Forte São Luís

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Forte São Luís

Forte São Luís

O Forte São Felipe (Forte São Luís) foi construído em 1552. Está localizado na Ilha de Santo Amaro, no Guarujá, do lado oposto onde está localizado o Forte São Thiago (Forte São João). É uma estrutura em pedra de alvenaria argamassada.

Planta de Luís Teixeira, 1574. Arredores de São Vicente. O desenho indica a “Fortaleza de S. Thiago” e a “Fortaleza de Sam Filipe”, na Barra da Bertioga. Este importante registro cartográfico é prova inquestionável que o Forte São Felipe existiu e estava instalado já na década de 1570, a ponto de ser mencionado neste documento, arquivado na Biblioteca da Ajuda, em Lisboa, Portugal.

Foi construído para cruzar tiros de canhão com o Forte São Thiago (Forte São João), com o objetivo de proteger a Vila de São Vicente.

A sua construção está diretamente ligada a história primitiva da fortificação que existia em Bertioga. Quando da chegada de Martim Afonso de Sousa, em 1531, ele teria ordenado que fosse erguida uma pequena fortificação ou uma torre de observação em Bertioga, logo abandonada. Posteriormente, em1547, Diogo de Braga, seus filhos e alguns nativos, cumprindo ordens de João Ramalho, construíram uma nova fortificação, a “paliçada”, com uma casa forte no centro. Essa estrutura foi destruída no mesmo ano, em um ataque dos Tamoios (Tupinambás), com diversos mortos. Esse ataque foi descrito por Hans Staden em seu livro “Duas Viagens ao Brasil”, publicado em 1557 e foi determinante para que os sobreviventes Diogo de Braga e sua família se refugiassem do outro lado do Canal de Bertioga, no Guarujá. Ali eles teriam dado início a construção de um forte, configurando-se em uma casa de madeira, com alguma artilharia modesta. Na Vila de São Vicente, Hans Staden fica sabendo que precisavam de um artilheiro na Barra de Bertioga. Chega ao local em 1552. Conta Hans Staden que o forte ainda não estava concluído, mas aceitou ficar por quatro meses no local servindo como artilheiro. Foi contratado pelos próprios moradores.

É nesse período que as autoridades da época decidem intervir no local, para proteger a Vila de São Vicente.

Segundo Francisco Martins dos Santos e Fernando Martins Lichti, as obras de execução do Forte São Felipe tiveram início em 1552 e ocorreram por ordem de Brás Cubas, que foi nomeado por Dom João III, em 1551, para o cargo de Provedor e Contador das rendas e direitos da Capitania de São Vicente.

Em 1552, o Governador Geral do Brasil, Thomé de Souza, faz uma expedição para inspecionar toda a costa brasileira. É nesta oportunidade que são liberados recursos para a conclusão do Forte São Felipe e autorizada a contratação de Hans Staden por mais dois anos, tudo custeado pela Coroa Portuguesa.

Vista da muralha do Forte São Luís.

Acontece que Hans Staden nunca viu as obras das fortificações concluídas (de São Thiago e São Felipe), pois ele foi capturado pelos Tupinambás em 1554, retornando logo depois, em 1555, para a Alemanha.

Frei Gaspar da Madre de Deus e Francisco Adolfo de Varnhagen divergem da interpretação de que Brás Cubas foi o responsável por ordenar a construção do Forte São Felipe. Para esses autores, o forte foi construído a mando de Jorge Ferreira, Capitão-mor da Capitania de São Vicente de 1556 a 1558.

A conclusão das obras – 1557

As obras do Forte São Felipe (Forte São Luís) possivelmente foram concluídas em 1557. Já as obras do Forte São Thiago (Forte São João), relativas à estrutura ordenada pelo Rei de Portugal, foram concluídas em 1560.

Para Adler Homero Fonseca de Castro, em sua obra “Muralhas de Pedra, Canhões de Bronze e Homens de Ferro”, essa estrutura não era muito sólida e talvez tenha sido abandonada no mesmo ano durante a Confederação dos Tamoios. Era perigoso ficar ali e até mesmo Hans Staden foi capturado pelos Tupinambás quando caçava nas imediações.

Reforça a teoria de abandono da fortificação que, entre 1557 e 1562, esteve sob o comando de Paschoal Fernandes e sua família, o único que se aventurava a ficar ali, inclusive fixando residência com sua família.

Reconstrução – 1765

Em 1738 o Brigadeiro Silva Pais desenhou um forte no local. O seu projeto foi aprovado pela Coroa Portuguesa, mas jamais chegou a ser executado pela ausência de recursos, pois as Capitanias de São Vicente e Santo Amaro eram pobres.

No dia 3 de julho de 1765, o Governador Luis Antonio de Sousa Botelho Mourão (Morgado de Mateus) ordenou a reconstrução ou reparos no Forte São Felipe.

Adler Homero Fonseca de Castro explica que o governo não tinha forças e nem dinheiro para suprir todos esses gastos, razão pela qual recorreu a um método tradicional na época, escolhendo um homem rico para que com seus escravos e recursos realizasse as obras necessárias, recebendo em troca a patente de Capitão. E assim foi erguida uma estacada por Simão da Veiga que, entretanto, não ficava na mesma posição originária da fortificação primitiva, onde trabalhou Hans Staden, pois a antiga estrutura do Forte São Felipe passou a ser usada pela Armação das Baleias. Enquanto o forte antigo ficava em uma área mais para o interior do Canal de Bertioga, o novo forte erguido por Simão da Veiga ficava na entrada da Barra de Bertioga, mais próximo ao mar, onde estão situadas atualmente as ruínas dessa estrutura. Acontece que a estacada de Simão da Veiga era feita de madeira, uma paliçada simples, que logo foi arruinada pelo mar. O Governador Luis Antonio de Sousa Botelho Mourão determinou que o Capitão Fernando Leite Guimarães, que atuava como engenheiro na Capitania de São Vicente, fosse ao local e desenhasse a obra, que foi iniciada imediatamente com recursos da própria Capitania.

Segundo Visconde de Taunay a reconstrução nunca foi inteiramente concluída. Apenas ficou pronta a muralha de pedra, onde foram colocadas as baterias (canhões).

Planta da Coleção Morgado de Matheus – 1765/1775 – Biblioteca Nacional – Victor Hugo Mori – IPHAN – É possível que esse desenho esteja indicando o Forte São Felipe na época da estacada de Simão da Veiga, quando era uma estrutura de madeira, logo destruída pelo mar.

Planta do Forte São Felipe (São Luís), elaborada pelo engenheiro José Antonio Teixeira, em 1898.

Reconstituição hipotética do projeto do Forte São Luís da Bertioga – séc. XVIII. Vitor Hugo Mori. Fonte: Arquivo IPHAN/SP. 2000

As muralhas que restam são de 1765, medindo a muralha central quatro metros de altura e vinte metros de comprimento. Subsistem, também, restos de guaritas, muros e piso da plataforma, revestidos primitivamente de pedras aparelhadas e esquadriadas.

A arqueóloga Dorath Pinto Uchôa, conselheira do CONDEPHAAT, afirmou em parecer que a construção do Forte São Felipe (Forte São Luís) se deu sobre um sítio do tipo “sambaqui”, destruído, provavelmente, em função da obtenção da cal (através de suas conchas), para servir como argamassa na construção do forte.

A alteração do nome para Forte São Luís – 1765

Mesmo sem nunca ter sido concluído, recebeu o nome de Forte São Luís, em homenagem ao Governador Luis Antonio de Sousa Botelho Mourão, que havia ordenado a sua reconstrução.

Armação das Baleias de Bertioga – 1765/1825

De acordo com Adler Homero Fonseca de Castro, não se deve confundir o primitivo Forte São Felipe, onde trabalhou Hans Staden, e que passou a fazer parte do complexo onde estava instalada a Armação das Baleias de Bertioga com a nova fortificação erguida a mando do Governador Luis Antonio de Sousa Botelho Mourão. Consta dos registros que a estrutura original do Forte São Felipe foi utilizada como administração das instalações da indústria de baleias, possivelmente em alguma casa ali construída, já desmontada, leiloada junto com a Armação ou sem vestígios aparentes no local. E, nos anos iniciais da Armação, a fortificação também foi usada como local para depósito de equipamentos.

Em 1825 a Armação das Baleias de Bertioga encerrou suas atividades. Dessa época em diante a fortificação foi abandonada pois não existia mais o perigo de invasão de indígenas ou de europeus no litoral brasileiro. Sua localização, de difícil acesso, apenas de barco ou através de trilha pelo morro da Armação das Baleias contribuíram para o seu esquecimento.

Planta original de 1775. “Cartas topográficas do continente do Sul e parte meridional da América portuguesa”. Biblioteca Luso Brasileira. Destaque para o Forte São Felipe (São Luís) à esquerda da imagem.

Planta original de 1775. “Cartas topográficas do continente do Sul e parte meridional da América portuguesa”. Biblioteca Luso Brasileira. O Forte São Luís e a Armação das Baleias.

Reforço na artilharia - 1798

De acordo com Fernando Martins Lichti, em 11 de março de 1798, o Governador Antonio Manoel de Melo Castro e Mendonça concedeu o posto de Tenente-Coronel de Milícias, agregado ao Regimento de Santos, a Antônio Francisco da Costa, com a condição de montar no Forte São Luís seis peças de calibre 12. Teria sido a última providência tomada em relação a antiga fortificação, que logo caiu em abandono e esquecimento com o fim da Armação das Baleias.

Tombamento - 1965

Foi tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), em 31 de março de 1965, onde constou que “o tombamento, por extensão, abrange toda a área que pertence ao Forte, inclusive aquela onde se encontram os restos da antiga armação de pescas de baleias, também chamada Santo Antônio do Guaibê.”

Também foi tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), inscrito sob o nº 87, em 23 de setembro de 1974, no Livro do Tombo Histórico.

Forte São Luís – coberto pela vegetação

Forte São Luís – coberto pela vegetação

Forte São Luís – coberto pela vegetação

Muro de pedra do Forte São Luís

Forte São Luís – ruínas de uma das duas guaritas de pedra

Forte São Luís – ruínas da muralha

Forte São Luís – ruínas da muralha

Forte São Luís – ruínas de uma das duas guaritas de pedra

Forte São Luís – ruínas da muralha

Forte São Luís – ruínas da muralha

As paredes da muralha tomadas por raízes e troncos de árvores. Foto de Germano Graeser para o IPHAN em levantamento de 1959.

As ruínas de uma estrutura interna de pedras do Forte São Luís. Foto de Germano Graeser para o IPHAN em levantamento de 1959.

Uma das guaritas ainda resiste a ação do tempo. Foto de Germano Graeser para o IPHAN em levantamento de 1959.

Detalhe para a guarita e a parede de pedras. Pelo que tudo indica as eram pedras de cantaria, perfeitamente alinhas, sem a parede caiada, tão característica do Forte São João. Foto de Germano Graeser para o IPHAN em levantamento de 1959.

Ruínas de uma construção acima da muralha do Forte São Luís . Foto de Germano Graeser para o IPHAN em levantamento de 1959.

Vista da muralha do Forte São Luís, a partir do Canal de Bertioga. Foto de Germano Graeser para o IPHAN em levantamento de 1959. 

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