Os Heróis são Modestos

Iniciaremos os trabalhos com a primeira história de papai publicada pela Abril, em dezembro de 1971, desenhada pelo Renato Canini.

É interessante notar que é uma história de Natal. Eram as favoritas dele, que sempre considerou a história de Natal anual como sendo o ponto alto de todo ano, uma honra e um privilégio de se fazer.

A Rosinha aparece particularmente caprichosa, o que provoca uma reação um pouco egoísta no Zé, que depois se resolve de modo positivo para todos. O espírito malandro do personagem está bem caracterizado no seu comportamento inicial, talvez não muito louvável, e na capacidade de raciocínio rápido que caracteriza o desfecho da trama.

Dona Cacorica, Dona Rococó e Dona Carijó são galinhas, e pelo menos dois dos nomes têm algo a ver a ver com onomatopeias para “cacarejo”. Hoje em dia, elas talvez fossem caracterizadas como “peruas”. Nada é por acaso nas histórias de papai, e ao mostrá-las galinhas, ele faz uma crítica às madames da sociedade, espalhafatosas e barulhentas, sempre tentando chamar as atenções para si.

Esse padrão de criar relações ou similaridades entre os nomes dos personagens é algo que viria a se repetir bastante nos anos vindouros, especialmente com coadjuvantes ou vilões em grupos, e que se tornou, pelo menos para mim, um modo de identificar o “estilo Saidenberg”.

Meu Pai

Em dias de glória

Em dias de glória

Ivan Saidenberg (Piracicaba, 12 de novembro de 1940 — Santos, 30 de setembro de 2009) foi um quadrinista brasileiro.

Iniciou-se nos quadrinhos (banda desenhada) em 1960, juntamente com seu irmão, Luiz Saidenberg, fazendo HQs de terror e aventura para as editoras Outubro, La Selva, Taika e Penteado. Como Luiz fazia as ilustrações, Ivan especializou-se em roteiros e argumentos, embora fosse também desenhista.

Em 1970 entrou para os Estúdios Disney da Editora Abril, onde ficou até 1985, escrevendo ao longo de sua carreira cerca de mil roteiros para diversos personagens, entre eles, Zé Carioca, Pato Donald, Peninha, Mickey e Pateta, e trabalhando ao lado de artistas como Renato Canini e Waldyr Igayara. Para os Estúdios Disney, criou o Morcego Vermelho, Morcego Verde (Zé Carioca), Pena Kid, Pena das Selvas, Penado (O Espírito que Desanda) e os primos do Zé Carioca, entre outros.

Seus esboços (rough) ficaram conhecidos dentro dos Estúdios Disney pelo dinamismo e pela fluidez de movimento dos personagens, às vezes perdidos na passagem para o nanquim, que exigiam atenção redobrada dos profissionais da arte-final. Escreveu outras várias centenas de roteiros para estúdios brasileiros, tendo colaborado com a Turma do Pererê, de Ziraldo, a Turma do Lambe-Lambe, de Daniel Azulay, e a Turma da Fofura, de Ely Barbosa, juntamente com a esposa Thereza e a filha Lucila.

Criou também personagens próprios, como o piloto de corridas Va-Va-Vum (revista Crás) e Rei Napo, o Leão, sátira política ao governo de João Batista Figueiredo, publicada pelo jornal City News, de Campinas, onde morou de 1971 a 1988. Viveu ainda por dezesseis anos no Estado de Israel, onde ilustrou histórias infantis de autoria de sua esposa, Thereza.

Recentemente voltou ao Brasil e a colaborar com HQs da Editora Abril. Saidenberg faleceu em 30 de setembro de 2009, devido complicações do diabetes e insuficiência arterial.

(Fonte: Wikipedia)