Mecânico de 78 anos produz vassouras sustentáveis com máquinas adaptadas de peças de caminhões em Araraquara. — Foto: Geovana Alves/G1
Um mecânico de Araraquara (SP) encontrou no fim do próprio negócio um recomeço. Aos 70 anos, ele adaptou as peças de caminhão da antiga oficina em máquinas para a fabricação de vassouras feitas de garrafas PET.
Foram necessários diversos testes até Wilson Pinotti desenvolver a técnica manual que resulta em um produto dez vezes mais duradouro do que os vendidos tradicionalmente, uma vez que os fios cortados da garrafa são enrolados e aquecidos, enquanto em outras vassouras sustentáveis não são realizadas essas duas etapas.
Mecânico de Araraquara transforma garrafas pet em vassouras
Peças de caminhão
A elaboração das duas máquinas que auxiliam na produção das vassouras de garrafa PET demorou cerca de um ano. O tempo incluiu modificações que tornaram o maquinário mais produtivo e eficiente.
O mecânico usou pistões e válvulas pneumáticas na máquina que retira os fios das garrafas, enquanto na outra, que torce e corta os fios, são adaptadas peças de bomba injetora, válvulas de embreagem e de freio a ar. Bem como válvula do cabeçote e outros itens.
Mecânico de Araraquara desenvolveu máquina que torce e corta os fios retirados das garrafas PET com peças de bomba injetora, válvulas de embreagem e de freio a ar — Foto: Geovana Alves/G1
Reuso do plástico
A intenção inicial era diminuir a quantidade de plástico das estradas e rios ao transformá-lo em itens úteis. Com o tempo, Pinotti percebeu que os conhecimentos passados pelo pai, que fazia vassouras de palha, e o adquirido em quase seis décadas de profissão poderiam ajudá-lo na missão.
Agora com 78 anos, ele mantém esse projeto, com o auxílio do filho André Luis Pinotti, de 50 anos, ao utilizar 7,2 mil garrafas, cerca de 220 quilos e 64,8 mil metros de fios, para fazer 360 vassouras grandes ao mês.
Empresário de Araraquara adaptou peças de caminhões em máquina para fabricar vassouras
“A diferença é muito grande em relação às vassouras comuns, porque nelas a porcentagem de PET é muito baixa, são usadas várias coisas para dar liga, como garrafa de leite e sacos plásticos”, explica o filho.
Produção manual
Eles compram a matéria-prima em depósitos de reciclagem, retiram o rótulo, lavam, secam, colocam a embalagem na máquina de cortar os fios, os quais seguem para os carreteis da outra máquina que enrola, aquece e corta o material. Os fios torcidos são injetados em uma extremidade da cepa e o cabo de madeira em outra, já o sobressalente é levado para a reciclagem.
O processo é manual e dividido em etapas, já que o maquinário exige um volume de material. O carretel, por exemplo, precisa de 100 garrafas para funcionar. Em consequência disso, são feitas apenas oito dúzias de vassouras sustentáveis por dia, metade da quantidade produzida do tipo comum.
Pai e filho de Araraquara produzem vassouras de garrafa PET há sete anos. — Foto: Geovana Alves/G1
O mecânico de 78 anos contou ao G1 que pretende aumentar a fábrica e contribuir mais com o meio ambiente até quando puder. Ele também divulga o trabalho nas redes sociais.
“Eu via aquele mundaréu de garrafa no rio e ficava louco, então decidi dar um fim para elas. Vou tocar a empresa até onde der, porque os netos fazem faculdade em outras áreas e vai ser difícil encontrar alguém para fazer vassoura, mas ainda dá para fazer muitas”, disse Pinotti.
A diferença entre elas estende-se ao valor e utilidade, enquanto uma custa R$9 e serve para pisos rústicos, a outra vendida a R$6, é adequada para pisos lisos. O produto voltado principalmente para o setor industrial atende outros estados, como Goiânia e Minas Gerais.
Mecânico de 78 anos tem auxílio do filho para produzir vassouras sustentáveis com máquinas adaptadas de peças de caminhão em Araraquara. — Foto: Geovana Alves/G1
Sob supervisão de Fabio Rodrigues, do G1 São Carlos e Araraquara.