Por Jorge Abreu, G1 AP — Macapá


Preparo do Pato no Tucupi pode chegar a custar mais de R$ 90 no estado — Foto: Cristino Martins

Há três dias para o domingo (8) do Círio de Nazaré, as feiras de Macapá começam a receber fiéis que tradicionalmente consomem o “pato no tucupi” uma iguaria típica da região. O G1 percorreu os principais pontos de venda dos produtos e levantou a variação de preços. O conjunto de alimentos podem custar mais de R$ 90.

Entre os produtos básicos para o preparo do prato estão pato, jambu e tucupi. A data é uma das mais aguardadas do ano para os produtores, pois aquece as vendas, principalmente nas feiras. Confira passo a passo da receita no fim da reportagem.

Na Feira do Buritizal, na Zona Sul, o jambu varia de preço e pode ser encontrado a R$ 2 e R$ 3, o maço, durante o período que antecede a data religiosa. Já o litro do tucupi pode custar entre R$ 3 e 4. Quando vendido em garrafa pet de 2 litros, varia de R$ 6 a R$ 8.

Feirante Valdenir Brito diz que as vendas diminuíram ao longo dos anos — Foto: Jorge Abreu/G1

Para o feirante Valdenir Brito, de 52 anos, as vendas diminuíram ao longo dos anos. Ele trabalha desde a fundação da feira do Buritizal, que tem mais de 20 anos, e acredita que a tradição não é mais mesma, mas ainda aposta na procura dos clientes.

“Em anos anteriores a gente vendia muito mais tucupi do que agora. Muitas vezes até guardava para vender próximo das datas comemorativas, como o Círio e a festa junina […]. Mas hoje em dia, a procura acabou. Não sei se é porque as pessoas não têm dinheiro ou se a tradição morreu”, disse.

Erivan Vieira é agricultor e vendedor e aposta no preço para atrair clientes — Foto: Jorge Abreu/G1

Diminuir o preço é a estratégia do produtor Erivan Vieira, de 29 anos, para ganhar a clientela da feira. Ele recebe jambu e tucupi de um primo que mora na comunidade de Matapi, no município de Porto Grande, a 108 quilômetros da capital.

“A venda dos produtos que fazem o pato no tucupi sai bem. É rendável. Tentamos oferecer um preço bem acessível para as pessoas comprarem. Nessa época, a gente aumenta um pouco o valor, porque muitos pegam aqui para revender em outro lugar”, reforçou.

José Gomes, empresário e vendedor de aves, esperar comercializar ao menos 20 animais no Círio — Foto: Jorge Abreu/G1

Ainda na Zona Sul, a Feira Maluca é onde o consumidor pode encontrar o pato vivo. O preço diferencia entre o macho, estabelecido no valor de R$ 80, e fêmea, que custa R$ 35 por ser menor e ter menos carne.

“A procura pelo pato é grande. O meu preço é fixo, mesmo que aumente a venda nessa época. Tenho clientes que todos os anos me procuram para comprar. Antes, eu chagava a vender de 50 até 80 patos nesse período, mas agora espero vender, pelo menos, uns 20”, contou o vendedor José Gomes, de 50 anos, que trabalha com aves um pouco mais de duas décadas.

Já no bairro Perpétuo Socorro, Zona Leste, a Feira do Pescado é considerado o ponto mais procurado pelos consumidores. É possível encontrar todos os ingredientes para o preparo do prato especial.

Feirante Gleydson Araújo preparou o "kit Círio" para o consumidor — Foto: Jorge Abreu/G1

O feirante Gleydson Araújo, de 28 anos, prepara em todos os anos um “kit Círio” no valor R$ 10, que inclui tucupi, jambu, goma, pimenta e chicória. Vendidos separadamente, o litro do tucupi varia entre R$ 3 e 4 e o jambu de R$ 1 até 1,50.

“As vendas desde o início do ano estavam ruins, mas agora já está melhorando. Todos os dias estão saindo cerca de 10 a 15 litros de tucupi. Fora do Círio, a procura cai e o preço também”, destacou Araújo.

Lia Ramos, vendedora de aves, atua na Feira do Pescado — Foto: Jorge Abreu/G1

Lia Ramos, de 43 anos, trabalha com a comercialização de aves na Feira do Pescado. Mesmo não sendo católica, ela comemora a data, ainda mais pelo aquecimento das vendas. No quiosque dela, o pato custa R$ 70 e chega ser encomendado com um mês de antecedência.

“Uma semana antes do Círio até o domingo, a quantidade de pessoas na feira é grande atrás do pato. Apesar da crise, esse ano está sendo melhor que o ano passado. Tem gente que chega a encomendar um mês antes com medo de faltar”, ressaltou.

Para os moradores da Zona Norte, a Feira do Produtor é a opção mais próxima. Localizada no bairro Pacoval, o ponto oferta o litro do tucupi até R$ 3 e o jambu chega a custar R$ 2 o maço.

Feira do Produtor fica localizado no bairro Pacoval, Zona Norte — Foto: Jorge Abreu/G1

Confira o passo a passo do Pato no tucupi

Ingredientes

  • 1 pato (de aproximadamente 2kg)
  • 2 litros de tucupi
  • 1 maço de chicória
  • 3 maços de jambu
  • 6 dentes de alho
  • 1/2 copo de vinagre
  • 1 limão
  • 1 colher (sopa) de sal
  • 1 colher (chá) de pimenta-do-reino
  • 1 colher (chá) de cominho
  • Pimenta de cheiro (a gosto)

Modo de preparo

Pato:

  1. Lave bem o pato com limão. Deixe-o marinar com todos os temperos, vinagre, alho, sal, chicória e pimentas, de preferência, por 12 horas na geladeira.
  2. Depois, coloque o pato numa panela com água para amaciá-lo. Ele ficará pré-cozido.
  3. Em seguida, coloque-o numa assadeira e jogue o molho que sobrou por cima dele e deixe no forno até dourar. Isso deve levar aproximadamente 40 minutos. O pato deve ficar suculento.
  4. Enquanto isso, pegue os maços de jambu e leve para cozinhar com água e sal. Reserve.
  5. Pegue também meio copo de tucupi e amasse a pimenta de cheiro em uma molheira.

Tucupi:

  1. Coloque o tucupi para ferver com a chicória e o alho. Quando estiver bem fervido, acrescente o pato em pedaços.
  2. Quando estiver quase pronto, coloque o jambu cozido. Feche a tampa da panela e deixe apurar por alguns minutos. Está pronto o pato no tucupi, que deve ser servido com arroz branco.

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