Por Claudia Assencio, g1 Piracicaba e Região

Encontro, no início dos anos 2000, que despertou em Bel a ideia de organizar os cadernos de desenhos com ilustrações de cartunistas em Piracicaba — Foto: Acervo pessoal Bel Linares

Os desenhos aparentemente despretensiosos, feitos nos cadernos da escritora e psicóloga Bel Linares, eram para ser lembranças pessoais do encontros de amigos cartunistas em bares e restaurantes de Piracicaba (SP), sempre depois das cerimônias de abertura do Salão Internacional de Humor.

Vinte anos depois, eles se relevam um acervo de obras inéditas assinadas por referências do humor gráfico brasileiro e internacional, como Angeli, Jaguar, Laerte, Luís Fernando Veríssimo, Ciça Alves Pinto, Ziraldo, Irmãos Caruso, Lan, Baptistão e tantos outros. Um espécie de versão "off" do Salão porque ocorria fora do âmbito oficial do evento.

Parte da coletânea composta por mais de 300 desenhos, agora, poderá ser conferida pelo público na exposição "Arco, Traço e Tinta - Os cadernos de Bel", na sede do Pecege, em Piracicaba. A mostra gratuita reúne 120 ilustrações, além de fotos e memórias dos encontros de cartunistas. Leia mais, abaixo.

Eduardo Grosso, Ciça Alves Pinto, Alcy, Lu, Massoud, Boligan e esposa, Dálcio durante encontro de amigos cartunistas — Foto: Acervo pessoal/Bel Linares

Já são cerca de seis cadernos que reúnem as centenas de ilustrações. Bel, que é professora, escritora de livros infantis e psicóloga convive no ambiente da arte e do humor gráfico de modo orgânico. A artista é casada com o cartunista veterano Alcy Linares, que já desenhou a importantes veículos da imprensa brasileira, inclusive ao semanário "O Pasquim", referência para o Salão e onde a equipe de entusiastas do evento foi buscar apoio na década de 1970.

O g1 teve acesso aos originais, que podem ser conferidos nas fotos publicadas nesta reportagem.

“Era uma intenção natural, no início, de guardar como lembrança. Sempre acompanhei o Salão, desde a sua primeira edição, em 1974. Meu esposo Alcy é cartunista também e foi premiado no Salão. Em uma das edições, eu pedi para os artistas mais próximos desenharem no meu caderno. Em todos os anos seguintes passei a levar um caderno para quem quisesse colaborar”, se recorda Bel Linares.

Desenho de Luís Fernando Veríssimo para os cadernos da Bel Linares feito durante edição do Salão Internacional de Humor de Piracicaba — Foto: Acervo pessoal Bel Linares/Arquivo

Desenho de Jaguar feito durante vinda à cidade para edição do Salão Internacional de Humor de Piracicaba — Foto: Acervo Bel Linares/Arquivo pessoal

Jaguar, Alcy, Lúcia e Luís Fernando Veríssimo durante um dos encontros de cartunistas após edição do Salão Internacional de Humor — Foto: Acervo Bel Linares

Sob a curadoria do artista e ex-presidente do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, Camilo Riani, a coleção de desenhos virou uma exposição paralela que integra a programação oficial da 50ª edição do evento. Leia mais sobre a mostra, abaixo.

"Os cadernos mostram, antes de tudo, o relacionamento entre os artistas, como pessoas. Todos de igual para igual. Poderia estar um cartunista super importante com um iniciante na mesma mesa, trocando e conversando", observa Bel Linares.

"Tudo começou quando fui a uma exposição do Paulo Caruso no antigo Bar e Restaurante Tambatajá de Piracicaba, que não existe mais, por sinal. Todos os cartunistas que ali estavam se sentaram e começam a desenhar. Um grupo de pessoas se juntou em volta deles. A partir daquela cena, tive a ideia de ter um arquivo para guardar os desenhos. Aqueles, por exemplo, se perderam enquanto acervo”, relata a Bel Linares.

Desenho de Laerte para os cadernos de Bel Linhares durante vinda a Piracicaba para abertura do Salão Internacional de Humor — Foto: Acervo Bel Linares/Arquivo pessoal

No ano seguinte, em 2005, Bel já estava com seus cadernos a postos preparados para receber os desenhos durante os encontros pós abertura oficial do Salão. “No início, foi difícil para mim mesma. Ficava um pouco tímida de passar o caderno para quem não conhecia ainda", comenta.

Desenho da artista Ciça Alves Pinto, uma das idealizadoras do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, feito em um dos cadernos da artista Bel Linares — Foto: Acervo pessoal Bel Linares/Arquivo pessoal

Bel conta que, quando Camilo Riani propôs a realização da exposição, ela resolveu colocar o acervo em ordem cronológica. Segundo a artista, naquele momento, se deu conta da riqueza do material.

"Confirmei que se tratava de algo muito importante e que deveria ser compartilhado com todo mundo. É um acervo maravilho que conta a história do Salão por meio dos desenhos e encontros que foram fora do âmbito do Salão oficialmente, sabe? Às vezes, era nas recepções que se promovia após a abertura. É muito bonito porque até podemos ver a evolução dos desenhos de alguns dos cartunistas que desde a primeira participação do Salão e nas décadas seguintes", observa.

Cadernos da Bel Linares virou exposição e integra programação da edição do 50º Salão Internacional de Humor de Piracicaba — Foto: Pecege/Divulgação

Desenhos dos cadernos da Bel Linares se tornou exposição aberta ao público — Foto: Pecege/Divulgação

Alcy, Bel Linares e Camilo Riani durante abertura da exposição 'Arco, Traço e Tinta - Cadernos da Bel' no Pecege em Piracicaba — Foto: Pecege/Divulgação/Arquivo pessoal Bel Linares

Da roda de amigos para o público

A exposição "Arco, Traço e Tinta - Os cadernos de Bel" retrata os bastidores de três décadas do Salão Internacional de Humor de Piracicaba através do olhar dos próprios artistas.

A mostra integra a programação oficial e comemorativa aos 50 anos do evento e reúne obras inéditas de Jaguar, Angeli, Ziraldo, Irmãos Caruso, Lan, Laerte, Baptistão e de toda uma geração de cartunistas que o Salão ajudou a revelar e a consolidar dentro do cenário nacional e internacional do humor gráfico.

O público pode visitar a exposição a partir desta terça-feira (29), das 9h às 17h, no Pecege, instituição de ensino coorganizadora do evento.

Cadernos da Bel Linares reúne mais de 120 obras inéditas de nomes do humor gráfico nacional e internacional — Foto: Acervo pessoal Bel Linares

Desde a primeira edição do Salão, em 1974, os artistas se reuniam após o encerramento da programação para comer, beber, prosear... e desenhar. A tônica dos trabalhos abordava a relação afetiva dos cartunistas com as particularidades e curiosidades de Piracicaba.

A ideia da exposição desse material nasceu da curiosidade de Camilo Riani, professor, artista e ex-presidente do Salão.

“Comecei a pensar sobre a quantidade de desenhos que eu nunca vi, mas sabia que estavam registrados naqueles cadernos, pois eu também participava deles a cada ano. E resolvi investigar e mergulhar nos inúmeros cadernos guardados. A descoberta de verdadeiras joias foi uma das maiores emoções de minha vida como artista e produtor cultural”, conta.

Abertura da exposição Arco, Traço e Tinta no Pecege em Piracicaba — Foto: Pecege/Divulgação

Caminhada

Riani, que é o curador e idealizador da exposição "Arco, Traço e Tinta - Os cadernos da Bel" detalha que a ideia desta exposição veio numa caminhada no início da manhã.

"Quando pensei nas rodas de amigos cartunistas e dos infinitos guardanapos, folhas de caderno, página soltas, que rabiscávamos em tantos anos de amizade, amor, humor e arte, imediatamente lembrei-me dos cadernos que a Bel levava a cada noite de abertura do Salão Internacional de Humor de Piracicaba e me perguntei: quantas destas páginas eu já vi em minha vida?', relembra.

Fotos dos artistas desenhando nos encontros de bastidores do Salão de Humor de Piracicaba — Foto: Reprodução/Pecege/Divulgação

Cadernos de Bel Linares reúne desenhos de Angeli — Foto: Acervo pessoal Bel Linares

Camilo Riani ressalta ainda que nenhum cartunista, entre todos aqueles que rabiscaram esses cadernos, durante anos e anos, conheciam o conteúdo. "Um tesouro que precisava ser revelado para o mundo, desde os próprios cartunistas, até as pessoas que jamais fizeram ideia desses encontros de ‘desenho ao vivo’, tão espontâneos e afetivos", comenta.

Ricardo Shirota, presidente do Pecege complementa: "A tradicional mostra combina o humor e o desenho artístico que são duas das mais avançadas expressões de evolução humana e estão alinhados com o nosso desejo de contribuir para a transformação positiva da sociedade", conclui.

Desenho de Camilo Riani feito durante encontro informal de cartunistas em Piracicaba durante abertura do Salão — Foto: Acervo Bel Linares/Arquivo pessoal

Os desenhos dos 'Cadernos da Bel' viraram uma exposição paralela do 50º Salão Internacional de Humor de Piracicaba no Pecege — Foto: Pecege/Divulgação

Desenho de Baptistão nos cadernos de Bel Linares — Foto: Acervo pessoal Bel Linares/Reprodução

Caricaturista cubano Boligan integra júri de premiação do Salão Internacional de Humor de Piracicaba — Foto: Divulgação/Prefeitura de Piracicaba

Ao tornar-se internacional, o salão passaria a ser divulgado na imprensa de outros países e as notícias relacionadas a seus participantes também seriam de interesse de veículos estrangeiros, o que os organizadores, na época, acreditavam que de alguma forma poderia inibir os ditadores ou, ao menos, levar ao conhecimento do mundo as consequências de possíveis truculências”, explica Bitencourt.

Resistência e vitrine do mundo

Uma década após o golpe civil militar, que deu início à ditadura brasileira em 1964, nasceu o Salão Internacional de Humor de Piracicaba (SP), que alcança meio século de existência em 2023 com exposições ininterruptas.

Neste período, o evento recebeu obras de artistas do mundo de inteiro que retrataram guerras, conflitos civis e políticos, copas do mundo, temas socioambientais e transformações tecnológicas dos últimos 50 anos.

🖌 Por isso, o Salão é considerado "símbolo de resistência e vitrine do mundo" por pesquisadores e cartunistas.

'Refúgio de expressão'

Se no início, o Salão de Humor de Piracicaba se tornou internacional para proteger cartunistas brasileiros durante a ditadura militar. Com o passar do anos, essa função se estende a cartunistas de outros países que viviam ou vivem sob regimes ditatoriais.

O artista e cartunista cubano Angel Boligan, com mais de 130 prêmios internacionais por suas obras que, predominantemente, retratam questões politicas, guerras e conflitos sociais, confirma a importância de iniciativas pioneiras como a do Salão Internacional de Humor de Piracicaba e, outras organizações, mundo afora na intenção de dar refúgio a pessoas que vivem sob regimes de repressão.

"Há associações internacionais de caricaturistas, por exemplo, que dão apoio moral, e outras, com apoio real a cartunistas que precisaram deixar seus países ou estão sendo perseguidos. Somos convidados a falar em Fóruns, como o Internacional sobre Liberdade de Expressão. Isso nos deixa menos desprotegidos", comentou em entrevista ao g1.

Visitantes estrangeiros

No ano seguinte, vieram ao salão o autor espanhol Sergio Aragonés e o caricaturista uruguaio naturalizado argentino Hermenegildo Sábat”, conta.

A palavra “Internacional” aparece pela primeira vez no cartaz da quarta edição, realizada em 1977. O empenho dos organizadores para tornar o evento internacional, de acordo com o jornalista e pesquisador, era uma forma de garantir a divulgação e reforçar a segurança dos artistas.

“Naquele momento, o Brasil vivia um período sombrio, de ditadura militar, e havia o risco de autores de trabalhos críticos ao governo sofrerem sérias represálias, como acontecia. E, se isso de fato ocorresse, por conta da censura, isso não seria divulgado na mídia local", disse.

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Obra que venceu o 1º Salão de Humor de Piracicaba, de Laerte Coutinho — Foto: Reprodução

A mostra deste ano foi aberta ao público no dia 26 de agosto, quando também foram anunciados os vencedores de cada categoria: charge, cartum, caricatura, quadrinhos e escultura.

O g1 conversou com um dos idealizadores do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, Adolpho Queiroz, além de ex-diretores, funcionários, membros do júri, pesquisadores e artistas que passaram pelo exposição. Veja, em detalhes, abaixo.

Público visita a 2ª Edição do Salão de Humor de Piracicaba — Foto: Arquivo/CEDHU

🖼Era para ser uma mostra paralela...

Inicialmente pensado para ser uma mostra paralela que integraria o Salão de Arte Contemporânea da cidade, o Salão Internacional de Humor de Piracicaba se tornou uma das mostras mais longevas e relevantes do mundo para o segmento.

O Salão de Humor de Piracicaba passou a ser chamado de evento internacional, oficialmente, a partir da quarta edição da exposição.

... E se tornou 'Oscar do Humor Gráfico' 🏰

O atual diretor do Salão, Junior Kadeshi, chegou a Piracicaba em 2010 para trabalhar nos preparativos do evento, como programador cultural da prefeitura.

No último ano, Kadeshi se debruçou em fotos, vídeos, jornais e recortes no arquivos do Centro Nacional de Documentação, Pesquisa e Divulgação do Humor Gráfico de Piracicaba (Cedhu) para a edição comemorativa dos 50 anos da mostra.

"Consegui ver a beleza do que se passou, desde o início de tudo, com aquele grupo de entusiastas que pensavam em colocar no Salão de Arte Contemporânea uma sala que seria dedicada ao humor gráfico. E essa sala se tornou o Salão Internacional de Humor de Piracicaba, um evento que projeta Piracicaba para o mundo inteiro, uma referência internacional. É o óscar do humor gráfico mundial. Imagino que eles nem sabiam que o Salão chegaria ao que é hoje", contou.

Organismo vivo

Kadeshi agradece pela oportunidade de ser o diretor da edição de 50 anos do Salão. Evento que, para ele, ganhou vida própria.

"O Salão de Humor é um organismo vivo, é como se fosse uma pessoa, uma entidade - por assim dizer - porque ele é um lugar em que as pessoas esperam falar com liberdade para expressar sua arte, sua beleza, sua voz e dar aquele grito entalado, como no caso de países que vivem sob repressão e ditadura", lembrou.

Artistas e apoiadores em Piracicaba em uma das primeiras edições do salão — Foto: Christiano Diehl

👶Salão nasceu para 'desafiar consensos'

Um dos fundadores do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, Adolpho Queiroz, destaca que a exposição já nasceu em contexto desafiador.

"O Salão de Humor nasceu para desafiar os consensos que existiam na época. O Brasil vivia a ditadura militar e que nós jovens tínhamos a preferência por outras práticas democráticas e desejávamos isso para o nosso país", disse Queiroz.

A primeira edição do Salão de Humor de Piracicaba, em 1974, que teve como vencedora a charge feita por Laerte, ocorreu em um prédio da Praça José Bonifácio. O secretário de Turismo, Pasta responsável pelo evento na época, era Luiz Antonio Fagundes.

"Desafiamos o governo central, o governo do estado e obtivemos um apoio importante do governo municipal, na época o MDB, do prefeito Adilson Maluf , que nos abriu as portas e nos viramos como pudemos para realizar a primeira mostra", comentou.

Panorama do pós-festa no primeiro Salão de Humor de Piracicaba: Fortuna, Faganello, Fausto Longo, Ziraldo, Fagundes, Alceu, Zélio, Cêra, Colonese e Adolpho — Foto: Roberto Antonio Cêra/Reprodução Livro Piracicaba: 30 anos de Humor

Alceu Marozi Righetto, Roberto Antonio Cêra, Fausto Longo, Carlos Colonnese e Adolpho Queiroz foram os responsáveis por espécies de expedições em buscas de apoio e articulações para a viabilização do Salão, inclusive por meio de visitas à redação do Pasquim, no Rio de Janeiro, jornal que combatia, mais fortemente, a ditadura militar na época.

"Tivemos um papel preponderante na articulação com o governo municipal para encontrar um local de realização da mostra e montar a primeira exposição. Foi uma surpresa para nós termos o apoio dos jornalistas do Pasquim. Trouxemos a maioria deles para participarem do primeiro Salão", lembrou.

Primeiro cartaz do Salão de Humor de Piracicaba — Foto: Reprodução

Jornais da capital paulista deram apoio à divulgação do evento, como recordou Adolpho Queiroz, que também escreveu diversos livros sobre a exposição e se considera "guardião da memória e trajetória" do Salão. "Esse é um dos meus maiores orgulhos e satisfação", concluiu.

'Consequência da Ditadura', diz pesquisador

O escritor e jornalista Cecílio Elias Netto dirigia o jornal "O Diário" na década de 70 e viu de perto a efervescência do cenário artístico cultural piracicabano, bem como, segundo ele, testemunhou a criação do Salão de Humor de Piracicaba.

Para Cecílio, o Salão não nasce como resistência à ditadura, mas como consequência dela.

"Alegro-me de ser testemunha privilegiada da criação do Salão de Humor de Piracicaba. Os seus criadores foram o artista plástico Ermelindo Nardim, recentemente falecido, e o intelectual piracicabano Roberto Antonio Cêra. Isso aconteceu como uma consequência", disse.

O Diário, naquela época, de acordo com o escritor, sempre foi um jornal de oposição. "Não digo que o Salão de Humor surgiu como uma resistência à ditadura, ele surgiu como uma consequência da ditadura. Foi um complexo de acontecimentos e de fatos novos que estavam judiando de uma juventude toda", comentou.

Laerte, Caruso, Ziraldo e Erasmo Spadotto durante 45ª Edição do Salão Internacional de Humor de Piracicaba — Foto: Christiano Dihel/Reprodução

Ao g1, o jornalista e pesquisador piracicabano contou que, na década de 70, "O Diário" tinha uma página chamada Recados, que era inspirada no Pasquim.

"Ermelindo Nardim, um grande artista piracicabano, fazia oposição ao classicismo na arte. Piracicaba tinha o Salão de Belas Artes, famosíssimo no Brasil inteiro à época. Nardim, um moço muito rico e inteligente, foi professor da Unicamp muito respeitado. Artista consagrado, criou o Salão de Arte Contemporânea em Piracicaba, como oposição ao Salão de Belas Artes, que causou conflitos, contradições, controvérsias na cidade. Era realmente um conflito de gerações", recordou.

Charge: o DNA do Salão

O cartunista piracicabano, Erasmo Spadotto, que também foi diretor do Salão Internacional de Humor de Piracicaba por cerca de quatro edições, entre 2016 e 2020, pontua que:

"O DNA do Salão é a charge. Quando se faz um trabalho opinativo, como na charge, e se coloca uma reflexão, ele determina aquele momento. A charge foi no Salão, por diversos momentos, a oportunidade de expor de externar a opinião, uma vez que os jornais impressos da década de 60, 70 até 84 não podiam publicar suas charges devido ao sistema ditatorial que proibia e prendia", observou.

O cartunista ressalta que, embora tenham havido outros temas, o Golpe de 1964 e a ditadura militar foram temas centrais da mostra.

"Vivemos isso por 20 anos. O chargista se manifestava e se escondia quando mandava um trabalho para o jornal, assim como outros artistas, cantores, e jornalistas. O espaço era censurado e monitorado, policiado e castigado. Isso era fato", comentou.

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