Por TV Bahia


Orixás do Dique estão em estado de abandono após dois anos sem manutenção

Orixás do Dique estão em estado de abandono após dois anos sem manutenção

As 12 esculturas de orixás, monumentos das religiões afrobrasileiras, que ficam no Dique do Tororó, em Salvador há 23 anos, estão degradadas por falta de manutenção. Corrosões, ferrugem, rachaduras tomam conta de representações sagradas para os religiosos.

Das 12 peças, oito ficam no espelho d'água e medem sete metros de altura. As outras quatro, que têm três metros e meio cada, ficam espalhadas no entorno do dique. De acordo com o escultor das obras, Tatti Moreno, as esculturas não passam por manutenção há 20 anos.

“Há 20 anos não se faz uma restauração no dique. E antes, ainda no governo passado, ia ser feito um contrato de restauração, onde as peças seriam restauradas uma vez por mês. Ia se dar uma passagem e todo problema que fosse surgindo, nós iríamos consertando. O que se tornaria uma manutenção baixa, quase nada, e que é o certo a ser feito”, avalia Tatti.

Por causa da degradação, representantes do Movimento de Mulheres de Axé do Brasil estão discutindo que providências a tomar, para que as peças sejam revitalizadas, como explica a ìyálaxé Juçara Lopes.

Escultura de Oxumaré tem braço arrancado no Dique do Tororó — Foto: Phael Fernandes/G1 BA

“Temos que proteger da falta de cuidado, de preservação a esse patrimônio material. Na realidade, nós temos que lutar pelo patrimônio candomblé o tempo inteiro também. Pelas religiões de matrizes africanas, que é patrimônio imaterial também. O povo negro vive essa luta intensa no Brasil, pelo racismo e intolerância religiosa”, argumentou ela.

A vodunsi-hê Ana Silva, do Maranhão, também está na luta para elaborar manifestos para entregar ao Ministério Público da Bahia (MP-BA).

“O Dique do Tororó é reconhecido internacionalmente. Então é importante que todos nós tenhamos esse olhar ancestral, esse olhar acolhedor, para esse local sagrado – porque é sagrado para a gente –, porque tem muitas casas, muitos terreiros que fazem suas entregas aqui no Dique, considerando e respeitando os orixás desse território sagrado”, pontuou ela.

Com a falta de manutenção das peças há 20 anos, a reforma será complexa e grandiosa. Tatti Moreno explica que já tem um projeto de recuperação das esculturas.

“Será envolvida toda em um processo de boias, em volta de cada orixá. Depois hastearemos andaimes, onde os funcionários possam circular. Verificaremos que abrir portas para que se trabalhem externamente e internamente”, detalhou ele.

Das 12 esculturas de orixás no Dique do Tororó, oito ficam no espelho d'água — Foto: Reprodução/TV Bahia

A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), responsável pela manutenção das esculturas do Dique do Tororó, informou em nota que está em tratativas com Tatti para realização dos reparos dos monumentos.

Disse ainda que a requalificação das estátuas de Oxalá e Iemanjá estão previstas para ainda este semestre.

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