Por Vanessa Pires, G1 Triângulo e Alto Paranaíba


Vista área Bairro Martins em Uberlândia na década de 40 — Foto: Arquivo Público de Uberlândia/Divulgação

Terra de Pedro, Maravilha, Theópolis e Vista Alegre. Muitos foram os nomes sugeridos para a então São Pedro de Uberabinha até ser batizada de Uberlândia.

A cidade, que nesta segunda-feira (31) completa 132 anos, tem muita história por trás do nome que hoje é conhecido pelos quatro cantos do país.

O G1 conversou com a historiadora Jane de Fátima Silva Rodrigues que resgatou a memória dos momentos decisivos antes da Lei Estadual 1126, de 19 de outubro de 1929, que referendava o nome de Uberlândia (uber = fértil, land = terra, ou seja, terra fértil), sugerida por João de Deus Faria.

De arraial à cidade

Segundo consta na história, a região do Triângulo Mineiro, na época chamada de Sertão da Farinha Podre, é conhecida desde o século 17. “O primeiro registro de Bartolomeu Bueno da Silva, conhecido como Anhanguera, neste território é de 1682. O objetivo dele era sair de São Paulo e cortar nossa região para chegar até Mato Grosso e Goiás em busca de ouro e prata”, disse a historiadora.

Foi quando deram surgiram arraiais como Desemboque, Uberaba e Sacramento. Uberlândia nasce como um pequeno vilarejo por volta de 1840, quando se estabelecem algumas fazendas na região.

“Por volta de 1818, João Pereira da Rocha construiu a fazenda São Francisco e é considerado o primeiro entrante na região. Anos depois, outras famílias foram se instalando, como Alves Rabelo, Carneiro das Neves, Alves Resende e Felisberto Alves Carrejo”.

Avenida José Fonseca e Silva no Bairro Luizote de Freitas, em Uberlândia, na década de 1990 — Foto: Arquivo Público de Uberlândia/Divulgação

Data do aniversário

Em 1852, a região se tornou um arraial que recebeu o nome de Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha.

“Mas foi 36 anos depois, em 31 de agosto de 1888, que o arraial se desmembra de Uberaba e Monte Alegre de Minas e é elevado a município, que foi chamado São Pedro de Uberabinha, por meio de um projeto de lei”, contou Jane de Fátima.

Em busca nome

A historiadora relembra que uma data marcante foi por volta de 1907, quando a região começou a se tornar referência devido à localização geográfica. Foi quando iniciaram as discussões sobre um novo nome para a cidade.

Ela explica que, com a instalação da Estrada de Ferro Mogiana e da Ponte Afonso Pena, que liga Minas Gerais a Goiás (GO), a então São Pedro de Uberabinha se tornou centro de escoamento de produção de GO e Mato Grosso, que eram enviados para São Paulo e Rio de Janeiro.

“A primeira cogitação sobre mudar o nome foi sugerida por João de Deus Faria, que era um caixeiro viajante que sempre visitava a região. Acreditamos que seja pela questão do diminutivo Uberabinha e também arremetia à Uberaba, o que parecia que a cidade ainda não havia se desmembrado”, falou a historiadora.

Anos seguintes, dois jornais locais chamados “Jornal Progresso” e “Jornal Nova Era” começaram a publicar e divulgar diversas sugestões de nomes. “Eram opiniões de diferentes pessoas, como moradores, comerciantes, executivos e pessoas que vinham até a cidade para relações comerciais”.

Praça Tubal Vilela, na região Central de Uberlândia — Foto: Coleção João Quituba

Diferentes sugestões

Jane explica que, entre as dezenas de sugestões, em 1907, o médico Pedro Correa Netto indicou o nome de Heliópolis, a “cidade da luz”. A proposta do Sr. K, assim assinado no jornal “O Brazil”, em 18 de novembro de 1915, era trocar o nome indígena por um equivalente em português, ou seja, Rio Brilhante.

Teve também sugestão para que fosse Minas Altiva, Petrolândia, ou seja, Terra de Pedro, já que o padroeiro de Uberabinha era São Pedro. Theópolis, cidade de Deus, Geceaba (terra entre dois rios), Icatú (água boa), América (em homenagem ao navegador Américo Vespúcio), Novo Horizonte, Tingahy (águas claras), Vista Alegre, Paraíso, Fidelidade, Caitubirim (uma combinação de palavras tupis, que significava quedas d’água).

Maravilha

Por fim, antes da decisão final por Uberlândia, que foi nome sugerido por João de Deus Faria, o então coronel José Teófilo Carneiro, nascido na cidade e investidor, queria que fosse Maravilha.

“Em 1929, ele foi até a capital mineira e levou o nome para apreciação do então presidente do Estado, Antônio Carlos de Andrada. Mas o governador conseguiu o convencer de que o nome não seria adequado. Então, voltou para a cidade natal com o registro Uberlândia”, contou.

Apelidos carinhosos

A historiadora também informou que, por anos, as pessoas que passavam pela cidade para negócios chamavam Uberlândia por codinomes. “Era uma cidade muito querida, as pessoas gostavam e usavam apelidos carinhosos ao se referir ao município”.

Entre eles Éden em Miniatura, Noiva do Sol e das Flores, Princesa do Triângulo, Sucursal de Havana, Morada da Alegria, Cidade Jardim, Athenas Mineira, Metrópole do Triângulo, Terra Moça, Terra dos Sonhos Dourados, Estrella Candente do Sertão Central e Moscou Mirim.

Aos 132 anos, cidade é a segunda maior de Minas Gerais — Foto: Vanessa Carlos/G1

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