A exposição “VIRAGENS: arte brasileira em outros diálogos” é um recorte de parte da coleção da Fundação Edson Queiroz, construída há mais de três décadas com obras de variados períodos da arte brasileira. A coleção caracteriza-se por ser uma das mais importantes do país, sediada na Universidade de Fortaleza (Unifor).
Em cartaz até 25 de junho na Casa França-Brasil, no Centro do Rio de Janeiro (RJ), a mostra é constituída por núcleos que apresentam abordagens mais amplas do que os convencionais movimentos e cronologias da história da arte, identificando obras que se relacionam às discussões da forma, aos referenciais da cultura, aos interesses psicológicos e a outros atravessamentos possíveis, observando não só a influência de um artista sobre seus sucessores, mas, as evidências de que arte e sociedade são indissociáveis.
“Desse modo, podemos pensar em transversalidades, em relações diretas ou ambíguas, nas quais a proximidade formal, cromática e conceitual das obras as torne pontos de viragem muitas vezes fora da sincronicidade de época e escola, sublinhando diacríticos, pontos fora da curva na relação da própria produção artística”, explica Marcelo Campos, um dos curadores da exposição.
Assim, a “Crucificação”, de Vicente do Rego Monteiro, pode ser confrontada com a “Madonina”, de Victor Brecheret ou, mais a frente, também o caráter substancioso de Mira Schendel e Frans Krajcberg, a melancolia nos retratos de Ismael Nery e no busto de Maria Martins, as abstrações de Samson Flexor e Antonio Bandeira, o cinético de Abraham Palatnik e o plano ágil de Luiz Sacilotto.
“Tornou-se evidente, para nós, que uma mesma obra poderia se encaixar em narrativas variadas e percursos múltiplos. Aquilo que o antropólogo Néstor García Canclini ressaltou, no contexto mais amplo da América Latina, como 'um modernismo exuberante no âmbito de uma modernização falha', rodeado de contrassensos produtivos. Com tais diálogos e diacronias, propomos um olhar dinâmico para a arte brasileira que não se inscreve só por meio de sucessões. Com isso, resta-nos observar fissuras, fendas, hiatos e brechas por onde circula o ar, renovando o fôlego da história da arte”, salienta Marcelo Campos.
Sobre a Fundação Edson Queiroz
Como poucas instituições no Brasil fora do eixo Rio-São Paulo, a Fundação Edson Queiroz construiu um amplo acervo de arte brasileira, que contempla desde os artistas viajantes até os contemporâneos, com foco nos modernistas. A articulação entre a educação superior e as artes faz parte da essência da Fundação Edson Queiroz, mantenedora da Universidade de Fortaleza (Unifor), onde a comunidade acadêmica convive em harmonia com as artes visuais, o teatro, a música e a dança, por meio da realização de exposições e espetáculos e do apoio permanente a seus grupos de arte – Big Band, Camerata, Cia. de Dança, Coral, Grupo Mirante de Teatro, Orquestra Infantil de Sanfonas, Grupo Infantil de Flautas, Grupo Infantil de Violinos e Grupo Infantil de Piano. A Fundação mantém ainda a Biblioteca de Acervos
Especiais, composta por livros raros adquiridos da coleção de Francisco Matarazzo Sobrinho, aberta à visitação pública sob agendamento. A Universidade de Fortaleza mantém também o Espaço Cultural Unifor, museu criado em 1988 e ampliado em 2004. Localizado no prédio da Reitoria da Universidade, conta com área de mais de 2 mil metros quadrados e já recebeu nomes de importância da arte internacional, como Rembrandt, Rubens e Miró, artistas brasileiros consagrados, como Antonio Bandeira, Candido Portinari, Beatriz Milhazes, Adriana Varejão e Hélio Oiticica, e novos talentos da arte cearense e nordestina.
Serviço
Exposição “VIRAGENS: arte brasileira em outros diálogos”
Data: 25 de março a 25 de junho de 2017
Visitação de terça a domingo, das 10h às 20h
Local: Casa França-Brasil
Rua Visconde de Itaboraí, 78 - Centro do Rio de Janeiro (RJ)
Mais informações: (21) 2332-5277 - 2332-5278 - info@casafrancabrasil.rj.gov.br