Por Objetivo Sorocaba


Luis Fernando Verissimo é um escritor brasileiro — Foto: Divulgação

Não é exagero afirmar que o Brasil é o campeão mundial da boa crônica. Já é um consolo para o caso de perdermos a Copa.

Com tantos cronistas craques, fica difícil dizer quem é o melhor. Na literatura curta que é a crônica, não temos um Pelé, alguém acima de qualquer suspeita. Mas temos vários Maradonas, Zicos, Messis, Cristianos Ronaldos, Beckenbauers. Podemos montar vários times imbatíveis. Rubem Braga, Machado de Assis, Elsie Lessa, Tati Bernardi, Ivan Lessa, Paulo Mendes Campos e companhia limitada enchem os nossos olhos com jogadas que só parecem simples, mas que demandam áridos treinos.

De todos esses casos notáveis, Luiz Fernando Verissimo é o mais impressionante. Sua gloriosa carreira atravessa várias décadas. O Verissimo do início de carreira já batia um bolão. Nada da velha história de ser apenas um sujeito com bom potencial, mas que precisa comer muito feijão para ser alguém na vida. E nada da velha história de jogador decadente, que joga apenas com o nome. As crônicas mais recentes de Luis Fernando Verissimo são de uma garra de garoto que quer comer a bola.

Manter o nível não é fácil. São muitos os obstáculos. Quanta coisa não pode ocorrer com o escritor ao longo de décadas? Quantas alegrias, quantas tristezas? Ninguém chega aos 82 anos sem arranhões. O Verissimo dos anos 70 não é o mesmo Verissimo de 2018. E é bom que seja assim. O jogador experiente não precisa fazer as estripulias de um novato. O drible desnecessário é deixado de lado. Não se corre desesperadamente. O negócio é tocar de primeira, em linha reta, abrindo mão do gol espetacular em prol da assistência minimalista.

É o que acontece com os textos de Luiz Fernando Verissimo. Os enredos mais rocambolescos deram lugar a situações mais secas. Situações delirantes foram substituídas por enredos mais realistas. As frases, que já eram breves, ficaram espartanas, carregando consigo apenas o essencial. A visão de mundo crítica foi ficando amarga, sombria. Textos de alguém que aprendeu a encontrar o coração das coisas. Sabedoria é rigor. Tínhamos um craque décadas atrás. Agora, temos um gênio.

E a torcida delira.

Texto: Nelson Fonseca Neto, professor do Objetivo Sorocaba.

Objetivo Sorocaba
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