Bolinhos grafitados em viaduto na Avenida Américo Vespúcio, em BH: cor no cinza da cidade — Foto: Marcella Gasparete/G1
Eles são fofos, coloridos e, de tão irresistíveis, estão sempre "mordidos". É assim há quase 10 anos, quando a grafiteira Maria Raquel, 32 anos, começou a espalhar "bolinhos" pela cidade. A guloseima em forma de grafite virou um personagem conhecido em Belo Horizonte, que já ganhou cidades brasileiras e passeou em Buenos Aires, na Argentina.
Versátil, ele já assumiu outros papéis e se inspirou em ícones do cinema clássico e de animação. Charles Chaplin, por exemplo, ganhou versão "cake" nas mãos da artista nascida em Itabira, na Região Central de Minas. E são inúmeras representações, como Minions, Mickey Mouse e Homem-Aranha, e também algo mais cotidiano. Neste período eleitoral, vai ter até Bolinho Candidato: 'Vote Bolinho'.
Bolinho ou Batman? Obra de Raquel Bolinho brinca com herói dos quadrinhos e cinema — Foto: Maria Raquel Bolinho/Arquivo Pessoal
Os Bolinhos, que ficaram assim conhecidos, já deram cor a mais de 600 espaços, como muros esquecidos, construções abandonadas e viadutos. Atualmente, são 200 “vivos”, isto é, que não foram apagados pela ação do tempo ou alguma intervenção.
Bolinho Chaplin já estampou muro em Belo Horizonte pintado pela grafiteira Maria Raquel Bolinho — Foto: Maria Raquel Bolinho/Arquivo Pessoal
Raquel trabalha em uma de suas obras — Foto: Arquivo Pessoal
“Gosto de um trabalho que seja simples para se comunicar com o outro. Atingir de uma criança a um velhinho. Comunicar com quem tem estudo, com quem mora na rua, com qualquer pessoa”, disse Maria Raquel Bolinho, que encorpou o personagem ao nome.
Os primeiros traços vieram antes da formação. Com a graduação em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), ela conta que o trabalho foi assumindo mais identidade. Ela também é formada em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Comecei a pintar em 2009. Nesta época, não tinha base em desenho e tive que pensar algo que fosse bem simples e que eu conseguisse reproduzir com rapidez na rua. Fui pensando em coisas que eu gostava e, como eu sou muito louca com doce, com coisa de confeitaria, é muito óbvio que fosse sair algo nesta linha”, conta sobre como tudo começou.
Apelidado de Dalinho, grafite faz homenagem ao pintor Salvador Dalí — Foto: Maria Raquel Bolinho/Arquivo pessoal
Bolinho na versão unicórnio — Foto: Maria Raquel Bolinho/Arquivo Pessoal
O primeiro grafite em local público foi em um muro de imóvel abandonado, perto do Viaduto São Francisco, na Região da Pampulha. Com a chuva, o muro se desfez.
O último Bolinho em Belo Horizonte, que "acabou de sair do forno" é um Minions, que pode ser visto no bairro Liberdade, na mesma região. Um dos preferidos dela está na Lagoinha, na Região Noroeste. “Gosto muito de pintar lá porque é uma região muito degradada e abandonada, que as pessoas têm medo de passar”, disse.
Com o passar do tempo, o Bolinho foi mudando de aparência, temática e foi “se encontrando”, segundo a artista. Mas sempre com um tom divertido.
“O bolinho é sempre bem-humorado, mesmo se tiver tratando de um assunto mais polêmico. A vida no geral de todo mundo é muito difícil. Eu não gostaria de deixar na rua alguma coisa que lembrasse as pessoas dos problemas delas, que fizesse aborrecer. A ideia é deixar algo que faça a pessoas distrair, que gostando ou não, que a deixe curiosa”, contou.
'Seguimos pulando de amor!', descreve Maria Raquel Bolinho em foto postada — Foto: Maria Raquel Bolinho/Arquivo Pessoal
Neste mês, Maria Raquel Bolinho passou uma temporada em São Paulo capital, onde participa de um projeto de grafite com mulheres. Na cidade, há entre 15 e 20 bolinhos, segundo a grafiteira.
Aos poucos, ela vai colorindo outros cenários e diz que sempre que viaja e encontra espaço à espera de cor na rua, procura fazer um bolinho crescer no local. Foi assim, na Recoleta, na Argentina, onde estampou um Bolinho cantando.
Bolinho Cantor deixa a marca da grafiteira Maria Raquel Bolinho na Argentina — Foto: Maria Raquel Bolinho/Arquivo Pessoal
Casarão destruído na Lagoinha ganhou declaração de amor a BH — Foto: Maria Raquel Bolinho/Arquivo Pessoal
Fachada destruída ganha bolinho em forma de Homem Aranha — Foto: Maria Raquel Bolinho/Arquivo Pessoal
Bolinho em forma de minion: tanta fofura que carrega até ursinho — Foto: Maria Raquel Bolinho/Arquivo Pessoal