Circula pelas redes sociais uma mensagem que diz que nenhum mendigo morre de Covid-19 porque todos são imunes e que isso demonstra que a pandemia é uma grande farsa. É #FAKE.
Selo #FAKE — Foto: G1
A mensagem falsa diz: "Nenhum mendigo morre de Covid-19. São imunes. Se a pandemia fosse verdadeira, teriam sido exterminados. Não usam álcool em gel, não fazem distanciamento social nem ficam em casa. Povo idiota e alienado. Acordem. É uma grande farsa".
Não é verdade que nenhuma pessoa em situação de rua tenha morrido de Covid-19. Apenas na cidade de São Paulo, 30 pessoas em situação de rua foram hospitalizadas e acabaram morrendo em decorrência da doença, segundo dados da Prefeitura. Ao todo, 294 moradores de rua foram diagnosticados com a Covid-19 e acompanhados pelas equipes do Consultório na Rua e Redenção entre abril a agosto.
Há farta documentação também de registros em outras cidades pelo país. Em maio, Adilson Goulart, de 38 anos, morreu de Covid. Ele vivia nas ruas de Belo Horizonte. Em abril, um homem de 52 anos que vivia em situação de rua em Natal (RN) morreu de Covid-19. Também em abril, em Aracaju, um homem em situação de rua não resistiu à doença.
As cidades têm adotado estratégias diferentes para testar moradores em situação de rua e prevenir o contágio. A Prefeitura de São Carlos (SP), por exemplo, realizou em julho uma força-tarefa para testar a Covid-19 em pessoas em situação de rua. A Prefeitura de São João da Boa Vista (SP) distribuiu máscaras e álcool em gel para os moradores.
Em São Paulo, a Prefeitura tem oito equipes no Centro e 26 equipes distribuídas pela cidade. Para o enfrentamento da Covid-19, durante o período de pandemia, as equipes têm intensificado ações de abordagem com orientação sobre o vírus, prevenção, sinais e sintomas da doença.
A Prefeitura adota ainda uma busca ativa de sintomáticos em locais de maior concentração de pessoas em situação de rua e monitoramento dos suspeitos/confirmados, para posterior encaminhamento aos Centros de Acolhida. A distribuição de máscaras de tecido e itens de higiene, incluindo álcool em gel, também tem sido uma ação recorrente durante a pandemia.
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos informa que até o momento não dispõe de um número específico de óbitos da população em situação de rua em função da Covid-19 no âmbito nacional, mas esclarece que "está atento à gravidade da doença e ao possível impacto sobre a população em situação de rua em função da sua vulnerabilidade".
"Logo no início da pandemia foram elaborados e publicados documentos norteadores, com o objetivo de orientar as ações voltadas para esta população no contexto da pandemia, sempre dialogando com os órgãos do governo federal, estadual, municipal, com o Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União e também com representantes da sociedade civil e de entidades religiosas."
O ministério afirma que "tem trabalhado na articulação com o objetivo de melhorar e ampliar os serviços já fornecidos tanto pelo SUAS (Serviço Único de Assistência Social) quanto pelo SUS (Serviço Único de Saúde) e ampliar a participação da sociedade civil, em especial de entidades religiosas, no desenvolvimento de ações de voluntariado voltadas para esse público".
O ministério disponibiliza para o acesso público a Nota Técnica Orientações Gerais sobre Atendimento e Acolhimento Emergencial à população em situação de rua no contexto da pandemia do Covid-19 e o Protocolo para Organizações da Sociedade Civil sobre Atendimento e Acolhimento à População em Situação de Rua no Âmbito da Pandemia Covid-19.
É #FAKE que nenhum morador de rua morreu de Covid-19 — Foto: Reprodução
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Como identificar se uma mensagem é falsa
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