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Por Rodrigo Coutinho — Rio de Janeiro/RJ

Luiz Erbes/Caxias

Se algum jogador do Bahia não levava tão a sério a frase cunhada por Muricy Ramalho quando era treinador do São Paulo, a noite de terça-feira serviu para confirmar a veracidade dela. ''A bola pune''! E chegou muito perto de fazer isso com o milionário Tricolor diante do Caxias. A equipe tinha o jogo nas mãos, mas foi displicente nas oportunidades que teve para resolver o duelo nos 90 minutos.

A reta final do jogo e o drama das penalidades, com direito a oito cobranças para cada time, acabam deixando em segundo plano a boa atuação do Esquadrão durante pelo menos 70 minutos. No período citado, a equipe de Rogério Ceni mostrou um futebol envolvente e de superioridade numérica constante no meio-campo.

Escalações

Argel Fuchs manteve a base da equipe que vem escalando no Campeonato Gaúcho. Já Rogério Ceni repetiu o time que bateu o Ceará na semana passada, pela Copa do Nordeste. Rezende foi o lateral-esquerdo. Everaldo ganhou oportunidade no ataque. Luciano Juba e Ademir deixaram a equipe.

Como Caxias e Bahia iniciaram o duelo válido pela 2ª fase da Copa do Brasil 2024 — Foto: Rodrigo Coutinho

O jogo

Para um time que se propõe a jogar no contra-ataque, marcar um gol basicamente casual em uma bola parada aérea logo aos quatro minutos de uma partida é o cenário perfeito. O Caxias viveu essa realidade no início do confronto com o Bahia na noite desta terça-feira. Tentou se defender em bloco baixo para impedir a criação do talentoso adversário, mas cometeu erros ao executar essa proposta.

Mesmo com o trio central formado por Barba, Elyerser e Emerson Martins, se via em inferioridade no setor com a quantidade de jogadores que o Bahia acumulava por dentro. Caio Alexandre, Jean Lucas, Everton Ribeiro e Cauly, integrantes do losango de meio-campo do Esquadrão, se aproximavam. Trocavam passes e conseguiam manter a bola com tranquilidade na intermediária ofensiva.

Por vezes Jean abria para dar amplitude ao time pela esquerda, função que revezou com Thaciano, mas o camisa 16 centralizava, se projetando em cima da última linha de defesa do Caxias, o que aumentava as opções de passe nas costas do meio-campo grená.

Barba era constantemente atraído para fora da sua zona de proteção, e os zagueiros do Bahia, livres para passar a bola, encontravam o passe. Cuesta achou Cauly assim no empate do Bahia, e Kanu fez o mesmo com Everton Ribeiro na virada construída com paciência e maturidade. O Caxias terminou a 1ª etapa sem finalizar. Havia marcado em um azar de Caio Alexandre, que mandou contra a própria meta.

Cauly, Everton Ribeiro, Bahia, Caxias, Copa do Brasil — Foto: Tiago Caldas / EC Bahia

O Caxias buscava apenas ligações diretas ao entrar em fase ofensiva. Quase todas elas destinadas ao setor de Rezende, que ganhou as bolas aéreas e impediu problemas. A equipe da casa também não conseguia contra-atacar. Não desarmava. Apenas três bolas roubadas em 48 minutos de 1º tempo. O Bahia, mesmo com 64% de posse, desarmou cinco vezes antes do intervalo.

Os anfitriões tiveram que mudar a postura no 2º tempo. Sair um pouco mais de trás, marcar à frente do que vinham fazendo. Tentaram reter a bola, atacar menos em ligações diretas. Se o Bahia precisou redobrar o trabalho defensivo, pôde explorar os espaços que surgiram em contragolpes e em subidas de marcação mal sucedidas do Caxias. Poderia ter ampliado antes dos 15 minutos inclusive.

Argel resolveu dar mais peso ofensivo ao time da casa. Sacou o volante Elyeser e botou o atacante Álvaro. Gabriel Silva foi para a ponta-direita e Tomás Bastos virou o meia-central. Geílson e Robinho foram a campo logo na sequência. O Bahia caiu de produção e o jogo ficou feio. Sem intensidade e com poucas jogadas efetivas nos dois lados.

Thaciano comemora gol 10.000 na história do Bahia — Foto: Tiago Caldas / EC Bahia

Mesmo criando pouco, os anfitriões mantiveram-se vivos na partida, muito em virtude do preciosismo do Tricolor para definir algumas jogadas. Dudu Mandai acabou virando o grande argumento ofensivo do Caxias na reta final do jogo. Escapou duas vezes com liberdade pelo setor, Everaldo e Everton Ribeiro não conseguiram ajudar Arias, e em uma delas Robinho marcou nas costas de Rezende.

Na decisão por pênaltis, foram necessáris oito batidas para cada equipe. Yago Felipe e Arias perderam para o Bahia. Denilson, Marcelo e Robinho desperdiçaram para o Caxias, que mesmo eliminado ganhou confiança para a semifinal do Campeonato Gaúcho contra o Grêmio.