A Volta Do Pássaro Vo-Du

História do Pato Donald e Sobrinhos, publicada em 1982, mas escrita em 1978.

Ao que parece, papai fez um bom número de variações sobre este tema da “estatueta que dá azar”, de 1973 a 1979. Tantas no final, que a última só foi publicada anos depois.

Esta história é a continuação de uma história estrangeira chamada “Hoo-doo Who?” (O Pássaro Vo-Du), publicada pela primeira vez no Brasil em 1973. Ao que parece, a lenda urbana da “estatueta maldita” comprada por acaso por algum desavisado numa loja de antiguidades, é conhecida em vários países. Por sorte (rs), tenho em minha coleção a revista com a história original, porque ela contém também uma história de papai (O Barão, o Porão e a Assombração – já comentada aqui).

A história basicamente se repete, com algumas variações. A loja onde o Gastão ganha a estatueta de presente é a mesma, e a magia nefasta do pássaro tem regras bem estabelecidas, que papai segue à risca: criada por um feiticeiro de nome vagamente islâmico (Abdula-Mula, de Simbad), dará azar ao seu dono até que outra pessoa a leve por sua própria vontade. Essa pessoa passará, então, a ter má sorte, e assim por diante. O pássaro de pedra, a julgar por sua cor cinza, parece mudar de expressão e abanar o rabinho, em certas situações. O leitor atento vai, ao longo da história, perceber isso.

vodu patinhas

Já que na história original ele some de repente, causando amnésia nos Patos, papai então cria uma nova “regra da magia” para ela: a amnésia é temporária, e só atinge a pessoa na qual a estátua “está interessada”. Além disso, quando ela reaparece, sempre traz azar em dobro.

Desse modo, o Gastão passa a primeira parte da história sendo repelido pelos outros, que se lembraram do objeto, enquanto o próprio não lembra de já tê-la visto. Depois papai insere na história o Tio Patinhas, que não a conhece, e parece ficar hipnotizado por ela. Tanto, que não dá ouvidos aos meninos e a leva com ele.

O azar que a coisa dá é tanto, que o Gastão chega com ela em casa só para levar uma surra de um gorila que fugiu do “Circo Orlando o Feio” (uma referência ao Circo Orlando Orfei), e que responde pelo nome “Ernesto”. Esse nome não é coincidência: é uma referência ao nome do General-Presidente de plantão em 1978, época em que papai escreveu a história em primeiro lugar, Ernesto Geisel.

vodu gorila ernesto

Já o azar que o Tio Patinhas tem é a invasão da Caixa Forte pela Maga Patalójika, que num primeiro momento consegue até se apoderar da Moedinha Número Um. É só quando ele a lança pela janela, numa tentativa desesperada de acertar a bruxa, que a estatueta desaparece antes mesmo de atingir o chão, levando seu azar com ela e permitindo a recuperação da Número Um, além de causar a esperada amnésia em todos.

vodu maga