então, é importante que a
pessoa tenha a oportunidade de ler depois o livro
original", diz.
Para ela, não basta saber as datas e personagens
importantes da história. É fundamental relacionar as idéias
presentes nos acontecimentos históricos para fazer uma
compreensão da realidade atual. "Por esse motivo, o
quadrinho não deve ser a única fonte de conhecimento sobre o
assunto. Pode ocorrer uma simplificação do tema no quadrinho.
Mesmo assim, não deixa de ser um recurso muito interessante."
O roteirista da coleção argumenta que o quadrinho é uma síntese. "Adaptar um livro para o quadrinho é como fazer uma adaptação de um livro para um filme, em que também há uma síntese. De um livro de mil páginas, é possível fazer um filme de duas horas. Por isso, é preciso pegar as partes principais do acontecimento", afirma.
Adaptação de 'O Príncipe' em quadrinhos (Foto: Divulgação)
Literatura brasileira
Também podem ser encontradas em quadrinhos 14 obras de literatura brasileira. A coleção, lançada há cerca de três anos também pela Escala Educacional, abrange títulos de Machado de Assis, Antonio de Alcântara Machado e Lima Barreto, entre outros.