Música

Por G1 PB


Dominguinhos e Sivuca em 1990 — Foto: Edu Garcia/Estadão Conteúdo

Nesta terça-feira (26), o mestre da sanfona Sivuca completaria 90 anos. Também compositor e arranjador, Severino Dias de Oliveira nasceu na cidade de Itabaiana, em 1930. Lembrando a data, alguns músicos e amigos homenagearam o mestre da Paraíba, que passeou com sua sanfona pela bossa-nova, jazz, forró, choro, baião, maracatu, frevo. Assista aos vídeos abaixo.

Sivuca fez sucesso pelo país com seus arranjos que disseminaram a cultura nordestina pelo mundo. Ao lado de sua esposa e também cantora, Glória Gadelha, compôs um de seus maiores sucessos, “Feira de Mangaio”, eternizada na voz de Clara Nunes. Sivuca morreu, aos 76 anos, em 2006, vítima de um câncer de laringe, o qual se tratava desde 2004.

90 anos de Sivuca; artistas gravaram vídeos falando da importância da obra do mestre

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Quem começa as homenagens é o escritor e poeta Zé Bezerra Filho, grande amigo de Sivuca. Ele lançou músicas e publicou um livro em homenagem ao mestre. "Conheci Sivuca, quando eu, muito criança, fui a um comício de Getúlio Vargas, na sua segunda campanha, evidentemente, em 1949, 1950, e Sivuca estava tocando 'Vassourinhas' no Cassino da Lagoa, e a multidão estava freneticamente dançando ao som do frevo que ele tocava de uma maneira completamente inusitada para os padrões da época", revela.

Zé Bezerra ainda conta que Sivuca já manifestava ser o gênio que viria a ser. "Já era um gênio", confessa. "Aprendi muito com ele, e ele me aceitava, inclusive, macaquear no violão, e eu tinha muita coragem de pegar um violão pra tocar ao lado de Sivuca", relata.

A amizade com Zé Bezerra se alongou ao filho Rucker Bezerra, violinista e solista internacional, e que também nutriu amizade com o mestre. "Eu me sinto feliz, honrado, de ter tido como amigo uma das maiores figuras que a música brasileira, a música internacional conheceu. Obrigada, Sivuca, por ter existido", declara Zé Bezerra.

Hermeto Pascoal e Sivuca — Foto: Divulgação

O filho de Zé, Rucker Bezerra, lembra não só da amizade, mas dos momentos que compartilhou com Sivuca, inclusive, em cima do palco. "Uma alegria muito grande falar aqui do aniversário do maestro e relembrar a importância. Sivuca foi um dos maiores artistas que o mundo conheceu, um músico completo, uma pessoa respeitada nos quatro cantos do mundo e eu tive a sorte e um privilégio muito grande de dividir com ele várias vezes o palco", lembra Rucker.

Uma das principais lembranças do violinista data do mês de dezembro de 2006, segundo ele, a última vez em que Sivuca subiu em um palco. Foi no Teatro Paulo Pontes e Rucker teve a oportunidade de estar ao lado dele.

"Sivuca hoje é uma lenda. A história de um cara que saiu do interior da Paraíba e ganhou o mundo. Salve, Sivuca, nesses 90 anos. E queria deixar um beijão, onde quer que ele esteja, a gente vai se encontrar em breve e ele vai dizer: 'maestro', e eu vou responder: 'que é isso, Sivuca, não me chame de maestro não, maestro é você'", relembra.

Arthur Pessoa, vocalista da banda Cabruêra, também tem em Sivuca uma grande inspiração. "Salve, salve, grande mestre Sivuca. Parabéns, 90 anos de vida. E eu digo que é de vida porque o ronco desse fole nunca parou e nunca vai parar, está eternizado na obra de Sivuca, nas músicas, nas letras", reflete.

O vocalista guarda um momento muito importante em que esteve ao lado de Sivuca, no Festival Brasil da Sanfona, onde teve a oportunidade de presenciar o mestre tocar uma obra de Sebastian Bach. "Na mão esquerda, nos baixos, ele era realmente incomparável", lembra.

Clara Nunes e Sivuca cantam juntos

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A produtora cultural Gal Cunha Lima teve a oportunidade de fazer a produção executiva de um DVD de Sivuca, a convite de Glória Gadelha. "Foi um presente, foi um privilégio esse convívio que tive com Sivuca. Uma pessoa extremamente da paz, que emanava luz o tempo inteiro e transbordava amor. O anjo de luz era Sivuca, um gênio, e de uma simplicidade incrível como todo gênio é", declarou.

"Ele influencia e influenciou a música paraibana e a música universal. É de uma importância enorme", ressaltou também a cantora Renata Arruda.

Sivuca completaria 90 anos nesta terça-feira, mas continua marcado na memória não só dos paraibanos, mas também dos nordestinos, de todos que compõem a música brasileira. Está vivo, principalmente, por meio de músicos que fizeram eternizar o ronco do fole da sanfona do mestre Sivuca.

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